Sobe para 72 número de mortos na África do Sul
14 de julho de 2021A onda de motins e saques continua na África do Sul, com níveis de vandalismo sem precedentes na história democrática do país. "O número total de pessoas presas é agora de 1.232, e o número de mortes de 72 pessoas", anunciou em comunicado o Comando Nacional Operacional e de Inteligência Conjunto.
De acordo com a polícia sul-africana, há agora 45 vítimas mortais em Gauteng, o motor da economia do país, e outros 27 óbitos contabilizados no KwaZulu-Natal, em resultado dos distúrbios violentos, saques e intimidação que fustiga partes do país.
O comunicado refere também que as forças de segurança efetuaram até ao momento 683 detenções em Gauteng, sendo que no KwaZulu-Natal, foram detidas 549 pessoas.
Tumultos na fronteira com Moçambique
Os tumultos alastram-se na noite passada às províncias do Cabo do Norte e Mpumalanga, que faz fronteira com Moçambique e Essuatíni (antiga Suazilândia), avançou o portal sul-africano News24.
Uma esquadra da polícia em Matsulu, província de Mpumalanga, onde se encontrava uma pessoa detida sob custódia, foi saqueada e posteriormente destruída, relatou o portal, acrescentando que as autoridades registaram também dois incidentes em Galeshewe, no Cabo do Norte, onde foi detida uma pessoa.
Devido às ações de violência armada, saques, intimidação e bloqueio das rotas de abastecimento a partir da estratégica província oriental do KwaZulu-Natal, litoral do país, a empresa Refinarias Sul-Africanas de Petróleo Shell e BP anunciou hoje o encerramento da refinaria na cidade portuária de Durban devido à atual situação de insegurança no país.
"Sem os referidos materiais e sem haver clareza sobre quanto tempo durará os motins e a retomada normal do abastecimento, a SAPREF não consegue manter as operações da refinaria. Consequentemente, foi obrigada a tomar a difícil decisão de encerrar a refinaria", adiantou.
Procura de combustível gera filas
Em Joanesburgo, a procura de combustível originou longas filas nas bombas de gasolina no início da noite de hoje, constatou a Lusa no subúrbio de Bryanston, no norte da capital económica do país.
Os residentes locais fizeram também fila no SPAR, uma das quatro grandes superfícies que serve esta área residencial, onde muitas prateleiras se encontravam já vazias no final do dia.
Pelo menos 200 centros comerciais foram saqueados desde quinta-feira na África do Sul, relatou a imprensa local, após a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma na noite da passada quarta-feira por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país.
Os graves incidentes estão concentrados em duas regiões: a província de KwaZulu-Natal e o coração político e económico da nação mais desenvolvida da África, a província de Gauteng, onde ficam as cidades de Johannesburgo e Pretória.
O que começou com protestos contra a prisão de Jacob Zuma transformou-se numa onda de saques e vandalismo indiscriminado de uma magnitude que o atual Presidente, Cyril Ramaphosa, comparou com a transição convulsiva que a África do Sul experimentou no início dos anos 90 após o fim do sistema segregacionista do "apartheid".