"O petróleo vai tirar-nos da crise", diz economista angolano
19 de agosto de 2019
Consultora inglesa prevê que Angola vai permanecer em recessão até 2020. Para economista, o aumento da produção do petróleo pode ajudar o país a superar a crise. Serão também necessárias reformas mais profundas.
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A Economist Intelligence Unit (EIU) prevê que a economia de Angola vai permanecer em recessão até 2020. A perspetiva económica fraca segue os crescimentos negativos nos últimos anos, que foram impulsionados pela descida do preço do petróleo desde 2014.
No ano passado, a recessão foi de 1,2%, segundo o Instituto Nacional de Estatística e, nos primeiros três meses deste ano, a economia angolana voltou a entrar no vermelho com uma contração de 0,4%. Em 2018, a produção de petróleo caiu quase 10%, e atrair investimento externo para os recursos petrolíferos continua difícil.
"O petróleo vai tirar-nos da crise", diz economista angolano
O economista angolano Yuri Quixima frisa que "o problema da economia de Angola é o não aumento da produção do petróleo, independentemente de o preço ter crescido consideravelmente comparando com o último semestre de 2014, no início da crise do petróleo."
"Os pilares que fazem crescer a economia de Angola ainda não estão bem patentes. Por exemplo, o consumo alimentado pelas receitas petrolíferas e a dívida da China. E esses dois elementos estão a cair cada vez mais em função da queda da produção petrolífera", acrescenta Quixima.
Mais petróleo é a solução?
O economista Precioso Domingos partilha da mesma opinião. "É necessário lidar com os problemas ao nível da produção. Não há setor não-petrolífero que possa compensar isso", afirma em entrevista à DW.
Segundo Domingos, o petróleo pode ser o grande salvador da economia: "Aquilo que o Governo entende como sendo a causa da crise em Angola, que é o petróleo, é também o que nos vai tirar dessa crise."
"Tendo em conta as novas medidas que vêm sendo tomadas para recuperar a produção pelos campos marginais e a possibilidade do preço relativamente mais favorável do que há dois anos também pode atrair-se mais investimentos. Isso é o que vai fazer com que, no médio prazo, Angola cresça mais", sublinha.
Jovens angolanos protestam contra gradualismo das autarquias
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A EIU prevê uma vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), nas eleições do próximo ano, e avalia que o Presidente angolano, João Lourenço, vai consolidar "as ligações económicas e de comércio, continuando a assinar acordos com os seus vizinhos."
Mas a consultora inglesa prevê que o "sentimento protecionista e os gargalos logísticos vão continuar, dificultando o crescimento potencial a médio termo", apesar dos esforços para aumentar a presença do setor privado na economia, diversificar a economia e aumentar os fluxos de investimento.
Reformas aquém do esperado
A EIU acrescenta que canalizar os 2 mil milhões de dólares do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) para financiar o desenvolvimento dos municípios é uma decisão sensata, mas representa uma visão de curto prazo, que pode limitar o potencial de investimentos a longo prazo. A consultora inglesa considerou positivas as alterações no Fundo, como a saída de Filomeno dos Santos, filho do antigo chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos, e a criação de uma nova política de investimento para restaurar a credibilidade internacional do FSDEA.
Mas Yuri Quixima lança críticas: "Reduzir o dinheiro do fundo para aplicar nos municípios sem organizar a economia seriam políticas de muito curto prazo", tendo em conta que "as infraestruturas que se vão criar são na sua maior parte estruturas de consumo. Mas não são infraestruturas produtivas com grande impacto a médio e longo prazo no crescimento económico".
Precioso Domingos diz que a aproximação das autárquicas prejudica a realização de reformas económicas estruturais. "O facto de o Presidente ter autarquias em 2020 e querer ser reeleito em 2022 faz com que as medidas de reforma não sejam tão sérias como se esperava. A ousadia do Presidente não vai ser aquela que esperávamos. Vai querer continuar a manter um conjunto de pessoas que ele entende que são estratégicas do ponto de vista de eleições", diz.
O documento produzido pela EIU, a unidade de análise económica da revista inglesa "The Economist", prevê ainda uma inflação de 17,8% para este ano. Os motivos são o enfraquecimento do kwanza e as descidas das taxas de juros. "As medidas para combater a inflação vão ser prejudicadas pela dinâmica cambial, combinada com o corte de julho aos subsídios da eletricidade", diz o texto.
