Observação de cetáceos pode potenciar turismo são-tomense
2 de maio de 2013Passavam poucos minutos depois das 7 horas da manhã quando um grupo de 7 turistas franceses chegou à sede da ONG Marapa – Mar, Ambiente e Pesca Artesanal, para a viagem de três horas que os levaria a observar baleias e golfinhos.
Mas antes de colocar o colete salva vidas e entrar no barco os turistas ouviram uma breve explicação do que poderiam encontrar. Depois disso o grupo estava pronto.
A operação “Tunhã”, que significa golfinho no dialeto local, começou em 2011 com a monitorização e observação dos cetáceos, residentes e migratórios, nas águas do arquipélago são-tomense.
Bastien Loloum coordenador do projecto explicou os objetivos da “operação Tunhã”: "É um programa que surge da necessidade de conhecermos melhor o tipo de cetáceos que existe por aqui e quais são os seus comportamentos."
A existência destas espécies numa região é sinónimo de algo bom, como explica Loloum: "Em águas onde existem cetáceos temos a possibilidade de usá-los como um indicador da saúde dos ecossistemas."
Olhos bem abertos
No barco as expetativas eram altas e a vontade de observar, principalmente os golfinhos, era muito grande entre adultos e crianças.
O olhar atento do pescador Luís Daniel, ora com binóculo ora sem, tentava fazer com que fosse possível avistar ao longe qualquer movimentação no mar.
"Tenho que estar alerta de forma a que quando o golfinho fizer o salto eu o localize e dê orientação ao comandante, e depois vamos lá."
O destino final da rota traçada para a visita ficava a 7 km da costa de São Tomé. Local onde a equipa já tinha observado algumas das 10 espécies de cetáceos possíveis de se ver na ilha (o golfinho malhado, riscado, roaz orca, pseudo-orca, baleia piloto, corcunda, o cachalote e o cachalote anão).
Cetáceos e o aumento de turismo
De acordo com Bastian Loloum a observação de cetáceos é algo que poderá trazer muitos benefícios para o arquipélago: "Os cetáceos representam um património muito importante para o país, e também um potencial económico. Hoje em dia a observação de baleias e golfinhos a nível mundial para fins turísticos é uma fonte muito importante de recursos para o setor do turismo."
Entretanto, o coordenador do projeto recorda que os cetáceos por si não chegam: "São Tomé e Príncipe tem um potencial para ser um destino para observação de cetáceos topo de gama na África Central. Aqui temos águas cristalinas, que vêm até perto da costa, então é muito fácil observa-los. É preciso criar condições para que o turismo nacional também desperte."
O mar não estava para golfinhos
Depois de muitas voltas e alguma frustração para os turistas eis que surge um momento onde o motor do barco foi diminuído e se pensou ter visto algo no mar. Mas para azar deles era um peixe comum.
Uma das turistas disse: "Foi um peixe, apenas um peixe pequeno e preto e depois um outro maior que saltou, e foi tudo. Não vimos os golfinhos."
Um outro ficou mais conformado: "Já tive a oportunidade de ver baleias em Libreville, agora a família queria ver golfinhos. E disseram-nos que em São Tomé era possível ver golfinhos, mas hoje não tivemos a chance de os ver. É um animal selvagem por isso um dia aparece, e noutro não. Mas não é grave."
O projeto ainda está no começo, mas em 2 anos, as excursões amigas do ambiente com os turistas já tornaram o projeto financeiramente auto-suficiente. Segundo Bastian é possível observar cetáceos em todos os meses do ano. Infelizmente para estes 7 turistas franceses não foi desta vez.