Nyusi e Dhlakama chegam a acordo para eleições provinciais
Lusa | tms
24 de setembro de 2017
Proposta da RENAMO para a eleição de governadores provinciais deve ser aprovada quando chegar à Assembleia Nacional, garante o líder Afonso Dhlakama após negociação com a FRELIMO.
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O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, garante já ter acordo com a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, para a eleição dos governadores provinciais.
Dhlakama fez a declaração este sábado (23.09) durante uma reunião da comissão política da RENAMO na serra da Gorongosa, a sua primeira aparição pública desde que se refugiou naquela região há pouco mais de um ano.
"Pela primeira vez, a FRELIMO concordou e disse sim, haverá eleição de governadores" nas eleições gerais de 2019, referiu o líder do principal partido da oposição, citado pelo portal do jornal O País e em declarações transmitidas pelo canal de televisão STV.
"É um acordo entre Dhlakama e [o Presidente da República] Nyusi", que dirige também a FRELIMO, acrescentou.
Descentralização
O líder da oposição referiu que, graças ao acordo, o projeto de descentralização da RENAMO deverá ser aprovado quando chegar à Assembleia da República, onde a FRELIMO tem maioria.
"Conseguimos. Em 2019 teremos governadores eleitos, da RENAMO, FRELIMO, MDM ou se calhar de outros partidos", faltando definir se a eleição será feita por voto direto ou por assembleia, referiu.
O presidente do maior partido da oposição disse ainda que continua a ser discutida a despartidarização das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e a integração dos homens da RENAMO nas suas fileiras.
"Queremos que os nossos comandos militares sejam enquadrados nos lugares de chefia. O exército deve ser neutro. Não deve pertencer nem à RENAMO, nem à FRELIMO e nem a qualquer outro partido".
Diálogo para a paz
Dhlakama terminou o discurso garantindo que continuará a manter contatos com o Presidente da República para que se alcance um acordo de paz entre Governo e RENAMO e exprimiu um desejo: "gostaria de governar, com democracia", mesmo que fosse "por um mandato, como fez Mandela" e depois deixar a tarefa para os jovens.
Também no sábado, em Maputo, o Presidente Filipe Nyusi considerou que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) estão a dar "o seu máximo contributo para que o diálogo com o líder da RENAMO resulte nos progressos que todos estão a testemunhar".
Segundo Nyusi, para alcançar a paz, "haverá necessidade de tornar algumas medidas que deverão ter as forças armadas como principais atores", assinalando que vai haver mudanças no cenário militar do país, mas sem detalhar quais.
"Haverá processors conjugados e necessários de estabelecimento, organização, adequação e coordenação de novas ações, num xadrez diferente na constituição das forças armadas", adiantou o Presidente da República.
"Sinal inequívoco"
Falando sobre o anúncio feito pelo líder da RENAMO, sobre o acordo para a eleição de governadores provinciais, o porta-voz da FRELIMO, António Niquice, disse este domingo (24.09) que um "sinal inequívoco" do diálogo construtivo já tinha sido dado no início de agosto com a visita do Presidente Filipe Nyusi a Dhlakama, na serra da Gorongosa. Nyusi "foi visitar um irmão" num processo "de aproximação das famílias moçambicanas".
Apesar de Governo e RENAMO terem assinado em 1992 o Acordo Geral de Paz, e um segundo acordo em 2014 para a cessação das hostilidades militares, Moçambique vive ciclicamente surtos de violência pós-eleitoral, devido à recusa do principal partido da oposição em aceitar os resultados, alegando fraude.
Em maio, Afonso Dhlakama anunciou uma trégua nos confrontos com as forças de defesa e segurança por tempo indeterminado, após contatos com o chefe de Estado moçambicano.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
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Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
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O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
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Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
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O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
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Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
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O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.