Zimbabué: ONU apela à calma após cancelamento de protestos
Lusa | kg
17 de agosto de 2019
Autoridades proibiram de última hora a realização dos protestos planeados pelo Movimento para a Mudança Democrática em Harare, e houve confrontos entre manifestantes e a polícia.
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A Organização das Nações Unidas apelou este sábado (17.08) à calma no Zimbabué, após o cancelamento de última hora dos protestos contra o Governo convocados pela oposição, que suscitou novamente em confrontos entre a polícia e manifestantes.
Uma multidão reunida para se manifestar em Harare, a capital do país, foi dispersada pela polícia depois de uma decisão do tribunal ter dado razão às forças de segurança e ter mantido a proibição dos protestos feita pelo Governo.
O Escritório dos Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades do Zimbabué e aos manifestantes que garantam que os protestos planeados para o país ocorram "com calma e sem violência", depois do cancelamento feito este sábado.
Numa nota emitida em Genebra, o escritório destaca que a medida foi anunciada no "último minuto" pelas autoridades em Harare, na sequência de uma decisão do Supremo Tribunal de manter uma anterior proibição do Governo.
As multidões que já se haviam reunido na capital zimbabueana foram dispersadas pela polícia, havendo relatos do uso da força contra os manifestantes, que terão ignorado a proibição decretada pelo tribunal dos protestos contra o Governo.
Impasse
O pedido de autorização para a manifestação convocada pelo Movimento para a Mudança Democrática (MMD), o principal partido da oposição no país, foi rejeitado pela polícia, que argumentou não ter meios para controlar a multidão e haver o risco de o protesto se tornar violento, como aconteceu com várias manifestações no princípio do ano que foram duramente reprimidas pelas forças governamentais.
O MMD recorreu aos tribunais da proibição, mas os juízes deram razão às forças de segurança, o que levou o partido a escrever no Twitter: "Pensamos, respeitosamente, que a decisão está impregnada de uma intromissão política". Segundo agências de notícias, logo após o anúncio da decisão, a polícia terá atuado com dureza e recorrendo a gás lacrimogéneo contra os manifestantes que foram para as ruas desafiar a proibição.
Para o Escritório dos Direitos Humanos das Nações Unidas, o Governo "deve encontrar formas de se envolver com a população de uma forma contínua em relação às queixas legítimas sobre a situação económica e parar de reprimir os manifestantes pacíficos".
O comunicado classifica a crise socioeconómica no Zimbábue como "uma das mais profundas preocupações" e destaca os "esforços do Governo, da comunidade internacional e da ONU" para mitigar os seus efeitos.
A nota aponta ainda para "a negligência de longo prazo e as deficiências estruturais que contribuíram para a hiperinflação, resultando no aumento dos preços de combustíveis, dos alimentos, do transporte e de serviços de saúde", um impacto considerado dramático sobre a população e, particularmente, os trabalhadores marginalizados.
Zimbabueanos lutam por uma vida melhor em Moçambique
Com o país num processo de renovação política e económica, os "zimbas" procuram em solo moçambicano, um sustento de vida, criando pequenos negócios, sem nunca saber o dia de amanhã.
Foto: DW/B. Jequete
Autocarros do Zimbabué em todos os cantos
O Zimbabué foi um dos países que, outrora, foi até considerado como o celeiro da África Austral. Era difícil ver na província de Manica um zimbabueano ou uma viatura do Zimbabué, na altura em que o país estava estável. Mas, nos últimos anos, é frequente ver machimbombos, autocarros e carros a fazerem o trajeto Zimbabué-Moçambique e vice-versa.
Foto: DW/B. Jequete
Negócio para todas as idades
Devido à crise económica que se instalou na República do Zimbabué, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos são "obrigados" a deambular pelas ruas da província moçambicana de Manica, em particular, e em todo o país a venderem algo, para ganhar algum dinheiro. Os zimbabueanos vendem todo tipo de produtos.
Foto: DW/B. Jequete
Fardos de roupa asseguram a vida dos zambabueanos
No dia a dia, os zimbabueanos estão na capital provincial de Manica, Chimoio, à procura de negócios, como os fardos de roupa ou de sapatos. Os fardos são embalados dentro de um saco, uma estratégia encontrada para não ser distinguido com facilidade na fronteira, visto que se trata de contrabando.
