Onde fica África na política externa de Donald Trump?
Jan-Philipp Wilhelm | ac
29 de outubro de 2017
Planos do Presidente norte-americano para o continente continuam a ser uma incógnita. AFRICOM deverá ser prioridade, diz analista.
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A política externa de Donald Trump tem sido objeto de análise crítica por parte dos observadores internacionais. O Presidente norte-americano sempre usou o mote "America first" (América primeiro) e questionou a maior parte dos acordos internacionais, sobretudo nas áreas da segurança e de defesa, que custariam muito dinheiro aos contribuintes, mas não teriam trazido os resultados desejados.
Como se repercute a nova política externa Trump no continente africano?
Interesse renovado no AFRICOM
Há semanas, a imprensa internacional referiu-se a um trágico incidente no Níger: a morte de três agentes norte-americanos, membros do AFRICOM, o comando militar norte-americano que leva a cabo operações especiais contra o terrorismo no continente africano. Foi na altura que os observadores se lembraram dessa unidade, que normalmente atua de forma muito discreta.
O polítólogo da Universidade de Londres, Phil Clark, lembra que "o AFRICOM sempre foi uma entidade muito cinzenta e opaca, mas, na verdade, atua em muitíssimos países e muitas pessoas não se apercebem do facto. Para muitos países - mesmo países africanos - não está bem claro aquilo que o AFRICOM faz concretamente”.
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"No entanto”, ressalva Clark, "é certo que o AFRICOM será o instrumento prioritário para a política de segurança dos Estados Unidos no continente africano”. E isso, acrescenta o politólogo, "vai despertar o interesse dos africanos e da comunidade internacional, em geral, que quererá saber mais sobre a organização e os objetivos desse trabalho de segurança, levado a cabo pelos Estados Unidos em África”.
Mais e melhor informação
Os países africanos esperam, de facto, mais e melhor informação dos Estados Unidos sobre os interesses que perseguem no continente africano. Mas essa informação tem sido parca.
Poucos representantes oficiais dos Estados Unidos viajaram a África desde que Donald Trump tomou o poder. Uma dessas visitantes norte-americanas foi Nikki Haley, embaixadora dos Estados Unidos na ONU, que terminou na sexta-feira uma visita ao continente africano que incluiu, nomeadamente, o Sudão do Sul, a Etiópia e a República Democrática do Congo.
Os observadores esperavam que Haley divulgasse alguns detalhes sobre as linhas mestras da política da administração Trump para África. O único discurso de Trump sobre África data do mês de setembro passado. Foi na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, mas ficou em aberto o que vai mudar (ou não). Da alocução de Trump apenas sobressaiu um "fait-divers": o facto de o Presidente norte-americano ter inventado um país de nome "Nâmbia", não se sabendo bem se se estava a referir à Namíbia ou à Zâmbia.
Período de reflexão?
O professor Phil Clark não tem grandes expetativas quanto à visita da embaixadora na ONU Nikki Haley ao continente africano. Tudo parece estar subordinado ao tema dinheiro, afirma Phil Clark. Antes de cortar as verbas de apoio aos países em crise, considera o analista, a administração norte-americana quer inteirar-se da situação.
"Penso que nem Presidente Trump, nem Nikki Haley dispõem de qualquer experiência profissional em África e nunca se ocuparam desse difícil dossiê. O mesmo se aplica aos círculos políticos em que se movimentam. Estão a atravessar um período de reflexão, uma fase de procura de informações factuais”.
Na opinião de Phil Clark, outro objetivo da nova política norte-americana em África é a criação de melhores condições para negócios mais férteis de empresas norte-americanas.
Donald Trump: Populista, empreendedor, Presidente
Donald Trump é empreendedor imobiliário e estrela de televisão. Muitos não o levavam a sério. Mas ele venceu as eleições e, a partir de 20 de janeiro de 2017, será o 45º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA).
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
A família, o seu império
Trump com a sua família: a esposa, Melania (de branco), as filhas Ivanka e Tiffany, os filhos Eric e Donald Junior, e os netos Kai e Donald Junior 3º. Os filhos são "vice-presidentes seniores" do conglomerado Trump.
Foto: picture-alliance/dpa
Frederick Junior, o pai
Donald Trump herdou o dinheiro para os seus investimentos do pai, Frederick, que lhe deu um capital inicial de um milhão de dólares. Após a sua morte, em 1999, Donald e os seus três irmãos herdaram uma fortuna de 400 milhões de dólares.
