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EducaçãoAngola

O problema do "bullying" nas escolas angolanas

José Adalberto
20 de outubro de 2022

O "bullying" é uma realidade cada vez mais presente nas escolas angolanas, afirma gestora. Hoje é o Dia Mundial de Combate ao Bullying, para lembrar os abusos que muitas crianças, jovens e adultos sofrem diariamente.

Escola no Moxico, Angola
(Foto de arquivo)Foto: Georgina Gomes/DW

Apesar de não haver, em Angola, estatísticas sobre o fenómeno do "bullying" nas escolas, cada vez mais alunos têm rompido o silêncio e denunciado os abusos às direções escolares.

Luísa (nome fictício) conta que foi vítima de bullying na sua escola, em Luanda. A jovem de 15 anos sofreu durante muito tempo com os comentários das colegas sobre as suas roupas e postura.

"Quando chegava à escola, tinha sempre um grupo de colegas que aguardava por mim, fora da escola. Quando eu passava, elas diziam que eu tinha um andar feio, que me apresentava mal, que não sei falar bem, que me visto mal."

Luísa diz que chegou a pensar em pôr fim à sua vida. Mas graças ao apoio das professoras, conseguiu superar a situação.

Outra jovem, Ana (nome fictício), diz ter passado por uma situação idêntica: "Os colegas ficam a gozar comigo. Tem vezes que lançam indiretas, lançam piadas e isso deixa-me desconfortável".

"Bullying" é "enfermidade" que se deve combater

A gestora escolar Irene Cavuquila diz que o "bullying" é uma realidade cada vez mais presente nas instituições de ensino. Os maus-tratos repetidos deixam sequelas psicológicas e físicas.

"Infelizmente, temos muitos alunos que sofrem 'bullying' na escola", afirma Cavuquila. "Temos alunos que já tentaram o suicídio ou tentaram desistir da escola, mas como temos um gabinete psicopedagógico, os professores de psicologia têm estado a trabalhar com esses alunos."

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Em todo o mundo, uma em cada três crianças entre os 13 e os 15 anos é regularmente vítima de "bullying" na escola, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

A organização alerta que a violência escolar, seja ela física ou verbal, priva milhões de jovens do direito fundamental à educação.

Para o psicólogo escolar Nelson Clinton, é urgente que "os gestores escolares, diretores, professores, coordenadores ou qualquer agente da educação olhem para a problemática do 'bullying' como uma enfermidade que se deve combater".

Essa luta deve ser travada com a ajuda de outros setores da sociedade, acrescenta Clinton, "dentro das instituições escolares, religiosas e empresariais."

O "bullying" não se limita às escolas. Também acontece no trabalho e online, nas redes sociais. E é um crime: difamar alguém e incitar ao ódio ou à discriminação são puníveis pela Lei Penal angolana.

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