"Moçambique deve refletir sobre viabilidade das distritais"
Lusa
29 de maio de 2022
Presidente moçambicano e líder da FRELIMO, Filipe Nyusi, diz que país deve "refletir" sobre a viabilidade das eleições distritais, assinalando que Moçambique pode não estar preparado para esse escrutínio.
Filipe Nyusi declarou que o seu partido está comprometido com o processo de descentralização, mas defendeu que se deve avaliar as condições sobre o aprofundamento deste movimento.
A escolha de assembleias distritais e de administradores é parte do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em agosto de 2019 entre o Governo da FRELIMO e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição e que mantém um 'braço armado' que está em processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
Conflito Rússia x Ucrânia
Por outro lado, Filipe Nyusi reiterou a posição de Moçambique em relação à neutralidade do país no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, salientando que o país africano defende a resolução pacífica de conflitos.
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"A nossa posição é no sentido de que qualquer conflito deve ser resolvido de forma pacífica", sublinhou o chefe de Estado moçambicano.
Filipe Nyusi referiu também que Moçambique fará de tudo para que o país não sofra os efeitos do conflito na Ucrânia, apostando em medidas de mitigação.
Moçambique, prosseguiu, continua igualmente a acreditar no caminho da retoma da economia, sobretudo, depois de ter chegado a acordo para um novo programa de assistência financeira com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Assegurar continuidade no poder"
O chefe de Estado moçambicano considerou ainda que a FRELIMO tem de fazer de tudo para assegurar a continuidade no poder, mostrando confiança nos resultados do próximo ciclo eleitoral, que se inicia nas eleições autárquicas de 2023 e gerais (presidenciais e legislativas) de 2024.
Na sua intervenção, Filipe Nyusi salientou também que as forças governamentais de Moçambique, Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do Ruanda têm estado a registar progressos no combate ao terrorismo, tendo limitado as ações dos rebeldes a "ataques esporádicos" para "roubarem comida".
A sessão do Comité Central da FRELIMO, que terminou hoje, aprovou a agenda do congresso da organização, que se vai realizar em setembro deste ano.
Na reunião magna de setembro, serão eleitos um novo comité central e uma nova comissão política, órgãos que serão importantes no processo de eleição do candidato do partido às eleições presidenciais de 2024.
Residências luxuosas contruídas na zona verde de Maputo agravam inundações
O espaço verde de Maputo está a transformar-se num bairro luxuoso da capital moçambicana. Mas as consequências da construção de residências luxuosas são visíveis, com inundações que tomam conta da zona.
Foto: Romeu da Silva/DW
Inundações na zona de Mapulene
Apesar do terreno pantanoso, os bairros de Mapulene, Costa do Sol e Chiango são os mais disputados para a construção de residências luxuosas. Quando chove, as águas inundam os bairros impedindo as pessoas e viaturas de circular. Algo que se passou, por exemplo, no bairro Triunfo, onde muitas casas ficaram alagadas por falta de valas de drenagem.
Foto: Romeu da Silva/DW
Contrução dentro de uma 'lagoa'
Um terreno que se transformou numa espécie de "piscina", devido às fortes chuvas dos últimos dias em Maputo. O cenário repete-se em várias zonas, onde há canteiros de obras dentro de água estagnada.
Foto: Romeu da Silva/DW
Construções precárias também são afetadas
A construção da circular de Maputo trouxe também prejuízos aos moradores que vivem em redor do empreendimento. A água escoada a partir das valas flui diretamente para as zonas das casas precárias. Apesar das inundações, as famílias continuam a residir nas suas pequenas habitações.
Foto: Romeu da Silva/DW
Costa do Sol sofre consequências
As famílias de baixa renda sofrem consequências especialmente graves. Por exemplo, os habitantes da zona da Costa do Sol queixam-se das construções luxuosas estarem a impedir a circulação normal das águas em tempos de chuva. As pessoas afirmam que não têm para onde ir e preferem viver com “um mar” à volta, assumindo todos os riscos inerentes à situação, incluindo para a saúde.
Foto: Romeu da Silva/DW
Bairro de Mapulene no meio de uma lagoa
Desde domingo (15.05) que esta rua está intransitável devido à queda de fortes chuvas. Durante o mapeamento do bairro não foi observada a questão do saneamento e canais de escoamento de água. Há relatos de habitantes que não podem sair de carro particular preferindo ir à para o trabalho no chamado chapa, um transporte coletivo.
Foto: Romeu da Silva/DW
Situação da escola de Costa do Sol
A escola não oferece condições, para já, para a atividade letiva. As águas das chuvas, nesta zona nobre de Maputo não têm para onde fluir por falta de drenagem, acabando por inundar as instalações.
Foto: Romeu da Silva/DW
Obra para melhorar a situação
Na imagem as instalações de uma empresa que processa mármore e que também não escapou às inundações. Os trabalhadores puseram mãos à obra para criar canais que permitam a passagem de água.
Foto: Romeu da Silva/DW
As vítimas apontam o dedo
O projeto "Casa Jovem", iniciativa do engenheiro Erik Charas, foi inaugurado em 2012, num espaço verde que produzia caniço. A população vizinha alega que as águas já não têm por onde passar devido à construção destas instalações.
Foto: Romeu da Silva/DW
Intervenção das autoridades competentes
O proprietário desta residência diz que os prejuízos resultam do projeto “Casa Jovem”. Queixa-se que as águas estão estagnadas há meses e, por isso, pede a intervenção das autoridades. Alguns vizinhos acabaram por abandonar as suas casas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Casas de luxo em construção
Apesar das consequências e inundações as obras não param de crescer. Nesta imagem do bairro de Mapulene vê-se o canteiro de obras de construção de residências luxuosas. A areia vermelha é aplicada para criar uma estrutura sólida no pavimento.
Foto: Romeu da Silva/DW
Vista do bairro Mapulene
No ano passado foram demolidas casas luxuosas no Bairro Mapulene, por irregularidades na construção. Este bairro é hoje muito procurado por vários empreendimentos sociais e económicos. Tal como o bairro Costa do Sol, também Mapulene se situa num pântano.