O "lobolo" entra na era das novas tecnologias
16 de março de 2015 A app calcula o dote que deve ser pago por uma mulher, o que inclui quantas vacas e a quantia em dinheiro que deverão ser entregues. No entanto, nem todos estão convencidos de que a aplicação irá substituir as formas tradicionais de cálculo do dote.
Chama-se "Lobola Calculator" a aplicação criada pelo programador sul-africano Robert Matsaneng, de 26 anos, que tem dado que falar dentro e fora do país.
O "lobolo" é o dote que a família do noivo paga à família da noiva para poder casar com ela. Uma tradição que existe há séculos. É a família da noiva que decide quanto dinheiro e quantos vacas pretende pedir. Mas o valor pago é diferente de cultura para cultura.
Quanto vale uma mulher?
A aplicação de Matsaneng chegou para mudar tudo isso. O jovem diz que o seu programa consegue calcular quanto vale uma mulher recorrendo apenas aos seus atributos físicos, nível de escolaridade e história conjugal:
"São feitas perguntas sobre o físico, como a altura, a idade, o peso e a medida da cintura. A partir daí são feitas algumas perguntas pessoais e outras ligadas ao grau de escolaridade. E também é perguntado se já foi casada e se tem filhos. Depois, basta pressionar 'prosseguir o teste' e será mostrado o resultado."
De acordo com a aplicação, uma mulher de 25 anos que tenha um emprego, pese 55 quilos, tenha 1,65 metros de altura, se considere muito bonita, tenha completado o liceu e tenha filhos, o seu dote vale apenas 500 dólares e nenhuma vaca.
Mas se uma mulher semelhante tiver um nível de escolaridade melhor, não tiver filhos e nunca tiver sido casada poderá receber 4.000 dólares e cinco vacas.
O jovem Noel Mackenzie é um dos que não esconde o seu entusiasmo pela aplicação e considera-a “brilhante”, antes de acrescentar que “mostra que não vamos ser enganados, uma vez que haverá uma forma científica de cálculo destes dotes."
"Método tracidional ainda é o melhor"
Tradicionalmente, beleza e educação não são tidos em conta na hora de decidir sobre o dote, lembra a ativista dos direitos das mulheres Nomalanga Dlamini:
"Acho que o método tradicional é melhor porque, honestamente, a aplicação não pode prever que tipo de esposa uma mulher será, se vai ser honesta ou se vai ser teimosa ou o que quer que seja."
O programador Robert Matsaneng concorda. E garante que a sua aplicação não pretende substituir a forma tradicional de cálculo do lobolo. Segundo ele "a cultura é demasiado importante para ser substituída por um programa de software."