O que África está a fazer para conter o coronavírus?
19 de março de 2020A grande maioria dos países africanos está a adotar medidas que vão da proibição de circulação dentro e fora do país até à suspensão dos voos internacionais, diz análise feita pela consultora EXX África. O noticiário diário revela que os governos investem em estratégias de consciencialização para que seus cidadãos mudem a rotina e se previnam contra o coronavírus.
Permanece o medo de que surjam infeções em países cujo sistema de saúde é mais frágil, por isso a ordem é não deixar que o vírus entre nos seus territórios. Na Líbia, todos os aeroportos e fronteiras estão encerradas. A Tanzânia cancelou os voos para a Índia, enquanto a Tunísia suspendeu voos e fechou fronteiras.
Entre os países que adotaram as medidas mais significativas está a Eritreia, que "baniu todas as viagens dentro e fora do país" ou a Argélia, que suspendeu todos os voos e ligações marítimas com a Europa.
A Somália anunciou esta semana o seu primeiro caso, fechou escolas e universidades durante duas semanas e desaconselhou as concentrações de pessoas. No Uganda, apesar de ainda não terem sido registados casos, as cerimónias religiosas e as concentrações com mais de 10 pessoas foram suspensas.
A Nigéria, o país mais populoso de África, com 200 milhões de habitantes, anunciou cinco novos casos, somando agora oito. As autoridades suspenderam a entrada de passageiros provenientes de 13 países de alto risco.
Mais três Estados anunciaram as primeiras infeções pelo novo coronavírus - Gâmbia, Zâmbia e Djibuti. Segundo a contagem de agências de notícias, o continente regista mais de 600 casos com 16 mortes em 33 dos 55 países e territórios do continente. A Organização Mundial de Saúde informou que, entre os países com mais casos, estão o Egito, com 166, a Argélia, com 67, a África do Sul, com 62, e Marrocos, com 38.
Situação nos PALOP
A partir de sexta-feira (20.03), Angola fecha todas as fronteiras do país a pessoas devido à necessidade de evitar a importação da covid-19. Os passageiros que desembarcarem nos aeroportos angolanos nesta quinta-feira (19.03) preencherão um formulário para o controlo sanitário obrigatório e ficarão em casa por 14 dias.
A medida de suspensão de fronteiras não abrange voos de carga e a serviço da política externa angolana. Eventos públicos com mais de 200 pessoas estão proibidos. Todos os estabelecimentos públicos e privados, incluindo lojas, escolas, bares e restaurantes que se mantiverem abertos ao público terão de fornecer água corrente e sabão ou desinfetante à base de álcool.
Cabo Verde proíbiu ligações aéreas oriundas de 26 países, incluindo Portugal e Brasil, devido à pandemia do novo coronavírus, segundo resolução do Conselho de Ministros publicada terça-feira em Boletim Oficial.
As principais embaixadas e consulados na cidade da Praia, como Portugal, Estados Unidos da América ou Espanha, começaram a encerrar todos os serviços por tempo indeterminado, como medida preventiva face ao alastramento da pandemia do novo coronavírus.
A Guiné-Bissau fechou as fronteiras e o aeroporto da capital está interditado para aterragens. Escolas públicas e privadas permanecem encerradas, tal como todos os mercados. Foram interditadas piscinas, praias e locais de culto religioso às sextas-feiras, sábados e domingos.
Em São Tomé e Príncipe, o Presidente Evaristo de Carvalho decretou a proibição da entrada no território santomense de voos charter, tripulantes de navios mercantes e passageiros de navios cruzeiros partir desta quinta-feira.
Apesar de não ter casos confirmados, Moçambique elevou o estado de alerta e reforçou as medidas de prevenção de infeções, reforçando a vigilância de fronteira. Os países da África Austral vão tomar medidas mais gravosas para minimizar o impacto económico e social da eclosão da Covid-19 na região, segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo.
"Os países da região estão a tomar estratégias para que esta situação não nos apanhe em contramão e, à medida em que ficamos a saber de novos desenvolvimentos, vamos tomar outras medidas, mais gravosas", declarou Macamo.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 146 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 189 mil pessoas, das quais mais de 7,8 mil morreram.