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O que mudou em Angola com a morte de Jonas Savimbi?

Manuel Luamba
3 de agosto de 2021

Se fosse vivo, Jonas Savimbi faria hoje 87 anos. A falta de água potável, de estradas e de saneamento básico sempre foi atribuída ao fundador da UNITA. Houve alguma mudança em Angola desde que o líder da oposição morreu?

Foto: Getty Images/AFP/T. Samson

A União para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, comemora esta terça-feira (03.08) o aniversário de Jonas Savimbi, seu líder fundador, cujo ato central acontece no próximo sábado (07.08), em Benguela.

Marcial Dachala, porta-voz do maior partido da oposição política angolana, diz que o seu partido vai continuar a transmitir às gerações o legado do antigo presidente.  

"Somos afortunados por sermos os herdeiros de uma grande história, de uma memória que vem de longe cujo símbolo é o Dr. Jonas Savimbi. Por isso, é nosso dever sagrado transmitir às novas e às futuras gerações este rico legado", destaca.

Savimbi estaria a completar 87 anosFoto: AP

O que mudou?

"No que toca à educação, especificamente mais escolas nas comunidades para crianças, quase nada", responde Francisco Teixeira, presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), quando questionado sobre o que mudou em Angola desde a morte de Jonas Savimbi, a 22 de fevereiro de 2002.

"Infelizmente ainda temos muitas crianças a estudar debaixo das árvores, sem contar que temos em Angola mais de três milhões de crianças fora do sistema de ensino, sem contar que temos crianças com atenção especial, como os surdos, mudos e cegos, que não têm acesso ao ensino porque Luanda tem apenas duas escolas de especialidade de ensino especial", sublinha.

Francisco Teixeira acrescenta que o que aumentou nos últimos tempos foi o que chama de comercialização do ensino e "o excesso de colégios não certificados de membros do Governo" angolano. "Constroem-se também menos escolas porque, em função dos colégios, o Estado decidiu construir menos escolas para dar espaço aos seus negócios", lamenta.

Necessidades básicas de muitos angolanos continuam por atenderFoto: DW/J. Adalberto

Necessidades básicas continuam pendentes

O Governo nos seus relicários diz que muita coisa já foi feita desde o surgimento da paz em Angola, em 2002. Assegura que muitas áreas foram tornadas habitáveis com os trabalhos contínuos de desminagem. Além disso, foram construídas muitas escolas, hospitais e estradas. Também fala em livre circulação de pessoas e bens em todo espaço do território nacional.

Nelson Euclides, ativista cívico na província angolana do Moxico, local onde Jonas Savimbi tombou em combate há 19 anos, concorda que mudou alguma coisa. "Hoje, Moxico já tem um pólo universitário, já tem outros institutos privados universitários e já se circula em Angola livremente sem nenhum problema", reconhece.

Mas as necessidades básicas da população, como o saneamento nos centros urbanos, continuam pendentes, sublinha Nelson Euclides: "Os problemas das águas, a falta de luz, a fome continuam ou pioraram."

Em 19 anos de paz, destaca ainda o ativista, "os mesmos municípios, por exemplo aqui no Moxico, que nunca tiveram uma corrente elétrica no tempo de Jonas Savimbi, até hoje não temos".

 

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