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Ofensiva concertada contra HIV/SIDA

Carlos Matsinhe (Xai-Xai)
11 de novembro de 2016

Tratamento imediato para pacientes com testes positivos de HIV/SIDA: é esta a nova estratégia para combater a doença em 18 unidades sanitárias em Gaza, no sul de Moçambique.

Mosambik Aids
Foto: AP

Na província de Gaza, sul de Moçambique, 18 unidades sanitárias dos distritos de Chókwè e Xai-Xai, além da cidade com o mesmo nome, estão a experimentar uma nova abordagem de tratamento do HIV/SIDA. Assim que o paciente faz o teste do HIV/SIDA e dá positivo, inicia imediatamente o tratamento antiretroviral. Uma acção estratégica que pode salvar milhares de doentes e prevenir novas infecções.

Há dois meses que Lourenço Machava, de 30 anos, está em tratamento na cidade de Xai-Xai. O funcionário público diz que encara o HIV/SIDA como uma "realidade irreversível". Mas vê na nova abordagem uma oportunidade de projectar melhor o futuro: "Considero positivo que quando a pessoa faz teste hoje, no mesmo dia começa o tratamento".

Machava diz que não se cansa de aconselhar amigos que se "sentem mal" a recorrer o mais depressa possível aos serviços médicos: "Terão chances de projectar o futuro”, disse este paciente à DW África.

Hospital Provincial de Xai-Xai aderiu à nova estratégia de combate do HIV/SIDAFoto: DW/C. Matsinhe

Combater doenças oportunistas

Lourenço Machava é um de 120 mil pacientes que estão a receber tratamento antiretroviral em Gaza. E há outros 50 mil em tratamento preventivo, de acordo com a direcção provincial de saúde de Gaza. A província tem uma seroprevalência de 25%. Trata-se da mais elevada do país, segundo o Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informação sobre o HIV e SIDA em Moçambique, feito em 2009.

Jossefate Macassa, técnico responsável pelo programa de HIV/SIDA no centro de saúde de Xai-Xai, fala das muitas vantagens para os pacientes: "Se o paciente inicia o tratamento cedo, reduz bastante a carga viral. Consequentemente não vão surgir doenças oportunistas". Também o nível de transmissão sofre uma redução importante, "se o indivíduo faz correctamente o tratamento”, acrescenta o especialista.

Urge uma informatização 

A nova abordagem constitui um desafio para o próprio sector, sobretudo em relação à organização dos processos clínicos. Actualmente, ainda é tudo feito à mão e as fichas dos doentes perdem-se com frequência.

14.11.16 Nova abordagem HIV - MP3-Stereo

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Isaías Ramiro, director provincial de Saúde, disse à DW África que é preciso apostar na informatização dos processos e redobrar esforços: "No centro de cidade de Xai-Xai, temos 16 mil pacientes em seguimento. Gerir processos clínicos destes pacientes é um desafio enorme. Muitas vezes o paciente chega para a consulta, quando se vai à procura do seu processo não se encontra". 

Não obstante, Ramiro está otimista que a os resultados da nova abordagem permitam demonstrar que "temos condições para expandir”. Segundo Isaías Ramiro, outras oito unidades sanitárias deverão iniciar a nova abordagem de tratamento do HIV até dezembro.

A importância do diagnóstico atempado

As autoridades de saúde pedem às pessoas que façam o teste o mais rapidamente possível, para começarem imediatamente o tratamento antiretroviral, se for necessário.

A nova abordagem insere-se nas metas que a ONUSIDA, a agência responsável das Nações Unidas, espera alcançar até 2020. Faz parte da chamada estratégia 90-90-90 das Nações Unidas. Um dos objetivos é diagnosticar 90% das pessoas que vivem com HIV/SIDA. Outro é providenciar o tratamento destes 90%. O terceiro objetivo prioritário é garantir que todos esses pacientes deixem de poder transmitir o vírus.

 

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