OMS espera mais verbas para combate à malária em 2019
Lusa
31 de dezembro de 2018
Organização Mundial de Saúde (OMS) espera que em 2019 políticos reforcem as verbas no combate à malária. Moçambique é o terceiro país do mundo mais afetado, e o oitavo onde a doença mais mata.
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) espera que 2019 seja um ano em que políticos de todo o mundo reforcem as verbas dos respetivos orçamentos de Estado para o combate à malária. Segundo Pedro Alonso, diretor do programa de combate à malária da OMS, "nos últimos 15 anos houve um progresso como nunca antes, mas esse progresso parou".
As mortes provocadas pela malária em todo o mundo voltaram a diminuir em 2017, para um total estimado de 435 mil vítimas (menos 3,6% que em 2016), mas calcula-se que o número de casos tenha subido de 217 para 219 milhões.
Moçambique é o terceiro país do mundo mais afetado com 5% dos casos de malária no mundo e o oitavo onde a doença mais mata (3% do total de vítimas), segundo o relatório anual divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Só a Nigéria e a República Democrática do Congo têm mais casos estimados, com 25% e 11% respetivamente. Isso faz com que Moçambique seja o país lusófono mais atingido pela malária - Angola surge em 13.º lugar com 2% do total mundial de casos.
Crianças, as vítimas mortais
Mais de 90% dos casos e das vítimas mortais estão no continente africano e a maioria são crianças, o mesmo padrão de estudos anuais anteriores. "Já não estamos a progredir e historicamente sabemos que neste momento há um risco de regredir", alertou Pedro Alonso.
O apelo do diretor do programa de combate à malária da OMS para que haja reforço de verbas nos orçamentos de Estado é dirigido sobretudo para África.
"Muitos dos grandes contributos na luta contra a malária vieram dos líderes políticos africanos", mas para que tal se repita, os dirigentes "têm de ter a capacidade de fazer refletir os compromissos políticos no orçamento de Estado nacional", referiu.
Pedro Alonso disse que existe a aposta no orçamento interno de cada país, "mas talvez seja necessário um novo impulso", acrestando que o mesmo deve acontecer nos países livres de malária - como é o caso dos Estados europeus -, "uma vez que a malária é um dos grandes problemas de saúde global".
O diretor do programa de combate à malária da OMS salientou que já houve países que conseguiram livrar-se da malária, "mas tiveram reintroduções e, portanto, ninguém está a salvo".
Estagnação
Segundo a OMS, a atual estagnação no combate à doença fragiliza o objetivo de redução da doença em 40% até 2020.
Além disso, os investimentos deviam alcançar, pelo menos, a 6,6 mil milhões de dólares anuais - mais do que o dobro da verba disponível hoje, referiu Kesete Admasu, diretor executivo da Parceira para Redução da Malária (RBM, sigla inglesa) que junta centenas de organizações a nível mundial.
O responsável disse acreditar que é fácil convencer os líderes políticos a entrar nesta luta, porque "apostar no combate à malária é um investimento inteligente", acrescentando que "por cada dólar investido, o retorno é muito maior" em termos de capacidade de produção de riqueza nos países afetados, referiu.
Por outro lado, também podem ser colhidos dividendos políticos com relativa rapidez, pois "quem quiser ser reeleito, deve fazer um bom controlo da doença" e só deverá precisar "de uma época de transmissão de malária" para que os resultados sejam visíveis.
Os médicos cubanos no mundo
Os profissionais de saúde cubanos saíram do Brasil, mas ainda trabalham em mais de 60 países do mundo, entre eles todos os países africanos de língua oficial portuguesa. Conheça aqui as missões mais importantes.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kenji
Cuba deixa o Brasil e o programa "Mais Médicos"
Depois de cinco anos de parceria entre Cuba e o Brasil, o governo cubano decidiu retirar os seus médicos do Brasil em finais de 2018. A decisão foi tomada devido às alterações nos termos de cooperação sugeridas pelo Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro. Más os médicos cubanos ainda trabalham em mais de 60 países no mundo.
Foto: Agência Brasil/José Cruz
Em Angola: a sanar e a ensinar
A cooperação entre Cuba e Angola começou em 1975, logo após a independência angolana. Os médicos cubanos em Angola ajudam a combater doenças, mas nas faculdades de medicina professores cubanos têm um papel importante na formação de pessoal de saúde. Em 2015, segundo o Governo angolano, 42% dos médicos no país eram cubanos. Mas muitos deixaram Angola após a quebra das receitas de petróleo.
Foto: Reuters/S. Eisenhammer
Tempestade tropical em Honduras
Uma médica cubana vacina uma criança hondurenha. Em 1998, o furacão Mitch passou pela América Central, causando a morte de 11.000 pessoas. Somente em Honduras foram 7.000 vítimas do que é considerado o furacão mais mortífero que jamais passou pela região.
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Furacão Katrina nos Estados Unidos da América
Em 2005, o furacão Katrina passou pela região litoral do sul dos EUA e atingiu principalmente a região metropolitana de Nova Orleães. 1.500 médicos cubanos reuniram-se em Havana para preparar-se para uma missão humanitária, mas a oferta foi rejeitada pelo governo norte-americano. O furacão causou mais de 1.800 mortes e mais de um milhão de pessoas tiveram que ser evacuadas.
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Terramoto no Paquistão
No ano de 2005, um terramoto matou 86.000 pessoas na Caxemira, uma região no norte do Paquistão. Cerca de 3,5 milhões de pessoas ficaram sem casa. Os médicos cubanos ajudaram os danificados.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Hattori
Surto de cólera no Haiti
Em 2010, aproximadamente 200.000 pessoas no Haiti infectaram-se com cólera, segundo as Nações Unidas. A cólera é uma infecção do intestino que se transmite facilmente através de água sem tratamento para o uso humano. Tal como aconteceu no Haiti, um país que em janeiro de 2010 sofreu terramoto. Também ali não faltaram os médicos cubanos.
Foto: picture-alliance/dpa
Surto de ébola na África Ocidental
Em 2014, quando o surto de ébola ameaçava muitas zonas da África Ocidental, os médicos cubanos também não ficaram de braços cruzados. Aqui vemos à enfermeira Dalila Martinez, treinadora da equipa médica cubana em Havana para a missão na Serra Leoa. Desde que começou em 2013 o surto, a ébola matou cerca de 27.000 pessoas na África Ocidental e no mundo, a maioria delas na Libéria e na Serra Leoa.
Durante a missão humanitária na Serra Leoa em 2014, um dos médicos cubanos foi infectado com ébola. O doutor Félix Baez Sarria foi transportado para um hospital na Suiça e sobreviveu. Depois voltou à Serra Leoa para continuar a combater o surto de ébola.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Julien Gregorio, Geneva University Hospital
Mais médicos ou menos médicos?
Em 2018, um cartaz na entrada dum ambulatório em Itaquaquecetuba no estado de São Paulo, Região Sudeste do Brasil, avisa que o programa "Mais Médicos" foi encerrado. Os mais de 8.300 profissionais de saúde cubanos que trabalhavam no Brasil já regressaram a ilha de Cuba.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kenji
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"Tanto os países endémicos e com os doadores têm de renovar os compromissos", sintetiza Pedro Alonso, reconhecendo que os doadores não podem apoiar sozinhos, "também precisam de ver que há uma apropriação pelos líderes" dos países afetados, que é refletida "no orçamento nacional".