Especialista acredita num período confuso a partir do dia 19.01, data marcada para Yahya Jammeh deixar o poder.
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A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pondera a possibilidade de intervenção militar, segundo agências internacionais. Esta terça-feira, o Presidente Yahya Jammeh decretou estado de emergência e falou numa "ingerência estrangeira", o que aumenta o temor de um intervenção militar no país.
Antes disso, Alex Vines, especialista em África do Instituto Real de Relações Internacionais de Londres, já previa "um período confuso após o dia 19 de janeiro", quando ocorre a cerimónia de posse do Presidente gambiano eleito.
O especialista diz que Jammeh, há 22 anos no poder, e os seus apoiantes consideram que o Presidente "deva permanecer no cargo até a decisão da Suprema Corte sobre seu pedido" de anulação das eleições de 1 de dezembro. "O que significa que teremos uma oposição entre os apoiadores de Jammeh e os adeptos de Adama Barrow", acrescenta Alex Vines.
Além disso, o especialista acredita que "a curto prazo surgirão mais esforços para mediação". De facto, ministros já renunciaram ao Governo do Presidente Yahya Jammeh, de acordo com a televisão estatal da Gâmbia e a situação política permanece tensa, à medida em que cresce a incerteza sobre o futuro da liderança do país.
Anulação das eleições
Adama Barrow deverá assumir o poder a 19 de janeiro. Mas o Presidente cessante espera que a Suprema Corte considere a petição que o seu partido apresentou, rejeitando a vitória de seu opositor e pedindo a anulação legal das eleições de 1 de dezembro com a realização de novas eleições.
Na semana passada, chefes de Estado da CEDEAO visitaram a Gâmbia para tentar persuadir Jammeh a deixar o cargo, mas o intento falhou.
Por causa da crise, centenas de gambianos já começaram a abandonar o país em direção ao Senegal e à Guiné-Bissau. Também Adama Barrow, a quem o chefe de Estado cessante recusa ceder o poder, foi acolhido no último domingo (15.01) pelas autoridades senegalesas.
"O Senegal tem contribuído muito para a pluralidade política e tem um histórico de pobres relações com a Gâmbia e, particularmente, com Yahya Jammeh. Por isso, penso não ser coincidência o Presidente eleito da Gâmbia, Adama Barrow, ser agora acolhido no Senegal", explicou Vines, especialista em África do Instituto Real de Relações Internacionais de Londres.
Insatisfação na Gâmbia
Jammeh 17.01 - MP3-Mono
Muitos gambianos declaram-se insatisfeitos e já começaram a deixar o país rumo ao Senegal, temendo, inclusive, a perseguição política, a exemplo do co-fundador do movimento "A Gambia já decidiu" (#Gambiahasdecided), o advogado Salieu Taal.
"O ex-Presidente Jammeh não tem poder, é um cidadão como qualquer outro; não possui status especial diante da corte. Ele tem se negado a aceitar a vontade do povo da Gâmbia", disse Taal em entrevista à DW.
2012: Eleições no Senegal
Em 25 de março de 2012, Macky Sall venceu a segunda volta das presidenciais no Senegal. Abdoulaye Wade aceitou a derrota e angariou simpatia mundial. Comunidade internacional elogia votação.
Foto: AP
Sall vence segunda volta - Wade aceita derrota
No último domingo (25.03), Macky Sall venceu a segunda volta das presidenciais no Senegal. Abdoulaye Wade aceitou a derrota e angariou simpatia mundial. O presidente da comissão da UA, Jean Ping, falou sobre "maturidade da democracia". O porta-voz da UE, Michael Mann, considerou "um muito bom exemplo". O líder francês, Nicolas Sarkozy, felicitou Wade.
Foto: REUTERS
Declarações do presidente eleito
"Nesta noite de domingo, um resultado saiu das urnas, o grande vencedor é o povo senegalês", declarou Macky Sall numa conferência de imprensa garantindo que será "o presidente de todos os senegaleses". O sufrágio presidencial decorreu de forma pacífica no Senegal e tem sido elogiado pela comunidade internacional.
Foto: REUTERS
Manifestações de apoio a Sall
Apoiadores do candidato da oposição e vencedor das presidenciais 2012 manifestam alegria com a vitória de Macky Sall, que venceu na segunda volta do escrutínio. Os partidários de Sall quiseram mostrar ao mundo sua satisfação com a vitória.
Foto: REUTERS
Macky Sall novo presidente do Senegal - Abdoulaye Wade abandona o poder
O ex-primeiro-ministro do Senegal, Macky Sall, foi eleito no domingo (25.03) presidente do país, colocando fim a 12 anos de poder de Abdoulaye Wade. Este reconheceu a sua derrota nas eleições presidenciais no país, quando os primeiros resultados deram conta de um grande avanço de Macky Sall. Wade candidatava-se a um terceiro mandato, mas foi obrigado a disputar uma segunda volta com Sall.
Foto: AP
Festa nas ruas
Momentos depois de Abdoulaye Wade admitir a derrota nas presidenciais 2012, milhares de pessoas invadiram as ruas da sede do partido político de Macky Sall, cantando, dançando e fazendo soar alto as buzinas dos carros. Os observadores não esperavam que Wade aceitasse a derrota. Apesar de um período pré-eleitoral marcado por protestos e tensão, o escrutínio decorreu de forma pacífica no Senegal.
Foto: REUTERS
Abdoulaye Wade admite derrota e parabeniza rival
O presidente do Senegal, Abdulaye Wade, admitiu a derrota nas eleições presidenciais do último domingo (25.03), quando os primeiros resultados davam conta de um grande avanço do adversário Macky Sall. Segundo a Agência Noticiosa do Senegal, Wade telefonou ao rival para felicitá-lo.
Foto: Reuters
Wade busca votos de última hora
Dias antes da segunda volta das eleições, o presidente do Senegal Abdoulaye Wade foi ao subúrbio de Dacar angariar votos. Apesar do esforço, Wade perdeu o cargo mais importante do país para o rival Macky Sall.
Foto: AP
Segunda volta no Senegal
A candidatura de Abdoulaye Wade para um terceiro mandato não foi bem acolhida no Senegal. A taxa de participação, segundo dados da Comissão Eleitoral Nacional Autónoma (CENA), foi inferior à das presidenciais de 2007. Segundo resultados da primeira volta destas presidenciais (26.02), Wade conquistou 34,8 % dos votos. Macky Sall reuniu 25,5 %.
Foto: Reuters
Macky Sall - de apoiante de Wade a opositor e sucessor
Macky Sall disputou e venceu as presidenciais do Senegal como oposição, mas já foi aliado e até primeiro-ministro de Wade. Macky Sall, de 50 anos de idade, terminou a sua aliança com Wade no ano de 2008. Esteve na presidência da Câmara Municipal da cidade de Fatick, no oeste do Senegal, e agora irá ocupar o cargo mais importante de seu país.
Foto: dapd
Insatisfação popular - repressão
A terceira candidatura de Abdoulaye Wade originou protestos no Senegal. Em 15.02, a polícia reprimiu manifestações em Dacar. Depois da violência pré-eleitoral, que deixou cerca de 15 mortos, segundo diferentes fontes, as duas voltas das presidenciais decorreram num ambiente calmo. (Autores: Johannes Beck/Carla Fernandes/Cris Vieira/LUSA/Reuters Edição: Helena Gouveia/Renate Krieger)