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Cultura

Olinda Beja quer Encontro de Escritores alargado a STP

21 de abril de 2018

Encontro de Escritores de Língua Portuguesa terminou, este sábado (21.04), com a escritora santomense a reclamar que seja alargado a seu país. Evento reuniu mais de 20 escritores lusófonos na capital cabo-verdiana.

Schriftstellerin Olinda Beja
Olinda Beja, escritora, poetisa e narradora santomenseFoto: DW/N. dos Santos

"A cidade e a literatura: Conexões entre cidadania, criatividade e juventude" foi o tema geral do VIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa organizado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Câmara Municipal da Praia, Academia Cabo-Verdiana de Letras, Universidade de Cabo Verde e Biblioteca Nacional de Cabo Verde.

Em declarações à DW, a escritora, poetisa e narradora santomense Olinda Beja, que participou do evento, disse que chegou o momento de o seu país acolher também um encontro do género.

A UCCLA "tem que fazer também um encontro em São Tomé e Príncipe porque tem sido Brasil, Angola e Cabo Verde", mas as ilhas santomenses também precisam de encontros do tipo, considerou.

Para Olinda Beja, "a UCCLA tem de ir à São Tomé e Príncipe que embora seja pequenino está lá" à espera desse tipo de encontros.

A autora do livro "A Sombra do Ocá", prémio literário Francisco José Tenreiro (2013), afirmou que o encontro da Cidade da Praia permitiu alargar os seus horizontes.

"Saiu uma maior riqueza cultural literária, porque viemos aqui encontrar escritores de todo o universo lusófono e é uma alegria também estar na Cidade da Praia, em Cabo Verde, que é um país com uma cultura extraordinária", avaliou.

Vista parcial da Cidade da PraiaFoto: Creative Commons

Cidades em foco

Na mesma linha, a escritora cabo-verdiana Hermínia Curado acrescentou que houve "apresentações e debates muito interessantes" dos escritores lusófonos.

"Este encontro vai-nos ajudar, nós os escritores, a pensarmos muito mais nas nossas cidades. Um dos temas foram os 160 anos da Cidade da Praia que se estão a comemorar e, isso, leva-vos a pensar muito mais na nossa cidade", disse.

No último dia do VIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa (EELP), Hermínia Curado falou do tema "O Primeiro e o Efémero Liceu da Cidade da Praia".

"Foi o liceu nacional que muita gente nem sabe que existiu em 1860 e que funcionou durante dois anos. Foi efémero mas foi bom, porque contribuiu para que aparecessem, por exemplo, o liceu de São Nicolau, o liceu de São Vicente e outros", relatou.

Escritoras lusófonas

Enquanto Olinda Beja defende que é preciso divulgar mais as escritoras lusófonas, Hermínia Curado considera que o encontro que terminou este sábado é mais um passo na senda do que tem sido feito.

Hermínia Curado, escritora cabo-verdianaFoto: DW/N. dos Santos

"É claro que podem fazer muito mais, mas penso que nós também, através das nossas instituições, poderemos contribuir para isso. É preciso incentivar os escritores a escreverem mais sobre as suas cidades", defendeu.

Um dos convidados do último painel do EELP foi o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que é também escritor e poeta, tendo falado sobre "Literatura e Cidadania".

No caso de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca defendeu ser preciso que os romances, contos e poesias retratem mais e tenham como inspiração a capital do país, que é uma cidade muito generosa e acolhedora.

"Se formos ver, os romances, os contos e poesias cabo-verdianos, podemos constatar que falam apenas de São Vicente, de São Nicolau, das montanhas de Santo Antão, da Ribeira do Paul e muito pouco da capital do país, que é uma cidade muito generosa e acolhedora", disse acreditando que a dinâmica literária que se regista ultimamente venha contribuir para essa mudança.

Homenagem a Jaime de Figueiredo

O VIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa homenageou o ensaísta, crítico e dramaturgo cabo-verdiano Jaime de Figueiredo, (1905-1974), antigo conservador da Biblioteca Municipal da Praia, e considerado um dos grandes vultos das letras cabo-verdianas.

O encontro aconteceu a poucos dias de a Cidade da Praia comemorar 160 anos de existência (no próximo dia 29), e também numa semana em que a capital cabo-verdiana acolhe vários eventos de natureza musical e cultural, como o Atlantic Music Expo e o Kriol Jazz Festival.

Durante três dias, os participantes discutiram a literatura, com as suas ligações à juventude, criatividade e cidadania com o objectivo de partilha, troca de experiências e promoção da literatura dos países que falam o português.

Jorge Carlos Fonseca, Presidente de Cabo VerdeFoto: Nélio dos Santos

Objectivo alcançado

"Estamos satisfeitos e pensamos que o principal objectivo foi alcançado, que é colocar a Cidade da Praia no centro das atenções a nível da literatura, aspecto esse que irá marcar e ficará na história", afirmou o vereador da Cultura da Câmara Municipal da Praia.

Para António Lopes da Silva, o EELP contribuiu também para lançar as bases para uma maior projecção da capital cabo-verdiana em termos literários e de desenvolvimento.

"Hoje a Praia é muito mais do que construções de ruas, de casas, são pessoas com vivência, uma história", sublinhou, anunciando que a Cidade da Praia vai ter, brevemente, uma Biblioteca Municipal com o nome de Jaime de Figueiredo, o homenageado desta edição.

David Capelenguela (Angola), Maria de Fátima Fernandes, Hermínia Curado Ferreira, Joaquim Arena, Jorge Carlos Fonseca, Jorge Tolentino, Judite Nascimento, Leão Lopes, Manuel Brito Semedo, Natacha Magalhães, Tony Tcheka (Guiné-Bissau), Conceição Queirós (Moçambique), Zhang Weimin (Macau), Inês Barata Raposo, Filipa Melo, José Carlos Vasconcelos e António Carlos Cortez (Portugal), Olinda Beja (São Tomé e Príncipe) e Luís Costa (Timor-Leste), foram alguns dos escritores convidados.

Pela terceira vez consecutiva, o Encontro de Escritores de Língua Portuguesa (EELP) aconteceu na capital de Cabo Verde, que agora é sede do evento e vai passar a organizá-lo todos os anos, em parceria com a UCCLA.

A proposta foi lançada pelo presidente da Câmara Municipal da Praia, Óscar Santos, no anterior encontro, realizado em outubro de 2017, e aceite pela UCCLA.

As quatro primeiras edições do encontro foram realizadas em Natal (Brasil) e a quinta em Luanda (Angola).

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