O que espera o mundo do novo Papa Leão XIV?
9 de maio de 2025
Às 18:07 horas em Itália, fumo branco saiu da chaminé da Capela Sistina e os sinos da basílica de São Pedro tocaram a repique, anunciando a escolha do novo Papa.
Ainda antes de se apresentar ao mundo, mais de 150 mil fiéis da Igreja Católica aguardavam na Praça de São Pedro entre lágrimas e sorrisos, pelo novo Papa. "Temos muita fé. Por isso, para nós, o Papa representa realmente a Igreja e nós também estamos aqui", disse Anna, católica italiana. "Fiquei comovida, não imaginava que fosse a este nível", disse também uma turista.
E foi mesmo um momento histórico na Igreja Católica. O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos de Chicago, foi eleito papa pelos 133 cardeais reunidos em Roma e assumiu o nome de Leão XIV. Prevost, de 69 anos é o primeiro norte-americano a chefiar a Igreja Católica.
"A paz esteja convosco. Caríssimos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação de Cristo ressuscitado, o bom pastor, que deu a vida pelo rebanho de Deus. Também eu gostaria que esta saudação de paz entrasse nos vossos corações e chegasse às vossas famílias, a todos os povos, onde quer que se encontrem, a todas as nações, a toda a terra”, declarou o novo Papa.
Reações mundiais
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já felicitou o primeiro Papa norte-americano e disse estar "ansioso" por conhecer Leão XIV. "É uma grande honra saber que ele é o primeiro Papa norte-americano. Que emoção e que grande honra para o nosso país", escreveu Trump na sua rede social Truth Social.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, um católico fervoroso, afirmou que os EUA esperam "aprofundar" a sua já longa relação com o Vaticano após a eleição de Leão XIV. "Este é um momento de profunda importância para a Igreja Católica, que oferece esperança renovada e continuidade, em pleno Ano Jubilar de 2025", acrescentou o chefe da diplomacia norte-americana.
O novo chefe do Governo alemão, Friedrich Merz, felicitou igualmente Prevost, afirmando que traz "esperança e orientação a milhos de crentes". Na Alemanha, "as pessoas veem o seu pontificado com confiança e expetativa positiva", acrescentou o chanceler.
Também os líderes políticos da lusofonia não tardaram em saudar o novo Papa. O Presidente de Angola, Joao Lourenço, desejou que a Igreja Católica continue a ser uma referência do humanismo e que Leão XIV contribua para restituir a paz no mundo e a concórdia entre os povos.
Daniel Chapo, Presidente de Moçambique, afirmou que foi "com alegria e júbilo" que Moçambique recebeu a notícia da eleição do Papa Leão XIV, garantindo a disponibilidade para aprofundar os laços com a Santa Sé.
O chefe de Estado cabo-verdiano espera que Leão XIV seja uma referência num mundo afetado por atribulações. "Que Leão XIV transborde as fronteiras da Igreja e seja uma referência de diálogo, paz e humanismo, neste mundo atribulado dos novos tempos", escreveu José Maria Neves no Facebook.
Já o Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que o novo Papa, Leão XIV, é um continuador do Papa Francisco, de quem era "muito próximo", e alguém com abertura ao mundo, em particular às Américas.
Quem é Robert Francis Prevost?
O cardeal Robert Francis Prevost, agora Papa, e que adotou o nome de Leão XIV, era até agora prefeito do Dicastério para os Bispos, desde 12 de abril de 2023 e é considerado um progressista. Foi ordenado cardeal pelo Papa Francisco no Consistório de 30 de setembro de 2023.
Prevost é conhecido como o "pastor de duas pátrias" devido à sua atuação missionária no Peru durante os anos 80.
Apesar da sua experiência e alinhamento com as ideias do Papa Francisco, o pontificado de Prevost vai enfrentar fortes desafios, sendo considerado sensível a questões como a imigração e a justiça social.
É considerado afável, moderado, reservado mesmo, tendo sido uma das grandes apostas de Francisco, que o nomeou responsável pelos bispos de todo o mundo e pela sua comissão para a América Latina. A sua moderação é encarada como uma ponte entre as fações conservadoras e reformistas da Igreja.
O novo papa tem pela frente uma tarefa importante: para além de afirmar a sua voz moral num palco global dilacerado por conflitos, enfrenta questões candentes da Igreja, desde as contínuas consequências do escândalo dos abusos sexuais até aos balanços financeiros problemáticos do Vaticano.