Foto: imago/ZUMA Press
Capitão Trump
Quando tinha 13 anos, o seu pai enviou Trump para um internato militar em Cornwall-on-Hudson, onde deveria aprender a ser disciplinado. No último ano, ele obteve inclusive uma patente militar. Ele diz que, ali, recebeu mais treinamento militar do que nas Forças Armadas americanas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/
"Very good, very smart"
"Muito bom, muito inteligente", é o que Trump diz de si mesmo. E acrescenta que cursou a escola de elite Wharton (foto), da Universidade de Pensilvânia, na Filadélfia, onde se formou em 1968. É uma das oito universidades integrantes da Ivy League, as universidades mais prestigiadas dos EUA. Mesmo assim, sabe-se pouco sobre o percurso de Trump na faculdade.
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Dispensado da Guerra do Vietname
Devido a um problema no calcanhar, Trump foi dispensado e não lutou na Guerra do Vietname. Na guerra, morreram cerca de 58 mil soldados dos Estados Unidos e aproximadamente três a quatro milhões de vietnamitas dos dois lados, além de outros dois milhões de cambojanos e laocianos.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ivana, a primeira esposa
Em 1977, Trump casou-se com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem teve três filhos. O relacionamento foi acompanhado de rumores sobre relacionamentos extraconjugais. Foi Ivana quem apelidou Trump de "The Donald".
Foto: Getty Images/AFP/Swerzey
Anos 80: Abertura do Harrah's at Trump Plaza
Esta foto, tirada em 1984, marca a abertura do Harrah's at Trump Plaza, um complexo envolvendo hotel, restaurante e casino em Atlantic City (Nova Jérsia). Este foi um dos primeiros investimentos que tornaram Trump bilionário.
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Família número 2
Em 1990, Trump divorciou-se de Ivana e casou-se com Marla, 17 anos mais jovem que ele. A filha do casal se chama Tiffany.
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As meninas de Trump
Em público, Trump não aparece só ao lado de sua esposa. Ele costuma acompanhar concursos de beleza ao lado de jovens modelos. De 1996 a 2015, ele foi o responsável pelo concurso de Miss Universo ("Miss Universe") nos EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
Livro muito lido e vendido
Como fazer milhões de forma rápida? O best-seller de Trump "A arte da negociação" é um exemplo. O livro é em parte autobiográfico, em parte um livro de dicas para empresários ambiciosos. A publicação não foi somente uma das mais vendidas nos EUA, como também colocou Trump no centro das atenções no país.
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O nome é a marca
Trump investe de forma agressiva, mas também sofre fracassos. Numa perspectiva de longo prazo, no entanto, obtém sucesso, como por exemplo com a Trump Tower em Nova York. Ele calcula a sua fortuna hoje em 10 bilhões de dólares. Especialistas, entretanto, consideram um terço desse valor mais realista. Portanto, cerca de 3 bilhões de dólares.
Foto: Getty Images/D. Angerer
"The Donald" no ringue
Como poucos, Trump consegue chamar a atenção dos mídia. Seu campo de ação inclui até um ringue de luta livre. No seu programa de TV "O Aprendiz" ("The Apprentice"), os candidatos eram contratados ou demitidos. A primeira edição foi ao ar durante o ano de 2004 na cadeia televisiva NBC. A frase favorita de Trump no programa era "Você está demitido!"
Foto: Getty Images/B. Pugliano
Ascenção rápida de Trump na política
Em 16 de junho de 2015, Trump anunciou a candidatura para a corrida presidencial pelo Partido Republicano. O seu slogan foi: "Faça a América grande outra vez" ("Make America great again"). A campanha foi feita ao lado da família e com slogans contra imigrantes, muçulmanos, mulheres e adversários políticos. Investiu muito nos mídia sociais como o Twitter onde tem 13,8 milhões de seguidores.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Lane
45º presidente dos Estados Unidos da América
A partir do dia 20 de janeiro de 2017, o populista e showman será o novo Presidente dos Estados Unidos. No início da campanha, poucos pensavam que poderia vencer as eleições do dia 8 de novembro de 2016 contra a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton. Mas a história de Donald J. Trump também mostra que este homem tem a capacidade de se transformar como um camaleão.