OMS mais preparada para fazer frente ao ébola na RDC
rl | Lea Albrecht | AFP | Reuters | Lusa
18 de outubro de 2018
Desde agosto, a epidemia de ébola que assola a província congolesa de Kivu do Norte fez já 139 vítimas mortais. Mas OMS considera que atual surto não constitui uma emergência de saúde pública de amplitude internacional.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem em curso na República Democrática do Congo (RDC) um conjunto de ações para travar a propagação do vírus. O que não é suficiente na opinião de alguns que têm criticado a ação vagarosa da organização no combate à epidemia, tal como aconteceu em 2014.
Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para África, garante que desde essa data, foram feitos progressos. "Primeiro, reformámos o nosso sistema de emergência. E depois recebemos também um fundo de reserva que nos ajuda a fazer com que o s nossos médicos consigam chegar em 24 horas aos países afetados, iniciando mais rapidamente os trabalhos de investigação em conjunto com os ministérios de saúde, o que faz uma grande diferença", explica.
O facto de Kivu do Norte ser uma região de conflito, com grupos rebeldes ativos, tem dificultado o combate à epidemia. Só na última semana, duplicaram os casos de contaminação na cidade de Beni. Um aumento que ficou a dever-se a um ataque do grupo armado rebelde Frente Democrática Aliada, que fez vários mortos e obrigou à suspensão dos trabalhos da OMS por alguns dias.
Para além da insegurança, as crenças locais e a desconfiança da população em relação às recomendações da OMS também não têm ajudado, lembra Matshidiso Moeti. "As dificuldades na prevenção do contágio estão relacionadas com as práticas tradicionais e com a forma como a população encara as doenças. Temos pedido às pessoas para que ajam de maneira diferente, mas é difícil porque algumas delas não confiam nas nossas recomendações", diz.
Angola preparada para epidemia
O primeiro surto de ébola na RDC foi registado em 1976. Depois disso, já se repetiu dez vezes. Segundo Matshidiso Moeti, a OMS tem estado a trabalhar com os países vizinhos, nomeadamente, Uganda, Ruanda e Burundi, para que estejam preparados em caso de contaminação.
OMS mais preparada para fazer frente ao ébola na RDC
Angola também já adotou medidas de prevenção. De acordo com a Direção Nacional da Saúde Pública, está já em marcha um "plano estratégico" nos postos fronteiriços com o objetivo de monitorizar possíveis casos.
"Temos já um plano estratégico multissectorial e já adquirimos equipamento de segurança, de biossegurança. Todos os postos fronteiriços, não só com a RDC, mas com outros países, estão preparados com todo o equipamento de biossegurança, para de facto haver uma monitorização dos doentes", explica Helga Freitas, assessora da Direção Nacional da Saúde Pública angolana.
Segundo a responsável, também já estão formadas equipas, com o apoio da OMS, e o país está preparado "tanto com formação dos técnicos da saúde como dos próprios profissionais das fronteiras".
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.