Parlamento moçambicano: Oposição ausente e Chapo pede paz
13 de janeiro de 2025Como prometido, os partidos da oposição Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e Movimento Democrático de Moçambique (MDM) faltaram à cerimónia de tomada de posse dos deputados eleitos em 9 de outubro.
"Estão presentes nesta sala 210 deputados eleitos, sendo 171 da bancada parlamentar da FRELIMO e 39 do partido Podemos, zero da RENAMO e zero do MDM", declarou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, na abertura da sessão de investidura dos deputados da X legislatura.
"O partido RENAMO entende que é preciso respeitar a vontade do povo. E a vontade do povo passa necessariamente por realização de eleições livres, justas e transparentes e não em eleições administrativas", justificou no domingo (12.01) o porta-voz da RENAMO, Marcial Macome.
O porta-voz da RENAMO disse ainda que o partido entende que é preciso respeitar a vontade do povo, que passa pela "realização de eleições livres, justas e transparentes e não por eleições administrativas."
Também o MDM decidiu, numa reunião extraordinária realizada no sábado (11.01), que os seus oito deputados eleitos não tomarão posse na X Legislatura da Assembleia da República, prevista para amanhã.
PODEMOS diz que "partidos são soberanos"
O presidente do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) afirmou esta segunda-feira, em Maputo, antes da tomada de posse dos novos deputados, que os resultados foram validados e, por isso, "conformou-se" com "a ordem constitucional".
"Os partidos são soberanos. Entendemos que devíamos tomar posse porque, de facto, é muito importante o que vamos fazer hoje", disse Albino Forquilha aos jornalistas a propósito da decisão da tomada de posse dos 43 deputados do PODEMOS.
Mais tarde, em declarações em exclusivo à DW, o líder do partido confirmou que vai participar na cerimónia de tomada de posse de Daniel Chapo, na quarta-feira (15.01). Ainda que possa ter havido "fraude eleitoral", concluiu, "nós temos de trabalhar, temos de ir para a frente, por isso decidimos continuar este processo."
"A luta começa com mais força com esta nova tomada de posse", sublinhou também Ivandro Massingue, porta-voz da bancada parlamentar do partido, em entrevista à DW no final da cerimónia. "Traição ao povo seria não tomar posse", acrescentou.
Chapo diz-se "aberto ao diálogo"
O Presidente eleito de Moçambique, Daniel Chapo, disse esta manhã, à chegada à Assembleia da República, que espera "uma excelente colaboração" com o novo Parlamento e também apelou para a necessidade de "manter a paz, a estabilidade social, económica, política" no país.
"Para além do partido FRELIMO temos também o PODEMOS, vamos ter a RENAMO, o MDM, todos estes partidos representam os anseios dos moçambicanos", acrescentou, destacando ainda que é "muito importante haver um debate aberto e franco" na Assembleia da República.
No final da cerimónia, em entrevista exclusiva à DW, Daniel Chapo apelou "à paz e à harmonia" entre os moçambicanos - "um povo pacífico" por natureza - e à "estabilidade do país".
Questionado sobre um possível diálogo com Venâncio Mondlane quando tomar posse, o Presidente eleito respondeu: "O diálogo que nós sempre prometemos já começou com os partidos políticos com assento parlamentar e vamos continuar com esta plataforma".
Chapo assegurou ainda que "o debate está completamente aberto" a todos os moçambicanos que queriam participar, "porque as reformas são necessárias".