Presidente moçambicano classificou hoje o terrorismo, as mudanças climáticas e a pandemia de Covid-19 como "desafios gigantescos" para o país, defendendo a conjugação de esforços para a superação destes obstáculos.
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"Estes desafios [o terrorismo, as mudanças climáticas e a pandemia] são gigantescos e a sua superação tem estado a exigir a conjugação de esforços internos e de parceiros" internacionais, afirmou Nysui, que intervinha na abertura do conselho coordenador do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
Do conjunto dos principais desafios que o país enfrenta, Filipe Nyusi começou por apontar as "ações terroristas", assinalando que a atuação de grupos armados na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, provocou a morte de mais de 2 mil pessoas e levou à fuga de mais de 800 mil, além da destruição de infraestruturas sociais e económicas, privadas e públicas.
A ação conjunta das forças governamentais de Moçambique, Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) resultou na destruição de bases dos grupos armados e na recuperação de zonas antes ocupadas pelos terroristas.
"Situação tende a melhorar"
"A situação tende a melhorar", considerou Filipe Nyusi, assinalando a reconstrução de infraestruturas e o regresso gradual da população como consequência da restauração paulatina da segurança.
Em relação às mudanças climáticas, o país tem sofrido "efeitos de grande magnitude" causados por ciclones, cheias e secas, que destroem o tecido social e económico, destacou Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano comentou também que a pandemia de Covid-19 afetou a produção e a vida das populações.
Dada a enormidade dos desafios, Filipe Nyusi exortou "os agentes diplomáticos do país" a continuarem a mobilizar apoios internacionais.
A ação diplomática de Moçambique, continuou, deve privilegiar a busca da paz e de investimentos para o desenvolvimento económico e social.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.