O potencial de Moçambique é enorme, segundo o Presidente da República. Filipe Nyusi pretende que 20% da produção energética no país seja assegurada por energias renováveis nos próximos 20 anos. UE quer ajudar.
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Filipe Nyusi enfatizou esta quarta-feira (30.09) o compromisso do seu Executivo com o desenvolvimento de infraestruturas de produção de energias renováveis quando discursava no ato de lançamento do primeiro leilão de projetos de geração de energias limpas no país.
"Pretendemos o incremento da diversificação da localização das novas centrais de energias renováveis e o aumento do contributo das energias renováveis para 20% na matriz energética nacional, nos próximos 20 anos", declarou o chefe de Estado moçambicano.
O Executivo, prosseguiu, conta com a abundância das fontes solar e eólica para acompanhar o crescimento da procura de energia elétrica em Moçambique.
"As projeções indicam para 8% de procura média anual de energia elétrica nos próximos 25 anos. Estamos a trabalhar para garantir o aumento da energia elétrica, promovendo o investimento público e privado", destacou Filipe Nyusi.
Desenvolvimento industrial
A mobilização das diversas fontes energéticas disponíveis em Moçambique, prosseguiu, vai permitir que mais de 10 milhões de moçambicanos tenham acesso à energia elétrica até 2024.
A aposta nas energias renováveis poderá assegurar a transformação e desenvolvimento industrial, agro-processamento, aquacultura e aumento do acesso energético a mais famílias.
"Está claramente identificado que o sol é a fonte de energia mais abundante no país e foram identificados 16 locais com elevado potencial eólico no centro e sul do país", salientou Filipe Nyusi.
Tendo em conta este enorme potencial, o Governo atribui especial atenção ao desenvolvimento de energias alternativas, acrescentou.
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Leilões de projetos
Sobre o lançamento esta quarta-feira dos leilões de projetos de energias renováveis, Filipe Nyusi avançou que a ação traduz o compromisso com a transparência no desenvolvimento de projetos no setor de energia e a aposta nas parcerias público-privadas.
Os leilões anunciados enquadram-se no âmbito de um concurso público internacional para a adjudicação de quatro projetos de energias renováveis com investimentos esperados de 200 milhões de euros.
Nesse sentido, serão "leiloados" três sistemas solares nos distritos de Dondo, província de Sofala, e Manje, província de Tete, ambas no centro de Moçambique, distrito de Lichinga, província de Niassa, norte, e uma central eólica na província de Inhambane, sul.
Os quatro projetos terão capacidade para a produção de 40 megawatts cada.
O projeto conta com uma ajuda financeira de 37 milhões de euros da União Europeia em parceria com a Agência Francesa de Desenvolvimento.
A iniciativa pretende a promoção de fontes alternativas de energia de qualidade e de baixo custo, assegurando uma maior contribuição das energias renováveis na transição energética e na eletrificação de todo o país.
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Milhões da UE
A União Europeia (UE) disse hoje que espera mobilizar mais de mil milhões de euros para o setor energético em Moçambique, incluindo para energias renováveis, visando a melhoria da "segurança energética", ou seja, com maior autonomia e qualidade.
"A União Europeia contribui com mais de 180 milhões de euros neste setor e estima-se que irá alavancar fundos públicos e privados que poderão totalizar mais de mil milhões de euros", afirmou hoje o embaixador da UE em Moçambique, António Sánchez-Benedito Gaspar.
O diplomata adiantou que a UE vai brevemente anunciar "contribuições financeiras significativas" para apoiar o acesso das famílias moçambicanas à rede elétrica. As ajudas serão também canalizadas às pequenas e médias empresas fornecedoras de serviços energéticos fora da rede pública, em resposta ao impacto da Covid-19, acrescentou.
O apoio vai igualmente ser destinado a um programa de redução de perdas técnicas e comerciais na rede da empresa pública Eletricidade de Moçambique (EDM).
"Todas estas iniciativas deverão contribuir para a melhoria da segurança energética em Moçambique", declarou António Sánchez-Benedito Gaspar.
Artigo atualizado às 21:09 (CET) de 30 de setembro de 2020, acrescentando o anúncio da UE.
As maiores barragens de África
Nilo, Congo, Zambeze: os rios africanos guardam grande potencial para a produção de energia. Os governos reconhecem isso e apostam cada vez mais em megaprojetos. Um panorama das maiores centrais hidroelétricas de África.
