No domingo os Senegaleses elegem um novo Presidente. Macky Sall, no poder desde 2012, tem quatro opositores na corrida – o menor número de candidatos numa eleição presidencial no país desde 1988. Saiba quem são.
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Tudo a postos para a primeira volta das eleições presidenciais no Senegal, no domingo, 24 de fevereiro de 2019. Mais de seis milhões e meio de eleitores são chamados a decidir quem vai ser o Presidente nos próximos cinco anos. Embora o Senegal seja considerado o país mais estável da África Ocidental, a campanha eleitoral ficou marcada por tensão e alguns episódios de violência.
Na semana passada, duas pessoas morreram e 24 foram detidas em confrontos em Tambacounda, no sul do país. E o ex-chefe de Estado Abdoulaye Wade pediu aos eleitores que ataquem assembleias de voto e queimem boletins em protesto, depois de o seu filho, Karim Wade, ter sido impedido de se candidatar.
O Presidente cessante, Macky Sall, que se recandidata, condenou os "apelos à violência de certos líderes políticos” e pediu calma aos eleitores. O atual chefe de Estado é já apontado à vitória nestas eleições, depois de as duas mais proeminentes figuras da oposição terem visto as suas candidaturas rejeitadas devido a alegações de corrupção.
Os quatro rivais de Macky Sall
Na corrida continuam quatro candidatos: o principal rival de Sall é o ex-primeiro ministro Idrissa Seck, de 59 anos, derrotado duas vezes em eleições presidenciais. Apostou na promessa de construir hospitais, universidades e centros de saúde nas principais cidades do país.
Recém-chegado à cena política, mas em alta nas sondagens está Ousmane Sonko, de 44 anos. É o candidato mais jovem na corrida. Prometeu renegociar todos os contratos de gás natural e exploração mineira, assinados pelo atual regime.
O candidato mais idoso é Madické Niang, de 65 anos, um advogado que aposta na reforma do sistema judicial. Já Issa Sall, de 63 anos, quer regenerar bairros perigosos e reformar as fábricas de processamento de peixe na costa.
Elogio aos programas eleitorais
O Senegal elege um novo Presidente
São programas eleitorais específicos que agradam ao diretor do WATHI, um think tank pan-africano. Gilles Yabi saúda os esforços dos candidatos que, afirma, não são normalmente visíveis nas eleições em países africanos: "Acho que isto merece elogios. Há muitos elementos relacionados com o sistema de Justiça em todos os programas, como a construção de uma nova prisão e a criação de um programa de reintegração para os detidos após a libertação”. Zabi refere ainda os incentivos e obrigações para as empresas para o recrutamento de pessoas com deficiência e multas se o salário pago não for o estabelecido. "Há definitivamente um esforço para apresentar programas originais”, conclui.
O ministro do Interior, Aly Ngouille Ndiaye, garante que as eleições vão decorrer de forma transparente e que é impossível haver fraude eleitoral. No entanto, na capital, Dacar, muitos residentes não estão convencidos. Há, por exemplo, queixas de atrasos na emissão de boletins de eleitor. "Algumas pessoas estão à espera há dois anos e ainda não receberam os seus cartões”, queixa-se um cidadão interrogado pela DW.
Falta de debate público
100 observadores da União Europeia, da Noruega, da Suíça e do Canadá vão acompanhar as presidenciais no terreno. Os eleitores vão escolher conteúdos e não personalidades, considera a consultora de comunicação internacional Amy Sarr Fall: "Os cidadãos vão questionar-se: quem vai ajudar-me melhor a enfrentar o que me espera depois das eleições? Quem vai ajudar-me a manter o meu negócio eficiente, quem vai ajudar-me a sobreviver numa economia difícil e quem vai ajudar-me a manter o meu emprego?”
Além dos episódios de violência, a campanha fica também marcada pela ausência de um debate televisivo com os cinco candidatos – apesar dos inúmeros apelos dos senegaleses nas redes sociais e de uma petição da sociedade civil para a realização deste evento inédito no país. O Presidente cessante recusou participar e sem a presença de todos os candidatos, o Conselho Nacional de Regulamentação do Audiovisual decidiu que o debate não seria permitido.
2012: Eleições no Senegal
Em 25 de março de 2012, Macky Sall venceu a segunda volta das presidenciais no Senegal. Abdoulaye Wade aceitou a derrota e angariou simpatia mundial. Comunidade internacional elogia votação.
