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Liberdade de imprensaAngola

ONG pede a Angola que investigue agressões a jornalistas

Lusa
19 de janeiro de 2022

O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) apelou às autoridades angolanas para que garantam a segurança dos repórteres e investiguem agressões contra a comunicação social durante a recente greve de taxistas.

Greve de taxistas em Luanda, AngolaFoto: B. Ndomba/DW

"As autoridades angolanas devem garantir a segurança dos jornalistas que cobrem os protestos e investigar os recentes incidentes de agressão", disse esta quarta-feira (19.01) a organização não-governamental com sede em Nova Iorque, em comunicado.

No dia 10 de janeiro, seis jornalistas dos canais angolanos TV Zimbo e TV Palanca sofreram uma tentativa de linchamento quando reportavam incidentes ocorridos em Luanda durante uma paralisação de taxistas em Luanda. 

No seu comunicado, a CPJ conta que falou com os jornalistas por telefone e relata que o repórter da TV Zimbo Telmo Gama e o operador de câmara Justino Campos, bem como os jornalistas da TV Palanca Anselmo Nhati e Orlando Luís e os operadores de câmara António Luamba e Daniel Lutaka estavam a cobrir o protesto quando algumas pessoas se viraram contra eles, chamando-os "vendidos".

Os jornalistas foram agredidos e tiveram de fugir porque o protesto se tornou violento, relata a CPJ.

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"Raiva dos cidadãos contra o Estado"

A organização falou também com o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas de Angola, Teixeira Cândido, que contou que os jornalistas são cada vez mais alvo da raiva das pessoas porque existe uma perceção de parcialidade a favor do Governo e do partido no poder.

"Como se vê pelo ataque recente às equipas de reportagem da TV Zimbo e da TV Palanca, os jornalistas parecem estar a ser bodes expiatórios para a raiva dos cidadãos contra o Estado", disse a coordenadora do programa do CPJ para África, Angela Quintal.

De acordo com a mesma responsável, o CPJ está "cada vez mais preocupado", porque a liberdade de imprensa "está a deteriorar-se Angola à medida que o país se aproxima das eleições" gerais, previstas para este ano. "A imprensa deve poder fazer o seu trabalho livre de intimidações e do risco de ataque, para que todos os angolanos possam gozar o seu direito de uma diversidade e pluralidade de informação", disse.

A TV Zimbo e a TV Palanca foram nacionalizadas em 2020 pelo Governo angolano, recorda o CPJ.

Protesto de taxistas terminou em violênciaFoto: B. Ndomba/DW

Relatos dos jornalistas

No seu comunicado, o CPJ conta os relatos dos jornalistas que, tal como contaram à agência de notícias Lusa no próprio dia, foram agredidos e temeram pela vida quando se aperceberam de que lhes estavam a atirar combustível pelas costas, acabando por se refugiar numa esquadra de polícia.

Os jornalistas disseram também ao CPJ, como já haviam dito à Lusa, que não acreditam que os agressores fossem taxistas, mas sim "pessoas politicamente motivadas" que se aproveitaram do protesto para cometer atos violentos.

O presidente da Associação de Táxis de Luanda, Manuel Faustino, concordou com a avaliação dos jornalistas e, em declarações ao CPJ, disse que a associação "condenou veementemente" a violência.

O Governo angolano anunciou na semana passada que já foram detidos 102 suspeitos da prática de atos de arruaça e vandalismo na greve de taxistas de dia 10.

No dia da greve, um grupo de indivíduos não identificados ateou fogo a um autocarro do Ministério da Saúde e a um edifício do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, ação que resultou no ferimento de profissionais da saúde e doentes.

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