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O Futuro do Sul do Sudão

24 de janeiro de 2011

Os sudaneses do sul já decidiram que se querem separar dos do norte. Mas reina a incerteza quanto ao seu futuro. O que os espera?

A foto mostra sudaneses do sul numa fila de votação durante o referendoFoto: picture alliance/dpa
Um campo de refugiados do Darfur no norte do SudãoFoto: AP

O ambiente em certas ruas comerciais da capital do Sudão, Cartum, alterou-se visivelmente nos últimos meses. Hoje em dia estão mais vazias e menos coloridas, depois dos comerciantes do sul terem feito as malas e partido, como fizeram também centenas de milhares de refugiados que viviam no norte do país.

Um comerciante conta que o seu vizinho também se foi embora: "O problema era a política, não o dia a dia das pessoas. E agora sinto a sua falta, de repente isto ficou muito vazio”.

Em 2005 o acordo de paz entre o governo de Cartum e o Exército popular de Libertação do sul do Sudão (SPLA), pôs termo a mais de 20 anos de guerra civil.

Depois disso alguns sudaneses do sul passaram a fazer parte do novo governo de unidade nacional, o que aconteceu pela primeira vez. Aumentou a liberdade de imprensa e a vida cultural.

Em Abril do ano passado realizaram-se eleições legislativas, que na opinião de muitos observadores foram manipuladas. O governo começou a meter medo às pessoas. Por exemplo o presidente Omar al-Baschir, declarou, já antes do referendo, que se o sul se separasse, alteraria a Constituição. Tudo aquilo que pertencesse ao sul, iria para lá e lembrou que a Scharia é a base das suas leis.

Sudanesas durante uma manifestação. Muitas vezes os seus direitos não são respeitados no paísFoto: AP

A mulher e o Islão no Sudão

Um regresso a um Islão fortemente conservador iria atingir sobretudo as mulheres. Em Dezembro circulou no Sudão um vídeo em que se via uma jovem a ser chicoteada. O seu crime fora passear em público na companhia do seu noivo. Zeinab Saleh, uma jovem jornalista, que acompanhou este caso, teme agora o pior, e ela lembra que a jovem foi tratada como uma prostituta.

Para Saleh no país há um receio para com as mulheres; porque elas constituem um problema. A jornalista questiona: "Como é que se pode viver numa tal sociedade?"

Ahmad Mahmoud, um jovem cantor muito popular no norte, acha que a separação será uma perda dolorosa para o Sudão, não apenas do ponto de vista político, mas também cultural. O cantor diz: „Lamento que o Sudão tenha perdido a oportunidade de vir a ser um dia um país como os EUA, por exemplo. Durante séculos vivemos juntos, como um só povo, com dúzias de tribos diferentes que falavam línguas diferentes. E nem sequer aprendemos todos a dizer uma palavra simples, como „obrigado“ numa única língua."

Autor: Esther Saoub/Carlos Martins
Revisão: Nádia Issufo/Johannes Beck

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