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Nyusi: "Não há motivos para moçambicanos morrerem"

Lusa
18 de novembro de 2024

Presidente moçambicano pediu, esta segunda-feira, o fim da destruição do país face às manifestações, dizendo que "não há motivos" para mortes em contestações de resultados eleitorais.

Portugal | Treffen der  Präsidenten der PALOP und Osttimors in Lissabon
Foto: João Carlos/DW

"Não há motivos, não há razões para moçambicanos morrerem, assim como não há motivos e nem razões para que se desfaça, se destrua, o país construído com sacrifício por todos nós. Esse desejo não existe, o desejo de morte, de destruição, de injustiça", disse Filipe Nyusi, esta segunda-feira (18.11), durante a receção a algumas formações políticas nacionais para discutir a tensão pós-eleitoral.

O Presidente de Moçambique reconheceu que o país vive "um ambiente de pânico"em face às manifestações e paralisações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane em contestação aos resultados das eleições de 09 de outubro.

"Estamos a sensivelmente 40 dias após as eleições e quase 25 depois do anúncio da Comissão Nacional de Eleições (...). Não quero dizer quem tem razão, quem não tem razão, mas o que não há razão é que ninguém pode morrer", afirmou Nyusi, pedindo aos partidos políticos "trabalho coletivo" para encontrar "um denominador comum" entre moçambicanos.

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"Agora, como isso acontece, são questões que temos estado a ver. O nosso pedido é fazer consulta sobre o que estamos a ver e avaliarmos se precisamos de parar. As diferenças nunca hão-de acabar, não há nenhuma parte em que acabaram as diferenças, não existe, não se conhece, nós seríamos extra mundo", alertou Filipe Nyusi.

Mais cedo,  em declarações durante a receção de representantes da Associação Geração 8 de Março, Nyusi já tinha dito que "ameaças de sabotagem" de infraestruturas não ficaram "muito bem" à sociedade moçambicana, lembrando que o país tem leis para obedecer.

"Não quero julgar neste momento, mas também [seguiram-se] momentos em que houve proclamações de vitórias, de diferentes formas de manifestar, o que não é mau alguém pensar que ganharia ou ganhará, isso acontece em diferentes modalidades, mas as balizas existem, os regulamentos existem e são obedecidos", alertou.

Números de mortes diferenciam

Numa atualização feita, esta segunda-feira, a plataforma eleitoral Decide, dá conta que, pelo menos 25 pessoas morreram e outras 26 foram baleadas em cinco dias de manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique.

Já o balanço feito pela polícia moçambicana, e que diz respeito ao mesmo período temporal, aponta para a morte de pelo menos cinco pessoas e 37 feridos.

As cinco mortes ocorreram por atropelamentos noturnos nos aglomerados onde "indivíduos colocavam barricadas na via pública e efetuavam cobranças ilícitas para os automobilistas poderem circular", disse Orlando Modumane, porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), durante uma conferência de imprensa, esta segunda-feira, em Maputo.

Dos 37 feridos, segundo o responsável, 20 pessoas, entre as quais cinco agentes da PRM, ficaram feridas durante as manifestações e outras 17 foram feridas também em acidentes de viação noturnos ocorridos em aglomerados.

Orlando Modumane classificou as 51 manifestações de "violentas e tumultuosas", referindo que pelo menos 24 estabelecimentos comerciais foram pilhados, sete viaturas, seis casas e 10 barracas incendiadas, além de várias instituições do Estado, entre escolas e subunidades da polícia, vandalizadas durante os protestos.

"As ações de vandalização, saque e pilhagem estendem-se às zonas mineiras do país, onde os autores queimam os acampamentos e as máquinas de trabalho", acrescentou o porta-voz, que contabilizou 136 detidos e 46 processos-crime instaurados em todo o país.

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