Em setembro de 2016, foram destacados para as ruas da capital angolana novos agentes de trânsito para combater a corrupção. Mas o problema persiste, com uma "nova tática", denuncia associação de taxistas.
Publicidade
Nove meses depois da chegada dos novos agentes da polícia de trânsito, o problema da corrupção nas ruas de Luanda não parece ter fim à vista: os agentes continuam a cobrar a chamada "gasosa" aos automobilistas. A denúncia é da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola. Esta é uma das classes mais visadas nesta prática.
"Agora, só mudaram de tática", diz Geraldo Wanga, presidente da associação.
Segundo o responsável, a nova estratégia é a seguinte: "O agente detém o cidadão, retém os documentos e fá-los chegar ao piquete. É no piquete que há a negociação, porque já estão entre quatro paredes."
Para se evitar esta "tática", a Direção Provincial de Inspeção do comando de Luanda proibiu que os agentes circulassem com os documentos dos cidadãos além de trinta metros do local da interpelação, mas a medida não parece ter sido acatada.
Apelo aos taxistas e agentes de trânsito
Muitos automobilistas conduzem táxi sem carta ou sem a licença necessária e, quando são interpelados pela polícia, recorrem à "gasosa" para se livrarem da notificação e, consequente, da apreensão dos documentos.
Geraldo Wanga deixa, por isso, um apelo aos taxistas e aos agentes reguladores de trânsito: "É importante que estejamos devidamente legalizados. Além disso, os agentes reguladores de trânsito devem ter uma atitude pedagógica."
Angola: Novos agentes, "gasosa" antiga
Sinalização das paragens
Entretanto, o líder associativo aproveita para recordar uma revindicação antiga dos taxistas: a sinalização das paragens de táxis. O processo já está em curso na capital angolana, mas das mil paragens acordadas nas negociações entre as associações profissionais e o Governo provincial, só quatrocentas foram fixadas. E a sinalização está a ser feita sem a participação da classe, refere Wanga.
"Têm estado a fixar paragens em locais inapropriados, onde nós não estamos de acordo, e que são bastante limitadas", afirma o responsável, que defende a realização de um estudo para se pôr fim ao diferendo que remonta a 2015.
Nesse ano, os taxistas fizeram uma greve em Luanda para reivindicar a indicação das paragens, o fim das multas arbitrárias passadas pela polícia e a subida das tarifas, mas a maioria dessas exigências não foi cumprida.
A DW África tentou ouvir a polícia e o Governo da província de Luanda, sem sucesso.
O que não é de Isabel dos Santos em Luanda?
Em Luanda, facilmente se percebe os investimentos de Isabel dos Santos. A filha do ex-Presidente angolano tem negócios na banca e nas telecomunicações. Também tem presença no comércio e nos setores petrolífero e mineiro.
Foto: DW/P. Borralho
Os negócios de Isabel dos Santos
A filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos é proprietária de muitas empresas que operam em Angola. E já há quem acredite que assumir o cargo da Presidência da República pode ser o próximo passo da empresária, que atualmente está na presidência da petrolífera Sonangol.
Foto: picture-alliance/dpa
Telecomunicações
No ramo das telecomunicações, a filha do ex-Presidente angolano e empresária Isabel dos Santos possui a UNITEL. Lançada em março de 2001, a empresa tem como principal atividade a prestação de serviços móveis de voz e de Internet. A UNITEL funciona com um total de 182 lojas próprias em todo o país, 81 das quais na capital, Luanda. A empresa tem mais de 5 milhões de clientes.
Foto: DW/P. Borralho
TV por satélite
Ainda no ramo das telecomunicações, a ZAP iniciou a sua atividade no mercado angolano em abril de 2010 e é atualmente a maior operadora de TV por satélite em Angola, segundo informações da própria empresa. Desde 2011, a ZAP também está presente no mercado moçambicano. A TV por satélite de Isabel dos Santos acabou com o monopólio que a empresa sul-africana Multichoice teve em Angola.
Foto: DW/P. Borralho
Banca
Há dez anos em operação, o Banco BIC tem mais de 200 unidades comerciais para atendimento, compostas por 195 agências e 17 centros de empresas em Angola. O banco serve de apoio para empresários que mantêm investimentos em Portugal, onde Isabel dos Santos também possui uma fatia do Banco português.
Foto: DW/P. Borralho
Sonangol
Em junho de 2016, Isabel dos Santos assumiu a presidência da maior empresa estatal de Angola, a petrolífera Sonangol. Na altura, a tomada de posse da filha do então Presidente de Angola foi criticada por juristas, que afirmam que a nomeação da empresária é ilegal e inconstitucional. A petrolífera mantém uma rede de postos de abastecimento e estações de serviços em todo o país.
Foto: DW/P. Borralho
Centro comercial
Embora Angola esteja mergulhada numa crise económica devido à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, Isabel dos Santos iniciou este ano mais um novo empreendimento em Luanda. Trata-se do Shopping Avennida, inaugurado no primeiro semestre. O centro comercial abriga dezenas de empreendimentos, muitos deles da própria empresária, como o Banco BIC, a ZAP e a UNITEL.
Foto: DW/P. Borralho
Hipermercado
A filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos também investiu no segmento de hipermercados através da rede Candando, situado no recém inaugurado Shopping Avennida. Segundo a Contidis, empresa que administra o hipermercado, a previsão é que mais dez lojas sejam inauguradas nos próximos cinco anos, num investimento total de 400 milhões de dólares.