Foto: William Lloyd-George/AFP/Getty Images
Grande Represa do Renascimento, na Etiópia
No sudoeste da Etiópia, está a ser erguida aquela que será a maior barragem de África. A construção da Grande Represa do Renascimento começou em 2011 e deve ser concluída em 2017. A barragem localiza-se perto da fronteira com o Sudão, no Nilo, e terá uma potência de 6.000 megawatts (MW). O reservatório será um dos maiores do continente, com capacidade para armazenar 63 quilômetros cúbicos de água.
Foto: William Lloyd-George/AFP/Getty Images
Represa Alta de Assuão, no Egito
A Represa Alta de Assuão é atualmente a barragem mais potente de África. Está localizada perto da cidade de Assuão, no sul do Egito. O lago atrás da barragem pode armazenar até 169 quilómetros cúbicos de água. Seu maior afluente é o Rio Nilo. As turbinas têm uma capacidade de 2.100 megawatts. A construção durou onze anos e a inauguração foi em 1971.
Uma das maiores barragens do mundo está localizada na província de Tete. A hidroelétrica Cahora Bassa, no rio Zambeze, tem uma potência de 2.075 megawatts, pouco menos que a Represa Alta de Assuã, no Egito. A maior parte da energia gerada é exportada para a África do Sul. No entanto, sabotagens durante a guerra civil impediram a produção de eletricidade por mais de dez anos, a partir de 1981.
Foto: DW/M. Barroso
Represa Gibe III, na Etiópia
A barragem Gilgel Gibe III fica 350 quilômetros a sudoeste da capital etíope, Addis Abeba. Foi concluída em 2016 e pode gerar um máximo de 1.870 megawatts, tornando-se a terceira maior barragem em África. A construção durou quase nove anos e foi financiada a 60% pelo Banco de Exportação e Importação da China, China Exim Bank.
Foto: Getty Images/AFP
Kariba, entre a Zâmbia e o Zimbabué
A barragem de Kariba fica na garganta do rio Zambeze, entre a Zâmbia e o Zimbabué. Tem 128 metros de altura e 579 metros de comprimento. Cada país tem sua própria central eléctrica. A estação norte, da Zâmbia, tem capacidade total de 960 megawatts. A estação sul, do Zimbabué, tem capacidade total de 666 megawatts. As obras de expansão em 300 megawatts começaram em 2014 e devem terminar em 2019.
Foto: dpa
Inga I e Inga II na RDC
As barragens Inga consistem de duas represas. Inga I tem capacidade para produzir 351 megawatts e Inga II, 1424 megawatts. Foram encomendadas em 1972 e 1982, como parte do plano de desenvolvimento industrial do ditador Mobutu Sese Seko. Mas, atualmente, atingem apenas 50% de seu potencial energético.
Foto: picture-alliance/dpa
Inga III
Inga I e Inga II localizam-se perto da foz do rio Congo e ligadas às cataratas Inga. O governo congolês já planeia o lançamento de Inga III, com custo de 13 mil milhões de euros e capacidade de 4.800 megawatts. Juntas, as três barragens seriam a central hidroelétrica mais potente de África.
Merowe no Sudão
O Sudão também depende fortemente de energia eólica com duas grandes barragens no país: Merowe no Rio Nilo (na foto) tem uma capacidade de 1.250 MW e foi construída por uma empresa chinesa. Ainda maior é a barragem de Roseires no Nilo Azul, que desde a sua construção em 1966 foi várias vezes ampliada e conta atualmente com turbinas que têm uma potência total de 1.800 MW.
Foto: picture-alliance/dpa
Akosombo, no Gana
A oitava maior barragem de África é Akosombo, no Gana. Construída na garganta do Rio Volta, a represa teve como resultado o Lago Volta - o lago artificial do mundo, com área de 8.502 quilómetros quadrados. As seis turbinas têm uma capacidade combinada de 912 megawatts. Além de gerar eletricidade, a barragem também protege contra inundações.
Foto: picture-alliance / dpa
Represa Tekezé, na Etiópia
Outra represa grande de África está localizada na Etiópia. A barragem Tekeze encontra-se entre as regiões de Amhara e Tigré. Apesar de seus impressionantes 188 metros de altura, a capacidade máxima da hidrelétrica é de 300 megawatts e, assim, apenas um vigésimo da potência da Grande Represa do Renascimento. A represa entrou em funcionamento em 2009.