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ONU apela a Rússia a retomar acordo de exportação de cereais

DW (Deutsche Welle) | com agências
25 de julho de 2023

António Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou que irá tentar "facilitar o acesso sem entraves aos mercados mundiais de produtos da Rússia". No entanto a Rússia já respondeu que ainda é "impossível retomar o acordo".

Foto: Sputnik/UN/dpa/picture alliance

O evento acontece uma altura em que se procuram alternativas ao acordo de exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro depois da saída da Rússia.

Falando na abertura do reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a Rússia a regressar ao acordo sobre a exportação de cereais.

Os mais fracos são as maiores vítimas

"Com o fim deste acordo, os mais vulneráveis pagarão o preço mais elevado, uma vez que quando os preços dos alimentos sobem, todos pagam por isso", disse. 

António Guterres salientou ainda que as maiores vítimas deste processo são "os países vulneráveis que lutam para alimentar a sua população".

Os líderes africanos manifestaram-se contra a saída russa do acordo sobre a exportação de cereais pelo Mar Negro.Foto: Feisal Omar/REUTERS

Dados da ONU indicam que no geral os preços dos alimentos baixaram 23%, em comparação com os preços máximos registados no ano passado.

António Guterres exorta a comunidade internacional para que se una em busca de soluções efetivas, para garantir a estabilidade dos preços de alimentos.

No entanto, o chefe máximo da ONU reconhece que não se pode ignorar o papel na Ucrânia e da Rússia nesta empreitada.

"Ambos são essenciais para a segurança alimentar mundial", afirmou. Guterres explicou ainda que os dois países são "responsáveis por cerca de 30% das exportações mundiais de trigo, um quinto de todo o milho e mais de metade de todo o óleo de girassol".

Putin voltará atrás mediante exigências

Há uma semana, o Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que a Rússia está preparada para regressar ao acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, que suspendeu a 17 de julho.

Mas, segundo Putin, isso só acontecerá caso as suas exigências sejam concretizadas "na totalidade", com destaque para o fim das sanções ocidentais, sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueamento da logística de transportes e dos seguros e o descongelamento de ativos.

ONU reconhece que não se pode ignorar o papel na Ucrânia e da Rússia nesta empreitada.Foto: OZAN KOSE/AFP

Estas exigências não colhem consensos entre os líderes ocidentais. No entanto, o secretário-geral da ONU garante que, do seu lado, não haverá entraves.

"Da minha parte, continuo empenhado em facilitar o acesso sem entraves aos mercados mundiais de produtos alimentares e fertilizantes, tanto da Ucrânia como da Rússia", disse, realçando que o mais importante deste impasse é "garantir a segurança alimentar a quem mais necessita".

A Rússia respondeu, nesta terça-feira (25.07), à ONU que neste momento é "impossível" retomar o acordo de grãos, que permitiu a exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro, porque os compromissos não estão sendo cumpridos com a parte russa. 

"Lamentavelmente, no momento é impossível retomar esse acordo, porque ele não foi cumprido", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva diária por telefone. 

Ele acrescentou que, de fato, o secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a apresentar ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, "uma espécie de plano de ação e a promessa de que  um dia será cumprida a parte russa" do acordo. 

"O presidente Putin disse claramente que a Rússia está disposta a retomar imediatamente o acordo assim que (o lado russo) for cumprido", enfatizou Peskov. 
 

Os líderes africanos manifestaram-se contra a saída russa do acordo sobre a exportação de cereais pelo Mar Negro. Mas a Rússia garante que está disposta a fornecer gratuitamente os seus cereais ao continente, cujo moldes serão discutidos na cimeira Rússia – África, a decorrer entre quinta-feira (27.07) e sexta-feira (28.07), em São Petersburgo.

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