Movimento Alternativo de Moçambique (MAMO), partido criado em 2016 por dissidentes, conquista cada vez mais apoiantes do MDM e das duas principais forças políticas de Moçambique, a FRELIMO e a RENAMO.
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Falta um ano e meio para as eleições autárquicas em Moçambique, mas os partidos políticos já começam a afinar as suas máquinas. Um deles é o recém-criado Movimento Alternativo de Moçambique (MAMO), que é constituído, em grande parte, por dissidentes do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
O novo partido, criado há pouco mais de um ano, tem cada vez mais simpatizantes na província de Nampula – não só ex-militantes do MDM, mas também antigos apoiantes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
Os membros do MAMO estão confiantes sobre as próximas autárquicas. "Vamos formar os nossos quadros ao nível das bases para que o partido se saia melhor preparado para a vitória", afirmou o secretário-geral do partido, Estevão de Fátima.
Uma quase pré-campanha
Em ritmo de pré-campanha, Estevão de Fátima visitou recentemente o populoso bairro de Namicopo, na cidade de Nampula, e foi recebido por centenas de pessoas.
"Precisamos de nos recensear [assim que o processo de recenseamento iniciar], para votarmos e desalojarmos no próximo ano aquela gente que nos rouba a nossa mercadoria. No próximo ano, eu virei para vos apresentar o vosso filho que será candidato, é um empresário e homem de sentimento", afirmou.
Para acabar com os conflitos armados que se registam sempre depois de eleições, o secretário-geral do MAMO propõe uma solução:
"Precisamos de rever a Constituição da República, porque, se não for revista, a insatisfação popular vai continuar, e a guerra surge por insatisfação popular. Portanto, há uma necessidade urgente de revermos a nossa Constituição, para que o vencedor na província de Nampula possa, ele próprio, governar - porque não faz sentido que a pessoa que ganhou numa província permaneça na oposição logo após a tomada de posse do Governo", defendeu.
29.05.17 Novo partido arrasta multidões em Nampula - MP3-Mono
MDM: membros estão "coesos"
O aumento da popularidade do MAMO não parece intimidar o MDM. Rachade Carvalho, membro sénior do MDM em Nampula, diz que há mais simpatizantes da FRELIMO a mudar de partido do que de outras formações políticas. Carvalho acredita que, nas próximas eleições, o MDM vai consolidar a governação nas cidades onde está no poder e conquistar outras.
"Eu não vejo nenhuma ameaça, porque neste momento o partido MDM, ao nível da cidade de Nampula, está muito mais forte do que nos anos anteriores", afirma Carvalho. Segundo ele, "os membros estão coesos e estão a trabalhar juntos".
O MAMO foi criado a 20 de fevereiro de 2016 e é mais popular nas províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e Zambézia.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Catueira
Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
Foto: Getty Images/AFP/J. Njikizana
O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
Foto: picture alliance/dpa/D. Kurokawa
Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
Foto: Till Muellenmeister/AFP/Getty Images
O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
Foto: Getty Images/AFP/G. Cogne
O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.