Assinalam-se este sábado os 30 anos da queda do Muro de Berlim, a 9 de novembro de 1989. Erguido em 1961 pelo regime da RDA, era o símbolo da divisão entre Ocidente e Oriente e da luta entre comunismo e capitalismo.
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Embora a parte oeste fosse cercada por uma barreira de 155 quilómetros de cimento e arame farpado, as pessoas podiam viajar para qualquer lugar sem impedimentos. Berlim Ocidental era, portanto, uma ilha de liberdade no meio da República Democrática Alemã (RDA) comunista.
Em contrapartida, para a grande maioria dos alemães orientais, o Ocidente tão próximo permaneceu inatingível por décadas. Isso mudou radicalmente na noite de 9 de novembro de 1989.
Uma nova lei de viagens anunciada pela televisão permitiu o deslocamento de milhares de pessoas para a parte ocidental. As imagens de pessoas a celebrar a Berlim subitamente unida rodaram o mundo.
Palavras mágicas: "Glasnost" e "Perestroika"
As concessões feitas pelo líder soviético Mikhail Gorbachev, que chegou ao poder em 1985, foram decisivas para este marco histórico, explica o diretor do Memorial do Muro de Berlim, Axel Klausmeier.
"A política de abertura, a chamada Glasnost, e a reconstrução, a Perestroika, representaram uma ruptura com a chamada doutrina de Brejnev, que centralizava as decisões no Kremlin. Houve uma mudança de direção", diz.
O dia em que o Muro de Berlim caiu
A 7 de outubro de 1989, durante a comemoração dos 40 anos da fundação da RDA em Berlim Oriental, Mikhail Gorbachev reforçou o apelo por reformas. "Estou certo de que todos decidirão por si mesmos o que é necessário para o seu país", declarou.
Antes da era Gorbachev, todas as lutas de libertação no chamado bloco oriental foram reprimidas brutalmente pela União Soviética. Segundo Axel Klausmeier, os protestos históricos na cidade alemã de Leipzig, em outubro de 1989, foram cruciais para a queda do Muro de Berlim.
"O medo em Leipzig, a 9 de outubro, foi enorme, porque não se sabia como o regime reagiria a um protesto com 70.000 manifestantes. Como essa manifestação não foi reprimida, a oposição teve a sensação de que havia vencido. É o que dizem muitas testemunhas", recorda.
A queda de Erich Honecker
Poucos dias depois, caiu o chefe de Estado e líder do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED) Erich Honecker. O seu sucessor, Egon Krenz, deu sinas de querer conversar com ativistas dos direitos civis.
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A 4 de novembro, a Praça Alexanderplatz, em Berlim, foi o palco da maior manifestação da história da RDA. Cerca de meio milhão de participantes aplaudiram os oradores da oposição e vaiaram os representantes do sistema - entre eles Günter Schabowski, diretor do Partido da Unidade Socialista da Alemanha, em Berlim Oriental.
Foi este dirigente que anunciou a nova regulamentação para viagens, em 9 de novembro de 1989: "Viagens privadas a países estrangeiros podem ser solicitadas sem pré-requisitos, permissão de viagens ou razões de parentesco. As licenças serão emitidas em curto prazo. Que eu saiba, isso se aplica imediatamente, imediatamente."
O caminho para a liberdade foi aberto sem nenhum tiro e nunca mais foi fechado. A Guerra Fria terminou com o colapso da União Soviética, no final de 1991. Um ciclo histórico iniciado em 1985, quando Michail Gorbachev assumiu o poder. O ex-líder soviético foi homenageado em 1990 com o Prémio Nobel da Paz.
Dez razões para amar Berlim
A capital alemã é muitas coisas: sede do Governo, metrópole cultural, centro de vida noturna. Mas, acima de tudo, ela é eletrizante, uma cidade em constante mutação. Talvez, por isso, os turistas gostem tanto dela.
