Quem será o novo Papa?

O debate sobre os possíveis candidatos à chefia da Igreja Católica já começou, um dia depois da morte do Papa Francisco. Uma das questões que se colocam é se será desta vez que é nomeado um Papa africano. O cardeal ganês Peter Turkson, o congolês Fridolin Besungu e o costa-marfinense Ignace Dogbo são nomes citados.

Em entrevista à DW, o padre angolano Daniel Malamba diz que o "Espírito Santo não pode ser travado", mas duvida da escolha de um Papa africano, pelo menos para já.

DW África: Em que circunstâncias conheceu o Papa Francisco?

Padre Daniel Malamba (DM): Isso aconteceu quando estava em Roma a estudar. Várias vezes, em celebrações e até na capela pessoal, tivemos a sorte de poder ir lá ir e rezar juntos com o Papa.

DW África: Que lembranças tem dele?

DM: Quando ele foi nomeado, eu estava em Roma e, de facto, eu tinha feito uma aposta dizendo queadotaria o nome de Francisco.Isso eram previsões que nós fazíamos no colégio. Mas fica realmente a lembrança de um bispo dedicado aos pobres e à realidade dos marginalizados.

DW África: Qual é o legado que bispo de Roma deixa para o continente africano, sobretudo para os PALOP?

DM: Para nós, nos PALOP, ele deixa uma mensagem de reconciliação e de proximidade. Deixa uma mensagem de uma pastoral muito mais próxima dos outros.E nos nossos países dos PALOP, onde há muitas igrejas e seitas, ela deixa uma mensagem de diálogo, não obstante essa diversidade. Ele inaugurou um caminho de diálogo com outras confissões religiosas, com outros irmãos que acreditam em Jesus Cristo, noutras crenças. Eu penso que é uma mensagem ótima para apaziguar também a nossa pastoral, nos PALOP.

DW África: Será que, desta vez, será o momento de África ter um Papa?

DM: Eu não quero travar o Espírito Santo e não quero forçá-lo. Muitas vezes, esses conclaves têm as suas surpresas. Muitas vezes, há gente que entra como "papável" e sai cardeal. 

Como tivemos um Papa da América Latina - o primeiro Papa da América Latina - penso que a Igreja está dando passos muito fortes na consideração da Cristandade dispersa por todo o mundo. Eu não diria que chegou a hora, mas o Espírito Santo dirá quando fora a hora para África.

DW África: O que espera para a Igreja Católica em África, especialmente nos PALOP, com um novo Papa?

DM: Se fosse um brasileiro ou um português, não seria nada mau. Nos PALOP, temos poucos cardeais elegíveis, penso que nisto não temos essa chance, mas o que se espera é que seja um Papa que possa [manter o contacto] com os presidentes dos nossos países e através de conferências episcopais. Espero também que os PALOP estejam entre os primeiros países africanos a serem visitados pelo próximo Papa. Isso seria algo bom, para nos dar um novo ímpeto.