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O que representa reunião Nyusi - Chakwera para Cabo Delgado?

6 de outubro de 2020

Visita do Presidente do Malawi a Moçambique abre "uma nova era nas relações entre os dois países", entende analista. Mbilana lembra que durante décadas estiveram beliscadas. 

Kombobild Filipe Nyusi und Lazarus Charkwera

Lazarus  Chakwera, Presidente do Malawi, foi recebido nesta terça-feira (06.10) pelo seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, na vila de Songo, na província central de Tete.

No encontro  falaram da segurança da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do estágio do projeto de interconexão da energia da rede elétrica, partindo da subestação de Matambo em Tete, até Phombeya no Malawi.

É o começo do fim das desconfianças mútuas?

Para o analista político Guilherme Mbilana esta visita do estadista malawiano abre novas perspetivas nas relações entre os dois países.

"Durante várias décadas as relações entre Moçambique e Malawi foram sempre acompanhadas de desconfianças mútuas por conta de fatores históricos da luta de libertação e dos 16 anos”, disse.

Barragem de Cahora Bassa, Songo. A central abastece energia a vários países da SADCFoto: DW/M. Barroso

Para a ministra dos Negócio Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, trata-se de "um encontro entre dois irmãos próximos".

Macamo adiantou que "efetivamente o que está a ser feito, continuará a ser feito com mais energia e ímpeto e que as coisas vão caminhar da melhor forma".

Para além da questão histórica, resultante da guerra dos 16 anos, na qual  Maputo acusava Lilongwe de apoiar a RENAMO, na altura movimento de guerrilha, as relações entre os dois países voltaram ficar tensas em 2010 quando Maputo apreendeu um navio com destino ao Malawi transportando fertilizantes nas águas do rio Zambeze. 

O facto inviabilizou o projeto de navegação do Zambeze, tido na altura como estruturante pelo Governo de Bingu wa Mutharika no país vizinho.

Moçambique deve criar uma bonificação didática ao Malawi?

Guilherme Mbilana Foto: DW/N. Issufo

Guilherme Mbilana entende que ao bem do interesse dos dois estados é preciso que um diálogo de mais alto nível para haja soluções alternativas.

"Julgo que tanto Moçambique como Malawi podem ficar a ganhar com esta nova forma de aproximação, uma vez que a Moçambique interessa a questão ambiental e ao Malawi a questão económica”, disse Mbilana

E o analista sugere que "é preciso Moçambique criar uma bonificação didática ao Malawi através de redução de impostos pelos escoamentos de produtos através dos portos de Nacala e Beira".  

Moçambique assumiu em agosto último a presidência rotativa da SADC e o Malawi a vice-presidência. Entretanto, Moçambique está atualmente abraços com os ataques terroristas em Cabo Delgado, o que no entender do analista Guilherme Mbilana o facto deve ser considerado como uma ameaça regional.

"Pode também ser um mote para que as diferenças entre Moçambique e Malawi possam ser postas de lado privilegiando a questão da segurança regional. A questao do terrorismo hoje se calhar pode ser do problema de Mocambique, mas amanhá vai afetar em demasia o Malawi", entende Mbilana.

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