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História

O dia em que o Muro de Berlim caiu

Marcel Fürstenau | kg
8 de novembro de 2019

Assinalam-se este sábado os 30 anos da queda do Muro de Berlim, a 9 de novembro de 1989. Erguido em 1961 pelo regime da RDA, era o símbolo da divisão entre Ocidente e Oriente e da luta entre comunismo e capitalismo.

Foto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

Embora a parte oeste fosse cercada por uma barreira de 155 quilómetros de cimento e arame farpado, as pessoas podiam viajar para qualquer lugar sem impedimentos. Berlim Ocidental era, portanto, uma ilha de liberdade no meio da República Democrática Alemã (RDA) comunista.

Em contrapartida, para a grande maioria dos alemães orientais, o Ocidente tão próximo permaneceu inatingível por décadas. Isso mudou radicalmente na noite de 9 de novembro de 1989.

Uma nova lei de viagens anunciada pela televisão permitiu o deslocamento de milhares de pessoas para a parte ocidental. As imagens de pessoas a celebrar a Berlim subitamente unida rodaram o mundo.

Palavras mágicas: "Glasnost" e "Perestroika"

As concessões feitas pelo líder soviético Mikhail Gorbachev, que chegou ao poder em 1985, foram decisivas para este marco histórico, explica o diretor do Memorial do Muro de Berlim, Axel Klausmeier.

"A política de abertura, a chamada Glasnost, e a reconstrução, a Perestroika, representaram uma ruptura com a chamada doutrina de Brejnev, que centralizava as decisões no Kremlin. Houve uma mudança de direção", diz.

O dia em que o Muro de Berlim caiu

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A 7 de outubro de 1989, durante a comemoração dos 40 anos da fundação da RDA em Berlim Oriental, Mikhail Gorbachev reforçou o apelo por reformas. "Estou certo de que todos decidirão por si mesmos o que é necessário para o seu país", declarou.

Antes da era Gorbachev, todas as lutas de libertação no chamado bloco oriental foram reprimidas brutalmente pela União Soviética. Segundo Axel Klausmeier, os protestos históricos na cidade alemã de Leipzig, em outubro de 1989, foram cruciais para a queda do Muro de Berlim.

"O medo em Leipzig, a 9 de outubro, foi enorme, porque não se sabia como o regime reagiria a um protesto com 70.000 manifestantes. Como essa manifestação não foi reprimida, a oposição teve a sensação de que havia vencido. É o que dizem muitas testemunhas", recorda.

A queda de Erich Honecker

Poucos dias depois, caiu o chefe de Estado e líder do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED) Erich Honecker. O seu sucessor, Egon Krenz, deu sinas de querer conversar com ativistas dos direitos civis.

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A 4 de novembro, a Praça Alexanderplatz, em Berlim, foi o palco da maior manifestação da história da RDA. Cerca de meio milhão de participantes aplaudiram os oradores da oposição e vaiaram os representantes do sistema - entre eles Günter Schabowski, diretor do Partido da Unidade Socialista da Alemanha, em Berlim Oriental.

Foi este dirigente que anunciou a nova regulamentação para viagens, em 9 de novembro de 1989: "Viagens privadas a países estrangeiros podem ser solicitadas sem pré-requisitos, permissão de viagens ou razões de parentesco. As licenças serão emitidas em curto prazo. Que eu saiba, isso se aplica imediatamente, imediatamente."

O caminho para a liberdade foi aberto sem nenhum tiro e nunca mais foi fechado. A Guerra Fria terminou com o colapso da União Soviética, no final de 1991. Um ciclo histórico iniciado em 1985, quando Michail Gorbachev assumiu o poder. O ex-líder soviético foi homenageado em 1990 com o Prémio Nobel da Paz.