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1. Museus e galerias
Rodeada pelo rio Spree, a Ilha dos Museus de Berlim foi nomeada Património Mundial pela UNESCO em 1999. Lá, é possível admirar tesouros artístico de todo o mundo, como um busto da rainha egípcia Nefertiti e o Altar de Pérgamo, construído entre 160 e 180 a.C. em homenagem a Zeus, o reio do Olimpo. Berlim tem ainda outros 175 museus e cerca de 300 galerias de arte.
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2. Diversidade cultural
Cosmopolita, ricamente colorida e com um entusiasmo pela vida — assim Berlim apresenta-se durante o festival Carnaval das Culturas. Cerca de 180 nacionalidades chamam a cidade de casa. E todo o mês de maio eles — recém-chegados e berlinenses estabelecidos — celebram o que é, provavelmente, a melhor festa de rua da cidade.
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3. Vista do alto
A torre "Fernsehturm" (torre de televisão), com seus 368 metros de altura é a estrutura mais alta da Alemanha. Num dia claro, a plataforma de observação oferece visibilidade de até 40 quilómetros. Acima da plataforma, fica um restaurante numa placa giratória, que realiza uma rotação a cada 30 minutos.
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4. Memória preservada
O Memorial do Holocausto, composto por 2.711 placas de concreto para lembrar os seis milhões de judeus mortos pela Alemanha nazista, é o memorial mais visitado de Berlim. Outros monumentos incluem os dedicados às Forças Aliadas (EUA, Rússia, Inglaterra e França) que libertaram Berlim na Segunda Guerra Mundial, aos que morreram tentando escapar pelo muro e aos heróis da força aérea de Berlim.
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5. Um lugar feliz
Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, artistas de todo o mundo pintaram sobre a brarreira de concreto que dividia as duas partes de Berlim (Leste e Oeste). A East Side Gallery é até hoje a mais longa galeria ao ar livre do mundo. A arte criada espontaneamente ainda reflete a alegria que se espalhou por toda a Berlim com a queda do Muro e o fim da Guerra Fria entre comunismo e economia de mercado.
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6. Em constante mutação
Desde a Reunificação, em 1990, os guindastes não param: a Potsdamer Platz foi reconstruída, o Reichstag (prédio do Parlamento alemão) ganhou uma cúpula e o quarteirão do governo foi construído. O Palácio de Berlim ("Stadtschloss"), que deverá ser concluído em 2019. Mas ninguém sabe ainda, porém, quando o novo e muito atrasado aeroporto de Berlim (BER) em Schönefeld estará pronto.
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7. Vida noturna
A vida noturna de Berlim, conhecida como uma das mais excitantes do mundo, oferece diversão para todos os gostos, do indie rock ao hip hop e house. Alguns dos melhores DJs do mundo tocam em clubes como o famoso Berghain. Muitas pessoas vão a Berlim só para isso — elas chegam à cidade na sexta-feira à noite e passam o fim de semana inteiro na balada antes de voltarem para casa.
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8. Tapete vermelho
Em fevereiro, Berlim coloca tapetes vermelhos para receber estrelas do cinema. Desde 1951, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, conhecido como Berlinale, é um dos principais do mundo. Muitas estrelas do cinema amam a cidade.
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9. Capital canina
Cerca de 100 mil cães vivem na cidade. Mas quando os berlinenses dizem que "ladram, mas não mordem", eles estão se referindo a eles próprios. Os moradores são conhecidos por não serem muito simpáticos: "Berliner Schnauze", o termo em alemão para focinho, é usado para caracterizar a rispidez no trato considerada típica do berlinense.
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10. Berlim verde
Há mais de 2.500 jardins e parques em Berlim, como o pequeno "Prinzessinnengarten". Esse antigo terreno baldio no bairro de Kreuzberg foi transformado em um jardim orgânico, em que mais de 500 tipos de vegetais são cultivados por centenas de voluntários locais.