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O que os africanos esperam de Trump?

Julia Hahn | tm
20 de janeiro de 2017

A 20 de janeiro, Donald Trump toma posse como presidente dos EUA. O que os africanos esperam dele? A DW perguntou aos africanos pelas redes sociais.

US Präsident Donald Trump
O Presidente eleito dos EUA, Donald Trump.Foto: picture-alliance/Photoshot

Em poucos dias, Donald Trump - e sua imprevisibilidade -  assumirão o comando da Casa Branca. Segundo o declarado plano do Presidente eleito, "América em primeiro lugar", terão prioridade no seu Governo as decisões políticas com benefícios claros para o seu país.

E isso diz respeito também às relações dos EUA com a África. Certo é: o que representará a política externa de Trump para a África, e para a África lusófona, tem sido debatido também no Facebook da DW África:

AC Costa, do Lubango, Angola

"Arrogância e separação dos Estados Unidos e os restantes países do mundo."

Fikiri Dario Gakala, da Tanzânia:

"Devemos estar preparados para tudo, menos para a normalidade. Afinal, ele [Trump] indicou seu genro como consultor."

Rukaiyya Usman Fari Jebuwa, Niger:

"Ele vai surpreender o mundo com seu estilo de liderança, e até mesmo a África."

Patient Paul Ngoyi, da RDC:

"Em seu primeiro mandato, ameaçará seus compatriotas, amigos e determinados parceiros dos EUA. Este é um Presidente que ninguém confia, e principalmente os não-americanos."

Ahishakiye Paul, do Burundi:

"Quando se ouve os discursos de Trump, sabe-se o que ele fará, principalmente com esse estilo de liderança para os conflitos diplomáticos."

A América primeiro. Depois, a África.

Donald Trump ainda não apresentou sua estratégia política para a África - e muitos duvidam que ela exista. "Eu não acho que a África tenha grande prioridade na administração Trump", disse Alex Vines, especialista do Instituto Real de Relações Internacionais (Chatham House), em Londres. "Mas isso também significa que poderemos experimentar continuidade, ao invés de grandes mudanças", explicou.

O que os africanos esperam de Trump? Na Tanzânia, mulheres comentam a eleição nos EUA pelas redes sociais.Foto: Getty Images/AFP/D. Hayduk

Especialistas temem que o plano "A América em primeiro lugar" leve ao rompimento das até aqui estabelecidas relações comerciais com África, e expressam preocupação de que Trump priorize o mercado norte-americano. Além disso, uma vez no cargo, poderá revogar a Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), de 2000, e que facilita o acesso das exportações dos países africanos ao mercado dos EUA.

Com o fim dessas facilidades comerciais, os Estados africanos enfrentariam consideráveis perdas económicas.

O projeto "Power Africa", iniciado pelo presidente Obama para  levar eletricidade ao continente africano, poderá não ter continuidade se Trump levar a cabo o seu lema "América em primeiro lugar". Além da redução nos projetos de desenvolvimento e o apoio orçamental para os países africanos mais pobres, que afetaria sensivelmente populações africanas.

Issayas Fetene, Etiópia:

"Eu espero que Trump - ao contrário de seu antecessor - construa relações baseadas em interesses mútuos. Ele não se envolve nos assuntos internos dos demais países se não tem interesse. Talvez revogue parcialmente o acordo AGOA. Sua política lembra o que a China faz em África".

16.01.2017 Trump /Africa - MP3-Mono

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Athanas Mageleja Yohana, Tanzânia:

"Eu acho que vai mudar muito, principalmente por causa da dependência de nossos países. Poderíamos ter problemas."

Malam Chaya, Nigéria:

"Ele deveria retirar os soldados americanos e outros serviços de segurança da África. É tudo o que pedimos."

Contudo, segundo o especialista em África ouvido pela DW, os EUA não diminuirão o seu engajamento militar no continente, ao menos em relação ao combate ao terrorismo, que "continuará a ser prioridade". Com o campo Lemonnier, em Djibouti, os EUA mantém uma grande base no Corno de África. Também na África Ocidental, o país tem se posicionado na luta contra o terrorismo e os jihadistas; além de estar a construir uma grande base norte-americana de drones no Níger.

Rejeição aos ditadores?

Durante a sua campanha eleitoral, Trump declarou que se ocuparia pessoalmente da prisão dos governantes de longa data do Zimbabué, Robert Mugabe, e do Uganda, Yoweri Museveni. As suas palavras foram muito claras.

Honório Dinis Malungo de Luanda, Angola: 

"Que influecie a queda das ditaduras africanas, começando mesmo com a de Angola."

Nasser Ossemane de Maputo, Moçambique: 

"Espero que corte toda ajuda financeira à ditadura em África."

Sekou Samake, Mali:

"Espero que ele estabeleça boas relações diplomáticas com a Rússia, resolvendo assim, rapidamente, o problema com a Síria."

O que vai mudar com Trump a partir de 20 de janeiro; quais serão suas decisões e com quem deverá trabalhar? "Os média têm discutido a circulação de notícias falsas sobre Trump, e a África não está imune"; disse Alex Vines, do Instituto Chatham House. "Por exemplo, surgiram rumores de que o presidente do Congo-Brazzaville, Sassou Nguesso, seria o primeiro Chefe de Estado africano do qual Trump se ocuparia após sua posse, o que já foi negado pela assessoria do Presidente eleito dos EUA.

Despedida de Barack Obama, em Chicago.Foto: Picture-Alliance/AP Photo/C. R. Arbogast

Nos rastros de Obama

Quando eleito, em 2008, Barack Obama foi celebrado em África como uma estrela: o primeiro Presidente negro dos Estados Unidos, filho de um queniano, uma esperança para o seu "continente de origem". Do mesmo modo, são grande as expetativas sob seu sucessor:

Enock Kangele, Tanzânia:

"Trump deveria seguir os passos de Obama."

Pio Dankala da Tanzânia:

"Eu não tenho dúvidas a respeito da liderança de Donald Trump. Estou ansioso para o 20 de janeiro, quando ele toma posse, pois vai acenar a bandeira norte-americana e escrever a história mundial."

De facto, o papel que a África terá no Governo Trump deverá revelar-se ao longo de sua presença no famoso Salão Oval da Casa Branca, o gabinete oficial do Presidente dos EUA. "Claro, são esperadas surpresas para a África subsaariana, já que Trump e o seu Governo são tão imprevisíveis"; disse o especialista Alex Vines. "Porém, provavelmente, em menor escala do que em outras partes do mundo, onde Trump está mais interessado", concluiu.

*Artigo publicado a 16 de janeiro, atualizado a 20.01.2017

 

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