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O ano horrível do elefante em África

30 de dezembro de 2011

2011 foi um ano terrível para os elefantes em África. E 2012 poderá ser pior se a comunidade internacional ficar de braços cruzados. O alerta é dado por uma organização não governamental, que diz que é preciso agir já.

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Urge proteger os elefantesFoto: picture-alliance/Godong

O especialista em elefantes da organização TRAFFIC, Tom Milliken, está preocupado. Milliken diz que em 23 anos a recolher informação sobre apreensões de marfim nunca viu nada assim. 2011 foi um ano terrível para os elefantes em África: “Nunca tivemos um ano com tantas apreensões de marfim”.

A organização de Tom Milliken, baseada em Cambridge, na Grã-Bretanha, e especializada no comércio ilegal de espécies animais, refere que as autoridades de combate ao tráfico apreenderam este ano mais de 23 toneladas de marfim. O que deverá equivaler a algo como 2500 elefantes.

Os maiores mercados de marfim ilegal encontram-se na ÁsiaFoto: TRAFFIC

Aumento em flecha do tráfico ilegal

Só na última apreensão, a 21 de dezembro, foram descobertas 727 peças de marfim dentro de um contentor no porto de Mombaça, no Quénia, destinadas à Ásia. Em 2011 foram feitas no total 13 apreensões de marfim de grande dimensão, ou seja, com mais de 800 quilos. Em 2010 tinham sido apenas seis.

É certo que nem todas as peças apreendidas correspondem a elefantes que foram mortos este ano. Não é claro o número de elefantes mortos ilegalmente em África em 2011. Mas a tendência é alarmante, salienta Milliken: “O que realmente me assusta é que fazemos estas apreensões, uma atrás da outra, e muito raramente é detido alguém, ou, se é detido, raramente é julgado e condenado”.

Manadas inteiras de elefantes africanos estão ameaçadasFoto: AP

Grande procura na Ásia

A maioria do marfim africano tem como destino a Ásia. A China e a Tailândia são apontadas por Milliken como dois dos maiores mercados do mundo. Há cada vez maior poder de compra nos mercados asiáticos e, por isso, a procura de marfim aumenta. Este material é visto, na Ásia, como um produto de luxo e é utilizado em joalharia e obras de arte.

À medida que a procura aumenta, os caçadores furtivos utilizam também métodos “mais sofisticados”, refere Milliken: “Penso que os grupos criminosos se adaptam facilmente e conseguem ‘passar a perna’ às autoridades de combate ao tráfico aqui em África”. O especialista diz que os traficantes constroem contentores com paredes falsas onde colocam o marfim de modo a que não seja detetado: “Arranjam formas inéditas de subornar as autoridades. São flexíveis na escolha de rotas de tráfico. Se veem que as autoridades se estão a tornar mais duras num país, passam para outro”.

A caça furtiva ao rinoceronte é outra tragédia para o ambienteFoto: Fotolia/tarei

A chacina dos rinocerontes

Mais sofisticados, talvez, só mesmo os caçadores furtivos interessados nos cornos de rinocerontes africanos. Há quem fale numa “guerra” aberta entre as autoridades e os grupos criminosos, que têm utilizado metralhadoras ou até helicópteros na caça ilegal. Na África do Sul, onde habitam 90% dos rinocerontes que restam no continente, foram mortos este ano 443 rinocerontes contra 333 em 2010.

Entretanto, Tom Milliken, da TRAFFIC, teme que 2012 venha a ser um ano ainda mais terrível para os elefantes: “Se a comunidade internacional não começar a exercer pressão sobre os países que traficam marfim com impunidade, sobre a Tailândia em particular, os números vão aumentar”. Milliken reivindica, por isso, sanções contra os países envolvidos no tráfico ilegal de marfim e que se recusam a cooperar. E pede um maior diálogo entre as autoridades de combate ao tráfico da África e da Ásia. Só assim, diz, serão possíveis progressos tangíveis.

Queimar o marfim apreendido é uma forma de desencorajar os traficantesFoto: picture-alliance / Robert Hadley

Autor: Guilherme Correia da Silva
Edição: Cristina Krippahl / António Rocha

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