Obras de hospital em Manica paralisadas há dois anos
Bernardo Jequete (Manica)
7 de dezembro de 2017
A construção do hospital distrital de Machaze, no centro de Moçambique, foram suspensas no meio da execução devido à falta de fundos. Empreendimento iniciado em 2014 está orçado em cerca de 3 milhões de euros.
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As obras de construção do hospital distrital de Machaze, na província de Manica, centro de Moçambique, estão paralisadas há dois anos. O empreendimento está orçado em mais de 220 milhões de meticais (cerca de três milhões de euros).
Segundo o administrador do distrito de Machaze, Fernando Samuel, as obras de construção do hospital arrancaram em novembro de 2014, com prazo inicial de 18 meses, mas foram paralisadas no final de 2015 por falta de fundos."Vamos ter os serviços do bloco operatório e também o próprio hospital terá capacidade para 200 camas, com todos os serviços. Assim, terminado a construção, o distrito de Machaze vai ter que apoiar outros distritos. Estamos a falar de Mossurize", explicou.
Enquanto o hospital não está concluído, a população de Machaze tem de continuar a deslocar-se, acrescenta o administrador distrital Fernando Samuel. "Hoje, quando temos problemas de algumas situações, nós corremos para o hospital de Mossurize ou hospital de Muxungué, mas com o novo hospital concluído, nós podemos apoiar também o hospital de Chibabava, na província de Sofala, e o hospital de Massangena, em Gaza", acrescentou Fernando Samuel.
O administrador de Machaze garante que estão a ser feitos esforços para que as obras possam ser retomadas, mas continuam sem data marcada.
Obra será concluída?
O governador de Manica, Alberto Ricardo Mondlane, garante ter conversado com a ministra da Saúde, Nazira Abdula, a fim de encontrar meios para concluir as obras do hospital Machaze, no sul da província."Essa é uma das preocupações principais que nós temos em relação ao distrito de Machaze, que é conseguirmos concluir o hospital que felizmente conseguimos num outro momento iniciar. Agora o que falta é terminar", sublinhou o governador de Manica.
"Há alguns constrangimentos contra os quais estamos a envidar esforços para superar e nós queremos acreditar que o nosso Governo vai conseguir encontrar soluções para este assunto. É um assunto que não só olhamos para ele ao nível da província, como também ao nível central, refiro-me do Ministério da Saúde."
As obras de construção do hospital distrital de Machaze estão sob a alçada do Ministério de Saúde, num financiamento que provém do Orçamento do Estado. Além do hospital, o empreendimento deverá ter ainda seis residências para profissionais de saúde.
O hospital distrital de Machaze, caso seja concluído, poderá atender as populações oriundas de Chibabava e Muxungué, em Sofala, e Massangena, em Gaza, além dos distritos vizinhos, como Mossurize, na província de Manica.
Carências do principal hospital de Bissau
O Hospital Nacional Simão Mendes é considerado a unidade hospitalar de referência na Guiné-Bissau. Mas falta quase tudo: pessoal especializado, medicamentos básicos, aparelhos de diagnóstico.
Foto: Gilberto Fontes
Crise política deixa hospital a meio gás
Com a instabilidade política agravaram-se as necessidades no principal hospital da Guiné-Bissau e caíram por terra as expectativas da equipa hospitalar que esperava mais atenção por parte das autoridades. A Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras prestam apoio. Mas, mesmo assim, perdem-se muitas vidas por falta de condições básicas de assistência.
Foto: Gilberto Fontes
À espera da hemodiálise...
O país ainda não consegue tratar doentes com insuficiência renal. O hospital tem estas instalações novas para iniciar tratamentos. Só falta a máquina da hemodiálise. Curioso é que o equipamento está no hospital, fechado há anos numa sala, cuja chave está com o Ministério da Saúde, segundo fonte hospitalar. Um nefrologista e vários técnicos fizeram formação em diálise, que ainda não podem aplicar.
Foto: Gilberto Fontes
Enquanto isso a população sofre
Doentes, como esta senhora, só podem receber tratamentos de hemodiálise no Senegal. No entanto, cada sessão chega a custar 150 euros. O que é insustentável para muitos doentes que, normalmente, necessitam de várias sessões semanais. Quando a doença é detetada numa fase inicial, aciona-se a evacuação para Portugal. Mas o processo é moroso. Muitos doentes acabam por falecer por falta de tratamento.
Foto: Gilberto Fontes
Há equipamentos novos parados...
O técnico de radiologia Hécio Norberto Araújo lamenta que este aparelho novo de radiografias esteja praticamente parado. Só faz alguns exames, em casos de urgência. Também o equipamento de mamografia nunca funcionou devido à falta de acessórios, como o chassi e o aparelho de revelação. O hospital militar continua a ser o único no país a fazer mamografias e tomografias, que podem custar 100 euros.
Foto: Gilberto Fontes
E máquinas obsoletas em uso
Na falta de opções, este velho aparelho de raio x continua a ser muito requisitado. Ninguém sabe quantos anos tem o equipamento que funciona com arranjos improvisados de fita-cola. A pequena sala de diagnóstico está desprovida de qualquer proteção contra as radiações. O único avental de proteção está estragado. Os técnicos de radiologia estão diariamente expostos a radiações eletromagnéticas.
Foto: Gilberto Fontes
Sem mãos a medir na pediatria
Esta unidade costuma estar cheia, principalmente na época das chuvas, com o aumento de casos de malária ou paludismo e diarreia nas crianças. Neste serviço com 158 camas, há apenas nove médicos efetivos e quase 40 enfermeiros. Entre o pessoal médico, conta-se um único especializado em pediatria. A falta de um eletrocardiograma é responsável pelo diagnóstico tardio de cardiopatias entre os menores.
Foto: Gilberto Fontes
Nem medicamentos para emergências
Nos cuidados intensivos há apenas um cardiologista. A maioria do pessoal médico são clínicos gerais. Por vezes, em plena situação de paragem cardíaca, falta medicação de urgência que os familiares do doente têm de se apressar em providenciar. A equipa hospitalar quer mais investimento em formação e em condições de trabalho. Só assim pode salvar mais vidas e diminuir a evacuação para o exterior.
Foto: Gilberto Fontes
Faltam lençóis e comida
O Hospital Nacional Simão Mendes tem mais de 500 camas. Mas não tem lençóis que cheguem para fazer a cobertura de todas elas. Devido à falta de pijamas, muitos doentes ficam hospitalizados com a roupa que trazem no corpo. Além disso, não há como providenciar alimentação aos pacientes que, na maior parte das vezes, ficam dependentes da comida que os familiares conseguem fazer chegar.