Obasanjo chega a Dacar para observar as eleições
21 de fevereiro de 2012 A chegada de Olusengun Obasanjo coincide com um novo apelo da oposição para a realização de mais uma manifestação, proibida pelas autoridades, em pleno centro de Dacar, onde no último fim de semana ocorreram várias cenas de violência entre manifestantes e forças da ordem. A polícia dispersou ao fim da tarde os manifestantes, utilizando gás lacrimogéneo.
O ex-presidente da Nigéria goza de um certo respeito no continente africano e já efetuou várias mediações. Daí que muitos analistas pensem que Obasanjo, para além de emissário do presidente da comissão da União Africana para supervisão das operações de voto, tem também uma outra missão que visa convencer o presidente Abdoulay Wade a retirar-se da corrida eleitoral. De facto, e segundo informações não confirmadas, Obasanjo poderá sugerir o adiamento do escrutínio previsto para o próximno domingo.
Observadores senegales exprimem ceticismo
No Senegal a chegada de Olusegun Obasanjo, é registada com algum ceticismo por parte dos observadores políticos: o conceituado sociólogo Aboubacar Barro, em entrevista à DW Africa, questiona: "Porque é que a União Africana não interviu há mais tempo? Agora estamos a poucos dias da eleição e é difícil tentar convencer os protagonistas. Será portanto difícil para uma personalidade como Obasanjo cumprir uma missão deste género."
Por sua vez, o Presidente da secção mauritaniana do Gerddes, Grupo de Estudos e pesquisa sobre a democracia e o desenvolvimento económico e social em África, Diabira Maroufa, defende que nunca é tarde para encontrar uma saída para a crise senegalesa. Pelo contrário: "é necessário encontrar uma saída, antes que a violência aumente. Imaginemos que na primeira volta o candidato Wade ganhe a eleição. Isso vai resultar em quê? Estou convencido que no próprio dia da eleição Abdoulaye Wade pode retirar-se da corrida."
Muitos peritos internacionais observam eleições senegalesas
Trezentos observadores estrangeiros seguirão este escrutínio considerado de alto risco. A missão de observadores da UA, dirigida por Obasanjo, é composta por cerca de 40 membros, incluindo parlamentares, especialistas eleitorais e atores da sociedade civil africana. Por seu turno, a União Europeia terá no terreno 90 membros, enquanto que a CEDEAO, Comunidade económica dos Estados da África Ocidental, enviará 150 observadores dirigidos pelo ex-Primeiro ministro togolês Koffi Sama.
Esta nova candidatura de Wade é considerada "ilegal" pela oposição, para quem o presidente cessante esgotou os seus dois mandatos legais. Os apoiantes de Wade, por sua vez, afirmam que as reformas introduzidas na Constituição em 2001 e 2008 lhe dão o direito de estar novamente na corrida presidencial.
Autor: António Rocha /António Cascais
Edição: Helena Ferro de Gouveia