Foto: AP
Sall vence segunda volta - Wade aceita derrota
No último domingo (25.03), Macky Sall venceu a segunda volta das presidenciais no Senegal. Abdoulaye Wade aceitou a derrota e angariou simpatia mundial. O presidente da comissão da UA, Jean Ping, falou sobre "maturidade da democracia". O porta-voz da UE, Michael Mann, considerou "um muito bom exemplo". O líder francês, Nicolas Sarkozy, felicitou Wade.
Foto: REUTERS
Declarações do presidente eleito
"Nesta noite de domingo, um resultado saiu das urnas, o grande vencedor é o povo senegalês", declarou Macky Sall numa conferência de imprensa garantindo que será "o presidente de todos os senegaleses". O sufrágio presidencial decorreu de forma pacífica no Senegal e tem sido elogiado pela comunidade internacional.
Foto: REUTERS
Manifestações de apoio a Sall
Apoiadores do candidato da oposição e vencedor das presidenciais 2012 manifestam alegria com a vitória de Macky Sall, que venceu na segunda volta do escrutínio. Os partidários de Sall quiseram mostrar ao mundo sua satisfação com a vitória.
Foto: REUTERS
Macky Sall novo presidente do Senegal - Abdoulaye Wade abandona o poder
O ex-primeiro-ministro do Senegal, Macky Sall, foi eleito no domingo (25.03) presidente do país, colocando fim a 12 anos de poder de Abdoulaye Wade. Este reconheceu a sua derrota nas eleições presidenciais no país, quando os primeiros resultados deram conta de um grande avanço de Macky Sall. Wade candidatava-se a um terceiro mandato, mas foi obrigado a disputar uma segunda volta com Sall.
Foto: AP
Festa nas ruas
Momentos depois de Abdoulaye Wade admitir a derrota nas presidenciais 2012, milhares de pessoas invadiram as ruas da sede do partido político de Macky Sall, cantando, dançando e fazendo soar alto as buzinas dos carros. Os observadores não esperavam que Wade aceitasse a derrota. Apesar de um período pré-eleitoral marcado por protestos e tensão, o escrutínio decorreu de forma pacífica no Senegal.
Foto: REUTERS
Abdoulaye Wade admite derrota e parabeniza rival
O presidente do Senegal, Abdulaye Wade, admitiu a derrota nas eleições presidenciais do último domingo (25.03), quando os primeiros resultados davam conta de um grande avanço do adversário Macky Sall. Segundo a Agência Noticiosa do Senegal, Wade telefonou ao rival para felicitá-lo.
Foto: Reuters
Wade busca votos de última hora
Dias antes da segunda volta das eleições, o presidente do Senegal Abdoulaye Wade foi ao subúrbio de Dacar angariar votos. Apesar do esforço, Wade perdeu o cargo mais importante do país para o rival Macky Sall.
Foto: AP
Segunda volta no Senegal
A candidatura de Abdoulaye Wade para um terceiro mandato não foi bem acolhida no Senegal. A taxa de participação, segundo dados da Comissão Eleitoral Nacional Autónoma (CENA), foi inferior à das presidenciais de 2007. Segundo resultados da primeira volta destas presidenciais (26.02), Wade conquistou 34,8 % dos votos. Macky Sall reuniu 25,5 %.
Foto: Reuters
Macky Sall - de apoiante de Wade a opositor e sucessor
Macky Sall disputou e venceu as presidenciais do Senegal como oposição, mas já foi aliado e até primeiro-ministro de Wade. Macky Sall, de 50 anos de idade, terminou a sua aliança com Wade no ano de 2008. Esteve na presidência da Câmara Municipal da cidade de Fatick, no oeste do Senegal, e agora irá ocupar o cargo mais importante de seu país.
Foto: dapd
Insatisfação popular - repressão
A terceira candidatura de Abdoulaye Wade originou protestos no Senegal. Em 15.02, a polícia reprimiu manifestações em Dacar. Depois da violência pré-eleitoral, que deixou cerca de 15 mortos, segundo diferentes fontes, as duas voltas das presidenciais decorreram num ambiente calmo. (Autores: Johannes Beck/Carla Fernandes/Cris Vieira/LUSA/Reuters Edição: Helena Gouveia/Renate Krieger)