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Ofendidos lutam para Manuel de Araújo ser responsabilizado

15 de fevereiro de 2021

Julgamento de Manuel de Araújo foi adiado para abril por estar em viagem. "Tem de lavar a imagem dele", diz um dos ofendidos, que prometem lutar até que o edil seja responsabilizado pelas calúnias de que é acusado.

Foto: DW/P. Henriksen

Duas horas antes da hora marcada para o julgamento na capital da província moçambicana da Zambézia, os advogados e os ofendidos já estavam na sala de audiência da terceira sessão do tribunal judicial da cidade de Quelimane para o julgamento.

Mais tarde houve informações de que Manuel de Araújo não compareceria. O Conselho Autárquico de Quelimane enviou um pedido ao juiz para o adiamento do julgamento marcado para esta segunda-feira (15.02), justificando que Manuel de Araújo está em viagem de trabalho. 

O edil de Quelimane é acusado de calúnia e difamação contra Domingos de Albuquerque e José Lobo, ambos do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), e contra Carlos Baptista Carneiro, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), na cerimónia da sua investidura em fevereiro de 2019, quando Manuel de Araújo fazia parte da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

Assim, o julgamento foi adiado para abril próximo e os ofendidos dizem que não vão deixar de bandeja até que o acusado seja responsabilizado.

"Tem de lavar a imagem dele"

Ex-deputado do MDM José Lobo é um dos ofendidosFoto: Marcelino Mueia/DW

O ex-deputado do MDM José Lobo, um dos ofendidos, deixou um conselho: "Ele cometeu erros políticos e de gestão, ele tem de lavar a imagem dele, em política tens que ter muito cuidado, cada momento é um momento."

O analista político Ricardo Raboco prevê situações difíceis para Manuel de Araújo, caso seja julgado. "Qualquer político, qualquer cidadão que seja julgado e condenado por um crime, mancha a sua idoneidade, o que consequentemente pode ter implicações no ato de eleições. Qualquer candidato tem que ter uma ficha limpa, o registo criminal tem que estar limpo", afirma Raboco.

No entanto, o analista moçambicano relativiza as palavras do edil de Quelimane e, por isso, questiona o julgamento: "Quantos discursos em tempos de campanha ou em tempos depois de campanha foram proferidos e não foram considerados difamação ou calúnia?"

Ricardo Raboco dá como exemplo o próprio Parlamento. "Quantas vezes há discursos ofensivos, mas que é consequência do calor, do clima e da natureza e que não transitam para um fórum jurídico?", lembra.

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