Nyusi encerra 12.º Congresso da FRELIMO com apelos à unidade
Lusa
28 de setembro de 2022
O líder da FRELIMO e chefe de Estado, Filipe Nyusi, encerrou o 12º Congresso do partido no poder em Moçambique com apelos à unidade nacional e alertas para o risco de instrumentalização política da identidade étnica.
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"A unidade nacional requer uma atitude positiva de todos os cidadãos", que é incompatível com a "instrumentalização da identidade étnica como cavalo de batalha para a luta pelo poder", declarou Nyusi.
A diversidade étnica, religiosa, racial e social deve ser um fator de inclusão e reconciliação nacional e não de discriminação, enfatizou o líder da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
Filipe Nyusi assinalou que foi a unidade que permitiu que os moçambicanos conquistassem a independência face ao colonialismo português, há 47 anos.
Num discurso para dentro do partido, a propósito do 12º Congresso, Nyusi afirmou que o encontro permitiu que a força política reafirmasse a sua posição de vanguarda na governação e busca de soluções para os problemas do país.
"Voltamos a reafirmar a vontade de continuarmos juntos e unidos em torno do mesmo ideal de liberdade, paz, justiça e desenvolvimento", destacou.
A reunião magna da FRELIMO, prosseguiu Nyusi, revitalizou o partido, mantendo-o como força incontornável da vida dos moçambicanos.
60 anos da FRELIMO: A juventude e o futuro do partido
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"Prestígio internacional"
Nyusi defendeu ainda que a participação de várias delegações estrangeiras demonstra o "prestígio internacional"do partido no poder.
O presidente da FRELIMO destacou ainda a capitalização do potencial que o país detém em recursos naturais com vista ao desenvolvimento.
Filipe Nyusi voltou a apelar a uma reflexão sobre a pertinência de se realizarem as primeiras eleições distritais em 2024, reiterando que as dúvidas não se prendem com qualquer receio do partido no poder em relação ao resultado desse escrutínio, mas com a sua exequibilidade.
O 12º congresso da FRELIMO terminou esta terça-feira (27.09), depois de cinco dias de trabalhos, marcados pela recondução do presidente e do secretário-geral do partido, Roque Silva.
Foram também eleitos novos órgãos: Comité Central, Comissão Política e um novo secretariado, por entre debates sobre a situação política e económica do país e internacional.
60 anos da FRELIMO, alguns momentos históricos
A FRELIMO comemora 60 anos desde a sua criação, em 1962, na Tanzânia. Durante este período, já teve cinco presidentes. Só o primeiro não dirigiu o país – Eduardo Mondlane.
Foto: Marco Longari/AFP/Getty Images
Eduardo Mondlane (à direita), o primeiro presidente da FRELIMO
Eduardo Chivambo Mondlane, o primeiro presidente da FRELIMO, nasceu em Manjacaze, província de Gaza, sul de Moçambique, a 20 de junho de 1920 e morreu em 03 de fevereiro de 1969, na Tanzânia, vítima de uma encomenda armadilhada. Eduardo Mondlane é carinhosamente tratado como o "pai da unidade nacional", por ter conseguido unir os três movimentos que fundaram a FRELIMO (UDENAMO, MANU e UNAMI).
Foto: casacomum.org/ Documentos Mário Pinto de Andrade
Samora Machel , o primeiro Presidente de Moçambique independente
Nascido a 29 de setembro de 1933, também em Gaza. Após a morte de Eduardo Mondlane, Samora Machel dirigiu os destinos da FRELIMO e a luta de libertação nacional até à proclamação da independência de Moçambique, a 25 de junho de 1975.
Foto: Fundação Mário Soares/Estúdio Kok Nam
Proclamação da independência nacional
A 25 de junho de 1975, em pleno Estádio da Machava, arredores da cidade de Matola, Samora Machel proclamou a independência nacional. Por essa via, viria a ser ele o primeiro Presidente da República Popular de Moçambique.
Foto: Fundação Mário Soares/Estúdio Kok Nam
Sob liderança de Machel, foi lançada em 1983 a Operação Produção
Na visão de Machel, o país deveria ser autossuficiente na produção de comida. Mas a "Operação Produção" acabou forçando milhares de pessoas, consideradas improdutivas, marginais e prostitutas, das grandes cidades a deixarem as suas famílias, rumo a Niassa.
Foto: Fundação Mário Soares/Estúdio Kok Nam
Samora Machel morre vítima de acidente aéreo em Mbuzini
A 19 de outubro de 1986, quando regressava de mais uma missão de Estado, o avião em que seguia despenhou-se na região de Mbuzini, na África do Sul. Calou-se a voz que marcou gerações em Moçambique. 36 anos depois, ainda não são conhecidos os autores morais e materiais da morte de Samora Machel.
Foto: DW/M. Maluleque
Joaquim Chissano - 2º Presidente de Moçambique e 3º da FRELIMO
Depois da morte de Machel, em 1986, coube a Joaquim Chissano a missão de tomar o remo do "barco" e navegar contra muitas turbulências. Encontrou o país mergulhado numa guerra civil e com alto índice de pobreza. Durante o seu reinado de 19 anos (1986-2005), assinou o acordo de Roma (1992) com a RENAMO, que pôs fim à guerra dos 16 anos. E liderou o processo de entrada no multipartidarismo.
Foto: Ismael Miquidade
Armando Guebuza – 4º Presidente da FRELIMO e 3º de Moçambique (2005-2015)
Sucedeu a Joaquim Chissano. Durante o seu reinado de 10 anos, Moçambique voltou a viver momentos de conflito militar com RENAMO. Também foi durante a governação de Guebuza que o país registou o pior escândalo financeiro na sua história - as "dívidas ocultas". Mas registou-se uma grande evolução em termos de infraestruturas públicas.
Foto: picture-alliance/dpa
Filipe Nyusi - o "homem" do momento (2015 até hoje)
Filipe Nyusi "levou" o poder político dentro da FRELIMO da região sul, onde sempre se concentrou desde o seu surgimento, para o "berço" da luta de libertação, Cabo Delgado. Encontrou o país mergulhado no escândalo das dívidas ocultas. Durante o seu consulado, lidou ainda com conflitos político-militares com a RENAMO, a "Junta Militar" e, atualmente, enfrenta os ataques terroristas de Cabo Delgado.