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O que disseram Daniel Chapo e João Lourenço na ONU?

24 de setembro de 2025

Presidentes de Moçambique e de Angola discursaram na Assembleia-Geral da ONU. Daniel Chapo apresentou Moçambique como exemplo na promoção da democracia. João Lourenço destacou papel de Angola na resolução de conflitos.

Daniel Chapo e João Lourenço na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque
Daniel Chapo e João Lourenço discursaram esta terça-feira (23.09) na Assembleia Geral da ONU em Nova IorqueFoto: UN Photo

Moçambique e Angola marcaram presença esta terça-feira (23.09) na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na cidade norte-americana de Nova Iorque.

O líder moçambicano, Daniel Chapo, foi o primeiro dos dois representantes máximos a subir ao palco e começou o discurso com um balanço da sua visão atual do mundo.

No que toca às alterações climáticas, que têm assolado Moçambique nos últimos anos, Daniel Chapo destacou o parecer histórico do Tribunal Internacional de Justiça, emitido em 23 de julho de 2025, que reafirmou inequivocamente que os Estados têm obrigações jurídicas vinculativas de proteger o clima e o ambiente das emissões de gases com efeito de estufa.

"Este é um marco de importância universal para países como Moçambique está entre aqueles que não têm responsabilidade histórica pela crise climática, mas são os mais afetados pelas suas consequências, como secas, ciclones e inundações. A decisão do Tribunal Mundial é um apelo à justiça climática, é um apelo à solidariedade global", disse.

Moçambique viveu cerca de cinco meses sob tensão social, com manifestações, inicialmente em contestação aos resultados eleitorais de 9 de outubro de 2024, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, saldando-se na morte de 400 pessoas e destruição de bens. Chapo afirmou que o seu país é um exemplo de promoção da democracia em África e que a sua presença nesta assembleia da ONU é resultado de um robusto sistema democrático moçambicano.

Daniel Chapo: " A nossa presença neste pódio é o resultado de um processo livre e transparente"Foto: UN Photo

"Moçambique, como país africano, tem-se destacado na promoção da democracia no continente. Tem trabalhado incansavelmente para facilitar um sistema democrático robusto e realizar eleições regulares e transparentes que reflitam a vontade do seu povo. De facto, a nossa presença neste pódio é o resultado de um processo livre e transparente", afirmou. 

Destacando o compromisso histórico do seu país com o diálogo e a construção de pontes, afirmou que isso é crucial para uma paz duradoura alcançada após décadas de conflito, chamando a atenção para uma consulta pública lançada pelo seu Governo a 10 de setembro.

Chapo terminou a sua intervenção apelando a uma nova arquitetura financeira global capaz de aliviar a dívida, mobilizar recursos financeiros para o desenvolvimento sustentável e a ação climática, bem como corrigir assimetrias históricas e até citou samora machel, o primeiro presidente após a independencia em Moçambique. "A solidariedade internacional não é um ato de caridade, é um ato de unidade entre aliados", lembrou à Assembleia, apelando à comunidade internacional para "renovar o espírito de solidariedade."

Papel de Angola na resolução de conflitos

Após a participação do Vietname, foi a vez do Presidente de Angolasubir ao palco da Assembleia da ONU. João Lourenço começou por convidar os presentes a refletir sobre o verdadeiro significado de renovar o multilateralismo.

As potências mundiais que anteriormente desempenharam um papel crucial na libertação da Europa e dos europeus das garras do nazismo e do fascismo e na libertação de África e dos africanos do regime de apartheid da África do Sul, não podem agir de forma diferente "atacando outros países, invadindo e anexando territórios estrangeiros, ou mesmo financiando e organizando revoltas que podem levar à derrubada de governos legítimos, como testemunhamos atualmente no nosso próprio continente", afirmou.

"Com um precedente tão perigoso, nenhuma instituição regional, continental ou global terá doravante a autoridade moral para chamar à ordem qualquer Estado que viole os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e no direito internacional", declarou.

João Lourenço: "Angola tem trabalhado para resolver conflitos na região do Sahel, no Sudão e no leste da República Democrática do Congo"Foto: UN Photo

O Presidente de Angola abordou os conflitos que assolam o mundo atual, lembrou o papel de Angola na tentativa de resolução de conflitos no continente africano e apontou o dedo aos Estados-membros da ONU: "Angola tem trabalhado para resolver conflitos na região do Sahel, no Sudão e no leste da República Democrática do Congo. Este último conflito e muitos outros são, em grande parte, consequência da passividade dos Estados-Membros perante invasões de territórios de terceiros e interferências na ordem interna de países soberanos."

No encerramento do seu discurso, João Lourenço apoiou a reforma do Conselho de Segurança da ONU, em consonância com a posição comum africana consagrada no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte, adotada há vinte anos. Essa proposta prevê dois assentos permanentes e cinco assentos não permanentes para a África num Conselho alargado - um Conselho mais representativo e alinhado com a realidade geopolítica contemporânea.

O Presidente angolano afirmou ainda que sem este passo, não será possível garantir um Conselho de Segurança mais democrático e equilibrado na ONU.

À lupa: África no Conselho de Segurança da ONU

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