Luanda é a cidade que cresce mais rapidamente em África
Não são necessariamente as cidades mais populosas de África, mas são as que crescem de forma mais rápida, segundo as Nações Unidas. Luanda lidera a lista das cidades com maior crescimento populacional no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
1. Luanda, Angola
Nenhuma cidade africana está a crescer tão rapidamente como Luanda, a capital de Angola. Segundo dados da ONU, vivem aqui mais de 7,7 milhões de pessoas. A idade média dos luandenses é de 20,6 anos. A capital é uma das cidades mais caras do mundo. Mas apenas as elites de Angola beneficiam das grandes reservas de petróleo do país. A população fala em desigualdade social no país.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
2. Yaounde, Camarões
Com 3,6 milhões de habitantes, a capital dos Camarões é muito menor que a de Angola. Os serviços públicos e as representações diplomáticas estão principalmente concentrados na capital. É por isso que Yaoundé desfruta de um padrão de vida e segurança mais elevados do que o resto dos Camarões. É também um ponto central de transferência de mercadorias como café, cacau, tabaco e borracha.
Foto: Dirke Köpp
3. Dar es Salaam, Tanzânia
A população da capital comercial da Tanzânia aumentou mais de seis vezes desde 1978. Dar es Salaam, com mais de seis milhões de habitantes, é a maior cidade da África Oriental e um importante centro económico e comercial para a região. De 2000 a 2018, a população cresceu 166%.
Foto: DW/E. Boniphace
4. Kumasi, Gana
A população da cidade ganesa de Kumasi aumentou onze vezes para três milhões entre 1970 e 2017. Ultrapassou o número de pessoas que vivem na capital, Accra, em 2014 para se tornar a maior cidade do país. A população do Gana está a crescer de forma rápida, especialmente em cidades como Kumasi. A metrópole económica atrai muitas pessoas do norte do país.
Foto: Imago Images/photothek/T. Imo
5. Kampala, Uganda
Kampala, a principal capital de Uganda, fica nas margens do Lago Vitória. A população total da região mais do que duplicou desde o início do século XXI. Muitas pessoas do interior estão a mudar-se para as cidades. Kampala tem uma das maiores taxas de crescimento em todo o mundo. Espera-se que mais de 40 milhões de pessoas vivam na cidade até 2100.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Kabuubi
6. Lusaka, Zâmbia
Lusaka, o centro económico e político da Zâmbia, registou um boom demográfico nos últimos anos. O centro da cidade, nos arredores da Independence Avenue e da Cairo Road, é caracterizado por edifícios comerciais, companhias de seguros, bancos, bolsas de valores, hotéis e cadeias de "fast food" americanas. O setor industrial, os transportes e o artesanato também desempenham um papel importante..
Foto: DW/C. Chimbelu
7. Douala, Camarões
A maior cidade dos Camarões também está entre as dez cidades que mais crescem em África. Douala é o lar do maior porto da África Central, que é vital para a economia do país e toda a Comunidade Económica e Monetária da África Central. É um importante centro financeiro, industrial, comercial, cultural e de tráfego dos Camarões.
Foto: picture-alliance / maxppp
8. Mbuji-Mayi, República Democrática do Congo
Provavelmente não há outro lugar no mundo com tantos diamantes como em Mbuji-Mayi. Os comerciantes de diamantes da cidade congolesa pintam edifícios com imagens brilhantes e bonitas para atrair os mineiros. A cidade tinha apenas 30.000 habitantes em 1960. Até 2018, Mbuji-Mayi deverá ter 2,3 milhões de habitantes. A imigração em massa das áreas vizinhas aumentou drasticamente a população.
Foto: Imago Images/H. Hoogte
9. Antananarivo, Madagáscar
Antananarivo é a maior cidade e capital do Estado insular de Madagáscar. A maioria dos turistas entra e sai do país pelo aeroporto da capital. Apesar de um período de doenças e guerras no século XVIII, a população da cidade cresceu de forma constante. Esse crescimento populacional deve-se sobretudo à saída das pessoas do interior para a capital do país.
Foto: Imago Images/Xinhua
10. Pretória, África do Sul
Por último, mas não menos importante, no top 10 está a cidade de Pretória, uma das três capitais da África do Sul. É a capital administrativa, com reconhecimento também no campo do ensino superior e da investigação. Localizada a norte de Joanesburgo, Pretória é um importante centro comercial e industrial, onde são construídas ferrovias, carros, máquinas e aço.