JMPLA conseguirá reconquistar jovens insatisfeitos?
28 de novembro de 2024Justino Capapinha, o novo líder da organização juvenil do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), promete uma JMPLA mais "aberta e mais próxima" dos jovens.
"Queremos uma organização […] que seja capaz de fazer pontes com organizações juvenis da sociedade civil, incluindo até partidos políticos na oposição, sempre que estiverem em causa os interesses superiores da juventude", afirmou Capapinha após ter sido eleito, na semana passada, como primeiro secretário nacional da organização durante um congresso em Luanda.
O jovem jurista, de 29 anos, membro do Comité Central do MPLA desde 2021, derrotou o candidato Adilson Hach por 600 votos. Circularam rumores de que Hach estaria a tentar impugnar a eleição, mas isso não foi confirmado oficialmente até ao momento.
O analista político angolano Feliciano Lourenço refere, em declarações à DW, que a tarefa do novo líder da JMPLA não é fácil. Conquistar o apoio dos jovens desavindos com o Governo do MPLA por causa de políticas públicas que não lhes são favoráveis será o grande desafio de Justino Capapinha.
Problemas que preocupam os jovens
"As massas já despertaram, não porque alguém incentivou", constata Feliciano Lourenço. "É fruto de uma governação que não é aceite", argumenta o analista.
"Justino Capapinha terá o desafio de concentrar as massas. Isso é o mais difícil, porque sem as massas, ele não vai administrar."
O MPLA venceu as últimas eleições em Angola, em 2022, mas perdeu em Luanda, Cabinda e Zaire para o maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência de Angola (UNITA).
O desemprego, o acesso à formação e habitação são os principais problemas que preocupam os jovens angolanos. Muitos deles emigram para a Europa em busca de melhores oportunidades.
O presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira, considera que a JMPLA deve ser o movimento mais interventivo na defesa dos problemas da juventude, por ser o braço de apoio do partido que governa o país.
"Atualmente, há um grande grupo de jovens angolanos a abandonarem o país", recorda Francisco Teixeira. "Se formos ao aeroporto internacional, sempre que há voos para a Europa, principalmente para Portugal, vemos o número de angolanos que abandonam a Pátria."
"Então", aconselha Francisco Teixeira, "é necessário que esta nova liderança da JMPLA esteja atenta a isso."
Promessas
O novo líder da JMPLA promete uma organização juvenil mais dinâmica, que vai tentar mediar junto das instituições do Estado a resolução dos problemas que preocupam a juventude angolana.
Domingos Vieira, membro do comité provincial da JMPLA na Huíla, disse à DW que confia na liderança de Capapinha.
"Tivemos tempos difíceis como o da pandemia da COVID-19 e a crise [económica] que assola até hoje o nosso país. Mesmo com essas adversidades, conseguimos vencer as eleições de 2022", lembrou, otimista.