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PolíticaAlemanha

Scholz garante o primeiro lugar nas eleições da Alemanha

Cristiane Vieira Teixeira (Berlim) | Lusa
27 de setembro de 2021

Após um pleito emocionante, há sinais de mudança no horizonte político da Alemanha. O social-democrata Olaf Scholz poderá substituir a chanceler Angela Merkel. Agora depende dos Verdes e dos liberais.

Deutschland Wahlen I SPD I Olaf Scholz
Foto: Lisa Leutner/AP/picture alliance

Os eleitores alemães foram às urnas para eleger um novo Parlamento este domingo (26.09), num pleito que contou com a participação de 76% dos eleitores.

Segundo os resultados oficiais divulgados online ao longo da madrugada, apuradas as 299 assembleias do país, o Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em alemão) venceu as eleições legislativas com 25,7% dos votos, contra 24,1% da União Democrata Cristã (CDU) e 14,8% dos Verdes.

Os liberais do Partido Democrático Liberal (FDP) obtiveram 11,5%, a Alternativa para Alemanha (AfD), 10,3%, enquanto A Esquerda (Die Linke), 4,9% dos votos.

Este é o pior resultado da CDU desde a década de 1950. A disputa eleitoral será conquistada por quem conseguir construir uma coligação maioritária entre pelo menos três formações partidárias, após negociações que terão início na segunda-feira (27.09).

Só depois dos membros do Bundestag designarem formalmente o seu sucessor, o que poderá acontecer dentro de várias semanas ou mesmo de meses, Angela Merkel poderá retirar-se do centro da política alemã. Espera-se que SPD, Verdes e FDP iniciem um longo diálogo para o entendimento.

Numa declaração antes da divulgação dos resultados oficiais, o candidato a chanceler, Olaf Scholz, do SPD, já mostrava confinaça na vitória. "O SPD recebeu muito apoio dos cidadãos e cidadãs. Esta é uma tarefa: assegurar que tudo o que foi dito nesta eleição e tudo o que sugerimos seja implementado".

Já o candidato da União, Armin Laschet, procurava justificar a perda de espaço do seu partido no cenário político eleitoral alemão. "Esta noite de eleições é uma exceção. Não temos, até o momento, nenhum resultado assegurado. Mas já podemos dizer que, com este resultado não podemos estar satisfeitos".

Caos em Berlim

A votação decorreu maioritariamente de forma tranquila, mas em Berlim houve caos devido à falta de boletins de voto em alguns locais. Muitos eleitores optaram pela votação por carta.

Diamantino Feijó, que tem cidadania alemã e angolana, votou em Berlim e fez uma avaliação positiva do Governo de Angela Merkel. Feijó diz que está ansioso por uma nova liderança, mas não acredita em mudanças bruscas de rumo na política do país. No entanto, avalia que uma coligação do SPD com Os Verdes poderá resultar em alguns ajustes na política ambiental.

"Acho que a situação está sob controle e duvido que vão querer fazer mudanças bruscas, porque o mercado fica tenso quando entra um novo líder. Acho que tem que ir com cuidado para não assustar os mercados", diz.

Para John Giraldi, a alternância no poder é saudável para a democracia. "Não que o Governo [de Merkel] tenha sido ruim. Mas é preciso ter algo novo. Novas ideias e perspectivas. Eu acho que isso funciona".

Na sede do SPD, o clima da noite era de festa. Paulina Kaup, membro do partido, como não poderia deixar de ser, revelava otimismo. "Penso que, de algum modo, seria um mau sinal para a democracia se Scholz não pudesse formar o novo Governo", diz a militante do SPD.

Membros do SPD celebram na sede do partido em Berlim Foto: Michael Sohn/AP/picture alliance

Próximos passos

As conversações exploratórias começarão esta segunda-feira após o veredito das urnas. São diálogos entre os partidos, que visam testar a possibilidade de aliança, analisar os pontos de convergência e de divergência.

Se existir uma vontade expressa para a formação de uma aliança após as conversações exploratórias, o caminho fica aberto para o início de negociações concretas para uma coligação governamental, que são conduzidas por grupos de trabalho temáticos que se reúnem para rever todas as questões.

No final destas negociações, as partes dividem as pastas ministeriais e assinam um acordo de coligação, que estabelece, em pormenor, o roteiro da coligação governamental. A duração destas conversações é ilimitada. O Governo cessante continua a ser responsável pelas pautas diárias do país.

As partes chamadas a governar em coligação deverão chegar a um acordo sobre o nome do futuro chanceler. Finalmente, o novo chanceler apresenta-se diante do novo Bundestag para ser designado formalmente.

Os novos deputados eleitos para o Bundestag terão as primeiras reuniões com os respetivos grupos parlamentares nos próximos dias. O parlamento recém-eleito deve realizar a sua sessão inaugural o mais tardar 30 dias após a eleição, ou seja, a 26 de outubro. 

Laschet não conseguiu reverter tendência negativa das últimas semanasFoto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

O pior cenário

Após as eleições legislativas de 2017, a CDU levou 171 dias para conseguir que Angela Merkel fosse eleita pelos membros do parlamento alemão.

O candidato designado deve obter uma maioria absoluta no Parlamento. Se falhar após duas votações, uma terceira votação é realizada por maioria simples. Se não houver uma aliança entre partidos, o atual Presidente Frank-Walter Steinmeier, do SPD, pode designar um candidato, muito provavelmente do partido que ganhou as eleições legislativas. O Presidente então decide se nomeia o chanceler para chefiar um Governo minoritário ou se dissolve o Bundestag e convoca novas eleições.

Este pior cenário foi evitado em 2017. Perante o impasse nas negociações, Frank-Walter Steinmeier instou as partes envolvidas a reunirem-se novamente, pressionando então a uma reedição da "grande coligação" entre conservadores e sociais-democratas.

Tanto os democratas cristãos como os sociais-democratas concordam que o novo Governo da Alemanha tem de ser formado "antes do Natal", lembrando que o país inicia, em janeiro de 2022, a presidência do G7 – o grupo dos sete países mais industrializados.

Em direto da sede do partido vencedor das eleições alemãs

04:28

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