Foi esta a pergunta que fizemos aos nossos ouvintes e internautas. Uma coisa é certa: 2018 foi um ano bom para muitos, no panorama político, mas a esperança é que seja um prelúdio para um 2019 ainda melhor.
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Uma nova era política em Angola, após eleições históricas. Eleições autárquicas em Moçambique a anteceder eleições gerais no próximo ano e um escrutínio adiado na Guiné-Bissau. São estes os temas do ano para vários ouvintes e internautas que acompanham a DW África.
"Eu acho que Angola está num bom momento político", afirma Pedro Lima. Este habitante de Luanda olha com bons olhos para a "cruzada contra a corrupção" anunciada pelo Presidente João Lourenço.
"Nós, angolanos, já andamos à espera há muito tempo. Estou a ver na governação do novo Presidente João Lourenço, que, efetivamente, Angola está a fazer alguma coisa que antes não acontecia. Havia muita violação dos direitos humanos. Não que agora não haja, mas já não é como antes, e o combate à corrupção é, para mim, uma boa medida."
João Lourenço, o "exonerador implacável"
João Lourenço sucedeu no final do ano passado a José Eduardo dos Santos, que dirigiu Angola durante 38 anos.
Em um ano de mandato, Lourenço afastou governantes, chefias militares e gestores de empresas públicas. Isabel dos Santos e José Filomeno dos Santos, filhos do antigo Presidente angolano, foram dois dos visados. "Zenú" foi colocado entretanto em prisão preventiva, acusado de envolvimento numa transferência ilícita de 500 milhões de dólares.
Daniel Mungula, da província angolana do Uíge, sublinha que o combate à corrupção não é só tarefa do Presidente: "Com o esforço de todos - de instituições como a Procuradoria-Geral da República, da sociedade civil, das organizações governamentais e não-governamentais - vamos reduzir este problema que afeta os direitos básicos dos cidadãos."
Festa após vitória: RENAMO enche as ruas de Nampula
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Moçambique: Eleições autárquicas antes de gerais
2018 foi ano de eleições autárquicas em Moçambique, um dos eventos políticos do ano para muitos dos moçambicanos que acompanham a DW África.
Este escrutínio marcou o regresso da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) às autarquias, com uma nova lei eleitoral em vigor. O maior partido da oposição no país venceu em oito dos 53 municípios.
Agora, a grande expetativa é em relação às eleições gerais, marcadas para 15 de outubro de 2019.
"Quando chegar este processo de eleições, quero apelar a todos os moçambicanos para irem em massa às mesas de voto", pede Samuel José Aníbal, a partir da Beira.
Transparência e paz
Zacarias Felipe Chicuio, outro morador da Beira, pede transparência nas próximas eleições. "Por exemplo, que a Comissão Nacional de Eleições mude, para que o voto funcione, para que [as eleições] não seja[m] somente algo em que o cidadão participe, mas em que também decida."
"Eu vejo que o meu voto não funciona", conclui.
Álvaro dos Santos, de Maputo, diz que as eleições autárquicas deste ano serviram de teste, para saber se Moçambique está preparado para a votação de 2019. A menos de um ano de novas eleições, apela à paz no país.
"Nós, neste país, não gostaríamos de ter mais conflitos. Temos instabilidade em Cabo Delgado, e apesar de que não haver muita informação sobre o que está a acontecer, os nossos cidadãos também estão a morrer. Então, gostaríamos que este processo pudesse andar de boa forma, de forma democrática, para que todos fiquemos felizes."
O que marcou o ano de 2018?
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Mudanças?
Quem também está à espera de eleições são os cidadãos guineenses. As legislativas estiveram previstas para este ano, mas foram adiadas para 10 de março de 2019.
Por isso, Lafu Baldé, de Bissau, encara o próximo ano com expetativa: "2019 é ano de eleições, é bom que essas eleições sirvam para nós. 2019 deve ser um ano de justiça, um ano de emprego para nós, jovens, e um ano de desenvolvimento. Eu espero que 2019 seja um ano de uma mudança, um ano de felicidade."
Em Angola, as últimas eleições trouxeram mudanças. E é isso que também esperam os ouvintes e internautas com quem falámos e que nos seguem em Moçambique e na Guiné-Bissau.
África em 2018: Entre a esperança e o medo
Terrorismo em Moçambique e no Mali, combate à corrupção em Angola e na África do Sul, paz entre a Etiópia e a Eritreia, Camarões e RDC em crise. 2018 foi um ano turbulento em África. Uma retrospetiva em imagens.
