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ODS: PALOP não erradicaram pobreza

18 de junho de 2024

Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) continuam sem atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de erradicar a pobreza, com Guiné-Bissau na cauda do 'ranking'. Angola registou uma descida.

A Guiné-Bissau ocupa a posição 156 no 'ranking' de 167 países avaliados sobre o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A Guiné-Bissau ocupa a posição 156 no 'ranking' de 167 países avaliados sobre o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento SustentávelFoto: DW/B. Darame

A Guiné-Bissau está na cauda do 'ranking' de 167 países avaliados sobre o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, sendo o pior classificado entre os países africanos de língua portuguesa.

De acordo com a 9ª edição do Relatório de Desenvolvimento Sustentável, divulgado na segunda-feira (17.06) pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN) das Nações Unidas, nenhum dos oito países que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), juntamente com Portugal, conseguiu erradicar a pobreza. A Guiné-Bissau ficou no lugar 156.

À DW, o sociólogo guineense, Tamilton Teixeira, diz que não se surpreende com esses dados, pois a instabilidade política não deixa a Guiné-Bissau andar para frente:

"A Guiné-Bissau não reúne condições para atender algum desses objetivos. Isso para explicar o facto de eu não me surpreender com essa classificação no ranking dos países, nomeadamente da posição da Guiné-Bissau no mesmo," avalia.

Ainda segundo o sociólogo, "os objetivos que estão na agenda, cada um deles tem que ser atingido através da governação e da qualidade de governação dos países, o que chamamos de governança. A Guiné-Bissau não tem condições, neste momento, de produzir uma governança de qualidade".

Tamilton Teixeira afirma ainda que "os governos são os responsáveis pela própria evocação para a implementação das políticas públicas”.

"Os governos na Guiné-Bissau não conseguem atingir a vigência dos seus mandatos," recorda.

"Já tivemos governos mais que sazonais. Já tivemos governos de 24 horas, governos de um ano. Ou seja, o próprio exemplo do último governo que teve legitimidade, saiu das últimas eleições com maioria no Parlamento, não conseguiu passar dos praticamente três meses," frisa o sociólogo guineense.

Tamilton Teixeira: "A Guiné-Bissau não tem condições, neste momento, de produzir uma governança de qualidade"Foto: Privat

Pobreza não foi erradicada

Ainda de acordo com o documento, Angola, inclusive, registou uma descida na prossecução do objetivo de erradicar a pobreza, tendo Cabo Verde sido indicado como estando "no caminho certo", embora com desafios a manterem-se.

A maioria dos países da CPLP estagnou no propósito deste ODS, nomeadamente a Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O Brasil também estagnou, prosseguindo "desafios significativos" nesta matéria, enquanto a Guiné Equatorial não apresentou dados.

Portugal é o único país da CPLP que atingiu o objetivo de erradicar a pobreza.

Cabo Verde ocupa o 88.º lugar, sendo o País Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) mais bem classificado.

Dos restantes lusófonos que aparecem neste 'ranking', segue-se São Tomé e Príncipe (118.º), Moçambique (148.º), Angola (155.º) e Guiné-Bissau (156.º).

 Angola registou uma descida na prossecução do objetivo de erradicar a pobrezaFoto: DW/N. Sul d'Angola

Objetivos alcançados

Apesar de não terem conseguido erradicar a pobreza, praticamente todos os membros da CPLP conseguiram alcançar uma ou mais dos 17 ODS, com a exceção de Timor-Leste.

Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e a Guiné-Bissau atingiram o 13.º ODS - ação climática. Já Moçambique, Angola e a Guiné Equatorial alcançaram o 12.º ODS - proteção e consumo sustentáveis.

O Brasil alcançou o objetivo das energias renováveis e acessíveis e o de parcerias para a implementação dos objetivos.

Tal como nos anos anteriores, os países europeus lideram o Índice de ODS de 2024. A Finlândia ocupa o primeiro lugar no Índice de ODS, seguida pela Suécia, Dinamarca, Alemanha e França, países onde, no entanto, se registam "desafios significativos na realização de vários ODS", segundo os autores do relatório.

Os últimos três lugares do relatórios são ocupados pelo Chade (165.º), República Centro Africana (166.º) e Sudão do Sul (167.º).

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