Em entrevista à DW África, o porta-voz da Organização Mundial da Saúde afirmou que o "objetivo é estancar o alastramento da doença". O ébola já matou 55 pessoas desde 1 de agosto.
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Na República Democrática do Congo (RDC), as autoridades sanitárias estão em alerta máximo. O mais recente foco da epidemia de febre hemorrágica - ébola - terá já feito 55 mortos no leste do país, onde o Governo decretou a gratuidade dos cuidados de saúde durante três meses, anunciaram na terça-feira (21.08) as autoridades.
Cinco novos casos foram registados em Mabalako-Mangina, perto de Beni, o epicentro da epidemia que está a afetar a província do Kivu-Norte, segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado no início da semana.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em entrevista à DW África, afirmou que também está no terreno para apoiar os serviços de saúde congoleses e oferecer os cuidados necessários, em conjunto com as autoridades sanitárias do país.
OMS reforça medidas contra o ébola na RDC
Medidas estratégicas
O porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, assegurou que já "estão em prática uma série de medidas suscetíveis de darem resposta eficaz a este surto de ebola".
"Já temos centros de tratamentos especiais nos locais certos. Neste momento trabalhamos em Beni e Mangina, onde a vacinação já começou. O objetivo é estancar o alastramento da doença", disse o porta-voz que, entretanto, alertou que "agora é preciso criar as condições para que os agentes de saúde possam trabalhar de facto".
Algumas das regiões são de difícil acesso, devido à situação de guerra civil, e também devido à falta de estradas e outras infraestruturas. "Estamos todos muito empenhados em encontrar soluções para contornar esse problema. Estamos em contato permanente com os serviços sanitários existentes nas áreas em questão, e é com esses funcionários da RDC que tentamos fazer o nosso trabalho. Até agora não temos casos de ébola confirmados em áreas de difícil acesso. Penso que estamos em condições, por enquanto, de dizer que as pessoas que têm que ser monitorizadas, estão de facto a ser monitorizadas", garantiu Jasarevic.
O porta-voz da OMS referiu, no entanto, que ainda não é possível prever quando o surto de ébola na RDC será controlado. "Estamos concentrados nos trabalhos atuais. Vamos apressar todas as atividades de resposta. Vamos fazer tudo para fechar todos os possíveis canais de propagação da doença."
Surto
No fim de julho, o Governo congolês já havia declarado o fim do surto de ébola no noroeste do país, que resultou em 33 mortos num total de 54 casos. Este novo foco de epidemia foi declarado a 1 de agosto em Mangina, na província do Kivu-Norte.
Uma vacinação específica está a ser utilizada, tal como na última epidemia. O objetivo é evitar que o foco de ébola se alastre e se transforme numa epidemia que possa atingir outras províncias e até países vizinhos, como Angola.
A RDC foi palco de dez epidemias de Ébola desde 1976, mas esta é a primeira vez que o vírus ataca numa zona de conflito armado, densamente povoada e com grandes movimentos de população.
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.