Ataques em Moçambique: Ministro lamenta amnésia de críticos
Lusa
4 de agosto de 2022
Ministro da Defesa de Moçambique critica "amnésia" de algumas correntes de opinião que tendem a "omitir a bravura" das Forças de Defesa e Segurança, face ao registo de novos ataques armados na faixa sul de Cabo Delgado.
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"Os sinais de violência extrema, que [surgem] por vezes com o recrudescimento de ataques em Cabo Delgado, não podem de forma alguma fazer crescer uma amnésia de algumas correntes de opinião que tendem a omitir a bravura das nossas forças", disse Cristóvão Chume, citado hoje pela comunicação social moçambicana.
Em causa estão novos ataques na faixa sul da província que começaram a ser registados no início de junho, visando pontos recônditos do distrito de Ancuabe, tendo as incursões provocado pânico também em alguns distritos próximos, nomeadamente Metuge, Mecúfi e Chiure.
As forças moçambicanas consideram que as ações registadas em diferentes locais do distrito de Ancuabe estão a ser desencadeadas por rebeldes em fuga da ofensiva militar que está em curso desde julho de 2021, com apoio internacional.
Para Cristóvão Chume, as Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique mantêm a bravura para "tornar una e indivisível a pátria", acrescentando ainda que o exército "sempre lutou e venceu" as guerras que Moçambique atravessou.
"Vamos vencer"
"Não iremos desarmar, não iremos desistir. Venha o que vier, custe o que custar, nós vamos vencer", frisou o governante.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.