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Desporto

O que vai mudar num jogo de futebol

Rui Almeida
25 de abril de 2019

Mudam os tempos, evoluem as leis. O futebol procura facilitar a tarefa dos árbitros e diminuir as paragens de jogo. Mas há uma "lei" que não é alterada, e que muito ajuda na direção de uma partida: a lei do bom senso.

Fußball WM 2018 Schiedsrichter  Alireza Faghani
O árbitro iraniano Alireza Faghani, uma das maiores figuras da arbitragem mundialFoto: picture-alliance/AA/S. Karacan

Tornar o futebol mais justo, o jogo mais corrido e a a avaliação de jogadas duvidosas mais clara e límpida. Estes são os objetivos do "International Board” (IFAB) o organismo supranacional que rege as leis do futebol, e que acaba de aprovar um conjunto de alterações que entrarão em vigor já no mês de julho, portanto, no início da temporada 2019/2020.

Mão na bola, golo anulado

Das interpretações mais dúbias, as jogadas de bola com a mão têm agora uma leitura única, em caso de golo: serão sempre anuladas, independentemente de o jogador prevaricador ter ou não intenção de jogar a bola com a mão. Isto é, em qualquer circunstância, desde que a mão tenha intervenção no percurso da bola até ultrapassar a linha de baliza, a jogada (e o golo, claro) serão imediatamente anulados pelos árbitros.

A juíza de campo francesa Stéphanie Frappart, considerada uma das melhores na EuropaFoto: Getty Images/Bongarts/R. Hartmann

Esta interpretação da lei aplica-se não apenas ao jogador que marca, mas a qualquer atleta que prevarique desta forma, com intervenção numa jogada que acabe por resultar em golo. Deste modo, os árbitros terão uma tarefa um pouco mais fácil, justamente porque deixarão de atentar na eventual intenção (ou não) do jogador para jogar a bola com a mão. Mais simples e mais efetivo: qualquer toque com aquele membro será punido.

Vida difícil para os guarda-redes

Em casos de grande penalidade, os guarda-redes terão de estar em contacto com a linha de golo no momento em que a bola é batida da marca de 11 metros, mas apenas com um pé (e não os dois, como até agora). Deixam, portanto, de poder saltitar ao longo da mesma, o que talvez lhes dificulte ainda mais a já de si difícil ação de tentar parar um "penalty".

Para agilizar o jogo, o IFAB determinou igualmente que, nas situações de pontapé de baliza, não seja necessário que a bola saia da grande área para poder ser tocada por outro jogador, que não o marcador. Portanto, torna-se eventualmente mais rápido e ágil o processo de reposição de bola em jogo por este meio, tal como serão mais rápidas, igualmente, as substituições: a partir de agora, o jogador substituído deve abandonar o retângulo de jogo imediatamente pela linha (lateral ou final) mais próxima da sua posição em campo no momento. A estratégia de caminhar vagarosamente ao longo do relvado até à zona onde se encontra o quarto árbitro e o jogador pronto a entrar em campo, muitas vezes utilizada para ganhar algum tempo, deixará, portanto, de poder ser empregue.

Guarda-redes devem ter um dos pés em contacto com a linha de goloFoto: Imago Images/Sven Simon/F. Hörmann

É uma ideia segura: o árbitro é um elemento do jogo. Porém, se até aqui a bola poderia bater no árbitro e o jogo prosseguia sem qualquer interrupção, a partir de julho não será bem assim. Em jogadas em que a "intervenção" fortuita do árbitro provoque uma tal mudança de trajetória da bola que crie uma oportunidade clara de golo, o juíz da partida interrompê-la-á de imediato.

Cartões amarelos e vermelhos também para os "bancos"

As determinações do IFAB incluem, também, as ações disciplinares dos árbitros para os elementos que integram os "bancos" de responsáveis e suplentes. Se até aqui, no caso de técnicos e dirigentes, havia lugar a admoestações e expulsões sem amostragem de cartões, a partir de agora o árbitro mostrará também a estes elementos o cartão amarelo ou o cartão encarnado, numa medida encarada como facilitadora da tarefa dos juízes da partida e, sobretudo, resultando dela uma informação muito mais rigorosa para o público e para os órgãos de comunicação social.

Treinadores e dirigentes passam a ver "amarelos" e "vermelhos"Foto: Getty Images/Bongarts/A. Grimm

Futebol mais claro e jogos mais rápidos

Todas estas alterações às leis do jogo terão ainda de ser publicadas para se tornarem oficiais, mas têm já motivado comentários de apreço por parte de diversos agentes ligados ao futebol: árbitros, dirigentes e jogadores mostram-se tendencialmente favoráveis, considerando que este conjunto de medidas vai tornar o jogo mais fluido e as interrupções menos frequentes e duradoiras, contribuindo, até, para uma cronometragem mais justa, por parte dos juízes de campo, do tempo efetivamente útil de jogo.

Porém, para lá das 17 leis que regem a modalidade, há uma outra, a 18ª, que terá sempre de prevalecer na aplicação prática das restantes: a lei do bom senso. E é com ela que, muitas vezes, os árbitros conseguem ter sucesso na sua difícil missão.

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