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O difícil combate à malária em Angola

António Carlos Moura (Luanda)12 de março de 2014

O paludismo é um grande desafio para as autoridades sanitárias. Apesar de uma rede cada vez maior de hospitais equipados e a divulgação da necessidade do uso de redes impregnadas com inseticida, os avanços são lentos.

Malaria Schnelltest
Foto: picture-alliance/dpa

Mais de 60 mil casos de malária foram diagnosticados nos dois primeiros meses de 2014 só em Luanda, a capital angolana.

Este número representa quase a metade do total registado durante o ano passado, razão suficiente para as autoridades estarem preocupadas. Desde 2007, as autoridades previam um quadro de menos infecção na capital.

“Em 2013, nos municípios e distritos que compõem a província de Luanda, tivemos em torno de um milhão e cem mil casos de malária diagnosticados, o que representa 30% de todo o país”, revelou a diretora da saúde de Luanda, Rosa Bessa.

A responsável referiu ainda que se registaram mais casos nos últimos tempos “devido às condições do meio ambiente que favorecem a reprodução de larvas e que no final dão origem ao vetor, ou seja, a um mosquito adulto”.

Aposta na prevenção

Entre os médicos especialistas da malária, há a convicção de que se deve trabalhar cada vez mais na prevenção da doença, como refere a directora geral do Hospital Kilamba Kiaxi, Ermelinda Ferreira.

O mosquito Anopheles é o agente transmissor da maláriaFoto: picture-alliance/dpa/ Birgit Betzelt/actionmedeor

“Deve haver maior empenho de todas as forças de poder local, por exemplo num distrito ou num município, de forma a que a prevenção da malária seja mais divulgada e com a a participação de toda a gente”, alertou.

No entanto, a questão considerada fundamental é a falta de saneamento básico em muitos lugares da capital, o que acaba por estar na origem dos muitos casos hoje diagnosticados.

“Os municípios que têm um maior número de doentes são aqueles que têm uma sanidade precária”, conformou o diretor clínico do Hospital de Viana, Mateus Campos.

Doença mais mortífera em Angola

A malária é a doença que mais mata em Angola. É endémica nas 18 províncias do país. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão mais elevada regista-se nas províncias de Cabinda, Uíge, Malange, Kuanza Norte, Lunda Norte e Sul Namibe, Cunene, Huíla e Kuando Kubango.

Uso de redes mosquiteiras pode reduzir em 20% a mortalidade infantilFoto: Mirjam Gehrke

A situação agrava-se durante a estação das chuvas, com pico entre os meses de janeiro e maio.

A OMS alerta que o uso de redes mosquiteiras pode reduzir em 20% a mortalidade infantil. Mas em zonas do interior do país, muitos pescadores usam essas redes mosquiteiras para a pesca, ignorando completamente a sua utilidade na luta contra a malária.


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