Foto: DW/B. Jequete
Crise gera empregos para alguns
Apesar da crise, os zimbaueanos constituem uma fonte de renda para alguns moçambicanos, que sobrevivem com o pouco que são oferecidos. Os moçambicanos servem de guias aos zimbabueanos, mostrando-lhes as lojas e bons fardos de roupa ou sapatos, e estabelecem contactos com os comerciantes. Outra atividade que os moçambicanos (guias) prestam aos zimbabueanos, é o câmbio de valores em meticais.
Foto: DW/B. Jequete
Taxistas também faturam
As lojas que vendem fardos de roupa usada em Chimoio, são concorridas pelos zimbabueanos, pois taxistas e os condutores de carrinhas acabam por abandonar a praça e acantonam-se nas imediações das lojas, visando fazer o carregamento ou transportar os chamados “zimbas” de um lado para o outro. Pode-se dizer, que o mercado moçambicano tem estado a ser invadido pelos zimbabueanos.
Foto: DW/B. Jequete
Compra de arroz é imperativo
O sofrimento em que os zimbabueanos têm estado a passar é doloroso, pois antes de adquirir o negócio, eles pelo menos têm de comprar um saco de 10 ou 25 quilos de arroz, e 5 litros de óleo, dois dos produtos mais caros no seu país. Posto isso, é muito difícil almoçar e jantar. Os “zimbas” só jantam se economizarem os alimentos.
Foto: DW/B. Jequete
Cargas e descargas garantidas
Há muitos contentores de fardos de roupa usada, que se descarregam diariamente, devido à muita procura. O negócio de venda de fardos de roupa usada, tem estado a ser rentável, pois antes dos problemas económicos no país vizinho, a venda deste produto era difícil, mas, atualmente, os somalis, ugandeses e outras nacionalidades, ocupam-se da venda destes fardos de roupa usada.
Foto: DW/B. Jequete
Moçambique - o refúgio
Alguns zimbabueanos, principalmente as senhoras, deslocam-se a Moçambique para comercializarem os seus produtos como djamo, doi, paloni, chips, pão de forma e outros produtos alimentares. As ruas da cidade de Chimoio estão inundadas de zimbabueanos. Este povo tem grande liberdade de circulação em todo o território moçambicano.
Foto: DW/B. Jequete
Consumidor final
A roupa usada adquirida em fardos na província de Manica, é vendida desta forma: A roupa é estendida no chão. Assim, os clientes apreciam e procuram com calma, artigo por artigo, roupas para os seus filhos, marido ou esposa. A roupa que era menosprezada pelos zimbabueanos nos tempos passados, é hoje, algo muito procurada por quase todos.
Foto: DW/B. Jequete
A esperança dos "Zimbas"
Aquando da destituição do Presidente Robert Mugabe, os zimbabueanos queriam dar um novo rumo ao país, quer a nível político, quer a nível económico. Convicto disso, o povo foi às urnas e elegeu Emmerson Mnangagwa, como novo Presidente do Zimbabué.
Foto: DW/B. Jequete
Abandono do mercado local
Alguns empresários e agricultores zimbabueanos abandonaram o mercado local e instalaram-se na província de Manica. Uma das empresas que se dedica à produção de sementes no distrito de Barué, é um empresário zimbabueano. O produto daquela empresa, é apreciado pelos camponeses moçambicanos.
Foto: DW/B. Jequete
Só com passaporte
Na fronteira de Machipanda, entre Moçambique e Zimbabué, existem postos de controlo, pois sem passaportes, as pessoas não podem viajar. Entretanto, alguns que não possuem este documento, optam por violar a fronteira. Quando isso acontece, os indivíduos apanhados a cometer esta ilegalidade são detidos. Mais tarde, são libertos mediante o pagamento de uma multa.
Foto: DW/B. Jequete
Qual o rumo do Zimbabué?
Os zimbabueanos estão a atravessar dificuldades extremas. Nesta foto, temos o exemplo disso. Nos autocarros que os transportam até Moçambique, trazem refrigerantes para vender e ganhar dinheiro para depois, fazerem as compras necessárias. O que sobra, vai para o custo do regresso.