Foto: Privat
Combate à corrupção e desigualdade social na África do Sul
No início do ano, o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, cede à pressão do Congresso Nacional Africano (ANC) e abandona o cargo, após nove anos no poder. Tem de responder em tribunal por corrupção, lavagem de dinheiro e fraude. O seu sucessor, Cyril Ramaphosa, lança um plano de reforma agrária para lutar contra as desigualdades sociais no país.
Foto: Reuters/N. Bothma
Reconciliação no Quénia
Em março, o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, e o líder da oposição, Raila Odinga, chegam a acordo para o fim da crise política. A oposição tinha boicotado a repetição das eleições do ano anterior, devido a suspeitas de manipulação. Odinga chega a "tomar posse" como "Presidente do povo", mas os líderes decidem pôr as diferenças de lado para dar início ao "processo de construção do Quénia".
Foto: Reuters/T. Mukoya
Sociedade civil sob pressão na Tanzânia
O Presidente John Magufuli torna-se cada vez mais autoritário e a sociedade civil da Tanzânia enfrenta inúmeras restrições. As mulheres grávidas são proibidas de ir à escola e os homossexuais são cada vez mais reprimidos. No final do ano, várias organizações internacionais suspendem os apoios financeiros ao desenvolvimento do país, exigindo ao Presidente que respeite os direitos humanos.
Foto: DW/V. Natalis
Mais de 20 anos depois, paz entre Etiópia e Eritreia
A companhia aérea "Ethiopian Airlines" chama-lhe "pássaro da paz": em julho, um avião parte de Addis Abeba para Asmara. É o primeiro voo direto entre os dois países vizinhos, antigos rivais. Famílias separadas há anos podem finalmente abraçar-se com o início do processo de reconciliação entre a Etiópia e a Eritreia, pela mão do novo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.
Foto: Ethiopian Broadcasting Corporation
O fim do nepotismo em Angola?
O Presidente angolano, João Lourenço, combate o nepotismo no país. Em setembro, a luta atinge José Filomeno dos Santos, Zenú: o filho do ex-Presidente José Eduardo dos Santos é detido sob acusações de corrupção. A irmã, Isabel dos Santos, já tinha sido exonerada no ano anterior da presidência do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol.
Foto: Grayling
RDC: Joseph Kabila de saída
Após muitos avanços e recuos, o Presidente da República Democrática do Congo anuncia, finalmente, que não vai candidatar-se às eleições de dezembro. O "delfim" do chefe de Estado é o ex-ministro do Interior, Emmanuel Ramazani Shadary. Figuras proeminentes da oposição como Jean-Pierre Bemba e Moïse Katumbi são impedidos de entrar na corrida. E a oposição continua dividida.
Foto: Getty Images/AFP/J.D. Kannah
Extremismo islâmico continua a ameaçar o Mali
A situação de segurança no Mali mantém-se frágil, apesar da presença de tropas internacionais, como os soldados do Exército alemão em missão de treino, na foto. Nas presidenciais de agosto, após ameaças de radicais islâmicos, várias centenas de um total de 23 mil assembleias de voto são encerradas. Após alguns protestos da oposição, o Presidente Ibrahim Boubacar Keïta é empossado novamente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Nobel da paz para Nadia Murad e Denis Mukwege
A defensora dos direitos humanos iraquiana e o médico congolês dedicam a vida à luta contra a violência sexual como arma de guerra. O ginecologista Denis Mukwege trata mulheres vítimas de violência sexual no hospital de Parzi, que fundou no leste da República Democrática do Congo.
Segundo a Amnistia Internacional, 400 pessoas morreram este ano no conflito entre o Governo dos Camarões e separatistas. As escolas estiveram várias vezes de portas fechadas e o mesmo aconteceu com muitas assembleias de voto nas eleições de outubro. Apenas 53% dos camaroneses conseguiram votar. Paul Byia foi eleito para um oitavo mandato na Presidência.
Foto: DW/H. Fotso
Moçambique: Terror em Cabo Delgado
Homens armados desconhecidos atacam esquadras, incendeiam casas e veículos e disparam contra a população na província nortenha. Os atacantes serão maioritariamente muçulmanos, mas as autoridades rejeitam uma ligação entre os ataques em Cabo Delgado e grupos radicais islâmicos. Em outubro, mais de 200 suspeitos de terrorismo são detidos. Onda de violência já fez 100 vítimas mortais.
Foto: Privat
Da Alemanha para África: Revisão das parcerias
Na cimeira de Berlim, em outubro, faz-se um balanço do programa "Compact with Africa" de cooperação alemã com o continente africano. O número de empresas alemãs a investir em África cresce a um ritmo lento. A chanceler Angela Merkel - na foto, entre o Presidente do Ruanda Paul Kagame e Cyril Ramaphosa, da África do Sul - anuncia um novo fundo de investimento de mil milhões de euros.