Numerosos assassínios políticos na Guiné-Bissau por esclarecer
23 de agosto de 2012Na Guiné-Bissau prosseguem as investigações dos casos de assassinatos políticos ocorridos no país desde 2009. Entretanto, já foram constituídos arguidos e aguarda-se agora a marcação dos julgamentos, após as férias judiciais.
O Ministério Público guineense, que alega falta de meios para prosseguir com celeridade com as investigações, promete, no entanto, dar seguimento aos inquéritos.
O caso Cacheu
Para além dos casos de assassinatos de antigo Presidente da República, João Bernardo Vieira, de ex-chefe de Estado maior general das forças armadas, Batista Tagme na Waie e dos deputados Baciro Dabo e Hélder Proença, a Procuradoria Geral da República já está a investigar o caso mais recente: o provável assassínio do deputado do PAIGC, Roberto Ferreira Cacheu.
O parlamentar foi dado como morto na sequência dos acontecimentos após a alegada tentativa de Golpe de Estado de 26 de dezembro de passado. Cacheu não foi mais visto em Bissau desde essa data.
Jornal levanta acusações graves
O jornal guineense "O Democrata", lançado no mercado recentemente, anuncia, na sua primeira edição, que o político terá sido morto no dia 13 de janeiro deste ano, e sepultado no dia seguinte, perto de uma comunidade religiosa onde se encontrava refugiado. A publicação estranha o silêncio da comunidade religiosa, do país e dos militares, que, escreve, deviam ter algo a dizer sobre o assunto.
Entretanto, a direção do Partido da Renovação Social (PRS), de Koumba Yalá, o segundo mais votado nas últimas legislativas, esteve reunido com o Procurador Geral da República, Edmundo Mendes, para se inteirar do estado dos processos em causa. Augusto Poquena, secretário-geral dos “renovadores”, disse à DW África que o seu partido lamenta o facto da procuradoria estar a deparar com falta de meios para concluir as investigações, e acrescentou ter garantias da procuradoria de que alguns processos estão já num estado avançado de investigação, “embora estejam a coberto do segredo de justiça”.
A democratização em causa
O analista político guineense, Rui Landim, nota que investigações do género são sempre complexas e requerem tempo e meios, que devem ser postos à disposição da Justiça: “Têm que ser criadas condições para fazer as investigações”. Landim defendeu ser importante conhecer os “autores morais e materiais” dos crimes em investigação para o bem da democracia guineense, pois sem resolução, serão criados "obstáculos para a pacificação e a estabilização do país”.
Autor: Califa Soares Cassamá/Bissau
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha