O grupo económico formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul será liderado pelos sul-africanos este ano. Mas que importância tem o país africano neste contexto?
Publicidade
Neste novo ano, os sul-africanos assumem a presidência rotativa dos BRICS, o grupo de economias emergentes composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Embora muitos analistas perguntem porque é que a Nigéria ou o Egito, que são as maiores economias africanas, não fazem parte dos BRICS, Jakkie Cilliers, chefe do Programa Africano de Inovação do Instituto de Estudos de Segurança, na África do Sul, explica que nem tudo é uma questão económica.
"Eu acho que países como a Nigéria, que agora tem uma economia maior do que a África do Sul, têm uma política externa incoerente e muitos desafios internos. Isso leva os outros BRICS a pensar que provavelmente a Nigéria tem pouco a acrescentar ao grupo", diz.
Além disso, reforça Cilliers, "há esperança numa nova liderança na África do Sul, com Cyril Ramaphosa, que foi eleito Presidente do Congresso Nacional Africano, e que pode substituir Jacob Zuma como chefe de Estado. E nesse caso teremos um novo gabinete e um novo compromisso com os BRICS. Isso será certamente algo importante para a África do Sul".
O peso da África do Sul nos BRICS
A importância dos BRICS
Os analistas não esperam grandes avanços no grupo formado pelas economias emergentes. No início da década, aqueles países juntaram-se com uma coisa em mente: protegerem-se contra potenciais atividades de espionagem da Europa e dos Estados Unidos.
Dos projetos ambiciosos iniciais, do papel saiu apenas o Novo Banco de Desenvolvimento, uma instituição financeira com sede em Shangai que pretende ser a alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional.
Apesar de muitos países e instituições considerarem os BRICS um projeto obsoleto, Jakkie Cilliers, acredita que este grupo manterá papel ativo. "Os BRICS continuam a ser importantes no cenário global do G20, porque é um contrapeso para o grupo do G7", prevê.
Em 2017, a participação destes países na economia global foi de 23,6% e em 2022 estima-se que essa quota aumente para 26,8%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas em termos populacionais, os números são mais robustos: em 2015 os BRICS representavam 41% do total da população mundial.
"Principal nação de África"
Apesar dos números, existe um grande desequilíbrio dentro dos países do grupo. Os dados económicos da China, por exemplo, correspondem a quase dois terços do desempenho económico dos BRICS.
A cada seis meses, a economia chinesa cresce o mesmo tamanho que a produção total económica da África do Sul, que contribui com cerca de 3% do desempenho económico do grupo. Mesmo assim, a África do Sul é considerada "a principal nação de África", segundo Jakkie Cilliers.
"Certamente para a África do Sul os BRICS são importantes e, se olharmos para os vários membros, todos dependeram de certa forma do peso económico da China que penso ser o parceiro comercial número um de todos", ressalta o analista, concluindo que "toda a gente tenta beneficiar dessa relação especial com a China" e que "nenhum outro compromisso fornece essa possibilidade".
Joanesburgo, entre a decadência e a revitalização
Joanesburgo ainda luta com os efeitos do apartheid. A cidade tenta parar o declínio dos bairros decadentes e trazer o perigoso centro de volta à vida.
Foto: DW/T. Hasel
Entre a decadência e a ressurreição
Joanesburgo ainda luta com os efeitos do apartheid. A cidade tenta parar o declínio dos bairros decadentes e trazer o perigoso centro de volta à vida. Fundada em 1886 após a descoberta de enormes jazidas de ouro, Joanesburgo já teve várias fases de boom e momentos de profunda depressão. Isso mostram os vários edifícios construídos em diferentes estilos arquitetónicos.
Foto: DW/T. Hasel
Vida nova nas ruínas industriais
A última e maior das três centrais termoelétricas de Joanesburgo, no coração da cidade, gerou eletricidade para a metrópole entre 1934 e 1942. Depois, o prédio industrial decaiu, até que foi restaurado há dez anos. Desde 2007, a construção abriga a sede da mineradora Anglo Gold Ashanti, a terceira maior produtora de ouro do mundo.
Foto: DW/T. Hasel
Destruídos e abandonados
A fachada neobarroca do hotel Cosmopolitan, construído entre 1899 e 1902, reflete o otimismo que surgiu em Joanesburgo na época da corrida do ouro. A casa em estilo vitoriano, que antigamente abrigava um pub, foi popular entre os operadores de minas por muito tempo. Durante décadas entregue à deterioração, há planos de restaurar a casa e voltar a usá-la.
Foto: DW/T. Hasel
Mercado no centro da cidade
Após o fim do apartheid, muitos bancos e empresas sul-africanos deixaram o centro de Joanesburgo e se estabeleceram no norte da cidade. Muitos sul-africanos negros das favelas e townships (áreas urbanas que foram guetos durante o apartheid), mudaram-se para o centro. Atualmente, eles revitalizaram o centro com uma abundância de pequenas lojas.
Foto: DW/T. Hasel
Brilho fresco
Nas casas de Fietas, subúrbio de Joanesburgo, as lojas e oficinas ficam no piso térreo e os apartamentos, no primeiro andar. Nos anos 60 e 70, o regime do apartheid desalojou quase todos os moradores do bairro, para abrir espaço para os brancos. Uma grande parte das casas foi destruída. O Museu Fietas é um dos poucos edifícios que sobreviveram no estilo original.
Foto: DW/T. Hasel
Uma casa alemã
Em 1935, o arquiteto alemão Wilhelm Pabst fugiu dos nazistas da Alemanha e emigrou para Joanesburgo. Na bagagem, tinha trazido um estilo expressionista, que usou quando ergueu, em 1948, a Chinese United Club Mansion (foto), na época em Chinatown, no centro da cidade.
Foto: DW/T. Hasel
Pistolas diante da tela
O cinema Avalon, no distrito Fordburg, é uma relíquia de uma época em que Joanesburgo ainda era cheia de pequenas salas de cinema. Com a saída de muitos sul-africanos brancos do centro da cidade no início dos anos 90, muitos cinemas fecharam, foram demolidos ou dedicados a novos usos. O Avalon é atualmente uma loja de armas.
Foto: DW/T. Hasel
De endereço chique a casa dos horrores
Dificilmente um edifício simboliza tanto a ascensão, queda e possível renascimento de Joanesburgo como o Ponte City, no distrito de Hillbrow. Inaugurado em 1975, o edifício alto e redondo figurava entre os melhores endereços da cidade. Após o fim do apartheid, em 1994, a construção degenerou e passou a ser considerada extremamente insegura. Atualmente, o prédio é muito popular entre os estudantes.
Foto: DW/T. Hasel
Seguindo os passos de Nelson Mandela
À primeira vista insignificante, o prédio da Chancellor House é historicamente importante. Em 1952, Nelson Mandela e Oliver Tambo abriram aqui o primeiro escritório de advocacia liderado por negros na África do Sul. Na década de 1990, os últimos inquilinos se mudaram daqui. A casa foi ocupada ilegalmente e foi se deteriorando até pegar fogo. Atualmente, o edifício renovado abriga um museu.
Foto: DW/T. Hasel
À espera de novos moradores
Uma visão típica do centro de Joanesburgo: prédios da época do boom da cidade no início do século XX, que no fim do apartheid foram abandonados e negligenciados. Só recentemente as casas antigas têm sido compradas por investidores e parcialmente recompostas.
Foto: DW/T. Hasel
Vestígios do passado
"Lies Beeld", lê-se nesta placa enferrujada de propaganda no centro de Joanesburgo. Publicado na língua africâner (afrikaans), o jornal sensacionalista Beeld foi e é um dos mais lidos na África do Sul. A primeira edição chegou ao mercado em 1974. A publicação é lida, principalmente, por sul-africanos brancos.
Foto: DW/T. Hasel
Testemunhas do terror
Edifício transparente com um passado cruel: durante o apartheid muitos presos políticos foram interrogados, abusados e torturados no 10º andar do prédio da polícia no centro de Joanesburgo. Oito deles morreram, entre os quais o ativista Steve Biko. Um deles foi lançado do 10º andar por seus algozes.