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Oferta de paz da Etiópia: Governo "sabe o que está a fazer"

Aarni Kuoppamäki | Raquel Loureiro | AP | Reuters | Lusa
7 de junho de 2018

Analistas ouvidos pela DW África aplaudem o anúncio do Governo etíope, de que irá aplicar o acordo de paz com a Eritreia assinado há 18 anos. Mas há também quem prefira esperar para ver se se concretiza.

Foto: Getty Images/AFP/S. Forrest

O Governo da Etiópia anunciou na terça-feira (05.06) que irá aplicar "em pleno" o acordo de paz com a Eritreia assinado em 2000. Segundo o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, "nem a Etiópia nem a Eritreia se beneficiam com este impasse".

A concretizar-se, o anúncio vem colocar um fim ao conflito entre os dois países e reconhecer a delimitação fronteiriça que obrigará a Etiópia a retirar as suas tropas da cidade de Badme. A desocupação ainda não terá tido início.

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Para já, e apesar do apelo do Executivo etíope para respeitar também o acordo, o Governo da Eritreia ainda não reagiu oficialmente ao anúncio do país vizinho. No entanto, e segundo Ulrich Delius, diretor da organização não-governamental alemã "Sociedade para os Povos Ameaçados", estas são boas notícias.

"É um avanço, porque significa mais paz e segurança na região do Corno de África", afirma.

O anúncio do Governo da Etiópia acerca da aceitação da delimitação fronteiriça com a Eritreia foi feito horas depois do Executivo etíope suspender o estado de emergência, em vigor no país desde fevereiro.

Um primeiro-ministro reformista

Esta é uma das muitas mudanças políticas que constam da agenda radical de reformas anunciada pelo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, que chegou ao poder apenas em abril.

Primeiro-ministro etíope, Abiy AhmedFoto: Reuters/T. Negeri

Quando tomou posse, o primeiro-ministro, de 41 anos, prometeu, entre outras coisas, uma maior liberdade no país, mais investimento estrangeiro e a restauração da paz com a Eritreia. São promessas que, aos olhos de Ulrich Delius, estão a ser cumpridas.

"Até agora ele fez tudo o que anunciou. Por isso, não havia razão para duvidar que isto aconteceria. Este homem sabe exatamente o que está a fazer, foi uma decisão pensada."

Já Ludger Schadomsky, chefe da redação amárica da DW, considera que Abiy Ahmed pode estar a ir rápido demais.

"Temos que ter um olhar muito crítico e ver quantas das medidas anunciadas serão realmente implementadas", diz. "Este é um ritmo de reformas bastante acelerado para um primeiro-ministro tão jovem; um primeiro-ministro que, primeiro, terá de se afirmar e enfrentar um forte do aparato de segurança."

Nova missão da ONU?

No "Acordo de Argel", assinado há 18 anos, as Nações Unidas tinham um papel importante a desempenhar na manutenção da paz entre os dois países.

Governo etíope "sabe o que está a fazer"

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De 2000 a 2008, a organização chegou mesmo a ter uma missão na zona fronteiriça entre a Etiópia e a Eritreia, que tinha como objetivo monitorizar o cumprimento do acordo. Agora, com este anúncio de Addis Abeba, as Nações Unidas poderão voltar a atuar, segundo o jornalista Martin Plaut.

"Se este anúncio for confirmado, certamente as Nações Unidas terão um papel importante para facilitar o fim do conflito entre as duas partes", refere Plaut.

A Eritreia declarou independência da Etiópia em 1993, tendo as disputas fronteiriças conduzido os dois países a uma guerra entre 1998 e 2000, que fez pelo menos 80.000 vítimas mortais.

Em 2000, os dois países assinaram o "Acordo de Argel", que visava o fim do conflito. Dois anos mais tarde, um tribunal arbitral internacional determinou a futura fronteira entre os dois países, concedendo à Eritreia a cidade de Badme. Uma decisão que até agora não era aceite pela Etiópia.

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