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OMS anula nomeação de Mugabe como embaixador

EFE | Lusa
22 de outubro de 2017

Após críticas da comunidade internacional, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde reverte decisão de nomear Robert Mugabe como embaixador da boa vontade. Governo do Zimbabué pede que OMS reconsidere parecer.

Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova YorkFoto: picture-alliance/Photoshot/L.Rui

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou este domingo (22.10) que decidiu anular a nomeação do Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, como embaixador da boa vontade da organização, após várias críticas a esta escolha.

"Ouvi cuidadosamente todos os que expressaram preocupação e as distintas questões que foram manifestadas", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa declaração escrita. "Nos últimos dias, refleti sobre a nomeação. Como tal decidi revogar a nomeação", acrescentou o antifgo ministro da Saúde da Etiópia.

A nomeação de Mugabe como embaixador da boa vontade da OMS, anunciada esta semana no Uruguai, suscitou a indignação de ativistas que consideram que o sistema de saúde do Zimbabué entrou em colapso durante o regime autoritário de Mugabe, que está no poder desde 1980.

A justificativa para a escolha foram os esforços feitos por Mugabe na luta contra o tabaco e doenças não transmissíveis. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, antiga potência colonial no Zimbabué, expressou preocupação ao diretor-geral da OMS expressando que a nomeação de Mugabe é "surpreendente e decepcionante, em particular à luz das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra ele", informou um porta-voz.

No Zimbabué, a maior parte dos hospitais tem falta de medicamentos e equipamentos, e enfermeiros e médicos ficam muitas vezes sem salários. Iain Levine, um dos diretores da organização não-governamental Human Rights Watch, apontou a escolha como "embaraçosa" para a OMS e para o diretor-geral daquela organização.

Governo do Zimbabué defende nomeação

Este domingo, o Governo do Zimbábue pediu a Tedros Adhanom Ghebreyesus para defender a nomeação de Robert Mugabe como embaixador da boa vontade. O ministro de Educação Superior do Zimbabué, Jonathan Moyo, disse que a OMS perderá o respeito se reverter a decisão. A decisão de anular a designação de Mugabe, no entanto, já foi tomada.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS: "Nos últimos dias, refleti sobre a nomeação. Como tal decidi revogar a nomeação"Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Di Nolfi

"Se ele não foi parte de uma trama de esquerda e se sua decisão foi profissional e com boa vontade, ele deve se ater a ela", escreveu Jonathan Moyo noTwitter. O ministro é um aliado próximo do presidente do Zimbábue.

A escolha de Robert Mugabe foi anunciada na Conferência Mundial sobre Doenças Não Transmissíveis, realizada no Uruguai, e gerou muitas críticas da comunidade internacional.

O principal grupo de oposição do país, o Movimento pela Mudança Democrática (MDC), classificou a nomeação como "impactante". "Seu regime destruiu o sistema de saúde pública do Zimbábue", afirmou o porta-voz do MDC, Obert Gutu.

O país sofre atualmente uma grave crise econômica. Os preços dos produtos farmacêuticos subiram quase 70% devido à escassez crónica de dólares para importação.

Robert Mugabe sofre sanções da ONU devido a abusos contra os direitos humanos em seu governo. Aos 93 anos, ele é atualmente o chefe de Estado mais velho do mundo e se encontra no poder desde a independência do país em 1980. O Presidente do Zimbabué viaja regularmente a Cingapura para passar por exames médicos.

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