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ONU celebra aniversário debaixo de críticas

Claudia Witte | nn
24 de outubro de 2016

Michael Møller, diretor-geral do Gabinete das Nações Unidas em Genebra, tem a missão de melhorar a imagem da organização. Não é uma tarefa fácil.

Foto: Emmanuel Dunand/AFP/Getty Images

A 24 de outubro de 1945 foi assinada em São Francisco, nos Estados Unidos da América, a Carta das Nações Unidas, o acordo que deu origem à ONU após o fim da Segunda Guerra Mundial.

71 anos depois, a organização enfrenta uma série de problemas. A guerra na Síria, a crise na Ucrânia, o alastramento de movimentos religiosos extremistas e o escândalo relacionado com agressões sexuais cometidas por capacetes azuis mancharam a imagem da ONU, acusada frequentemente de impotência perante os conflitos.

Møller: "As pessoas olham para o Conselho de Segurança e vêem que as guerras não terminam"Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Di Nolfi

Michael Møller, diretor-geral do Gabinete das Nações Unidas em Genebra, na Suíça, tem poucas ilusões sobre a reputação atual da organização.

"A imagem da ONU é maioritariamente negativa em todo o mundo, principalmente porque as pessoas olham para o Conselho de Segurança e vêem que as guerras não terminam. E olham para as epidemias que não conseguimos combater com a rapidez necessária", afirma.

Møller tem um trabalho ingrato: encabeçar uma campanha para destacar o trabalho da ONU, conquistar as populações e mudar a perceção global da organização. O dinamarquês acredita, porém, que muitas pessoas ainda têm esperança nas Nações Unidas.

Embora qualquer tentativa de reformar o Conselho de Segurança em Nova Iorque enfrente a resistência dos cinco membros permanentes, Michael Møller frisa que não se pode negar que as Nações Unidas têm feito um trabalho indispensável na manutenção da ordem mundial. "O que fazemos tem um impacto diário em todo o planeta. Nós cortámos a mortalidade infantil para metade, cortámos a pobreza global para metade", diz.

Ban Ki-moon: Presidente sírio responsável por 300 mil mortes

01:19

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"Esta organização foi criada para fornecer uma mesa neutral, à volta da qual pessoas que estão em desacordo, se odeiam ou se amam, se podem sentar e discutir."

Interesses de apenas alguns

Mas esta mesa é cada vez menos utilizada, e as críticas partem de dentro da própria organização. Hans von Sponeck trabalhou durante 32 anos para as Nações Unidas e foi subsecretário-geral do Programa "Petróleo Por Alimentos", no Iraque. Em 2000, renunciou ao cargo em protesto contra as sanções económicas aplicadas ao país. Hans von Sponeck explica que não queria ser cúmplice do sofrimento infligido à população iraquiana.

"Ao longo dos anos, tornou-se cada vez mais claro que os representantes no Conselho de Segurança não são capazes de despir o seu casaco nacional."

As críticas de Von Sponeck recaem também sobre o secretário-geral: "Ban Ki-Moon tem sido uma bola de pingue-pongue. Ele é empurrado para trás e para a frente ao sabor das ondas da política. Mas isto acontece com todos. Um secretário-geral deve seguir uma direção em linha com o seu ponto de vista."

O caso da epidemia de cólera no Haiti, a má gestão no combate ao ébola e os abusos sexuais na República Centro-Africana ensombram também os dois mandatos de Ban Ki-moon.

Agora, aguarda-se nas Nações Unidas um novo homem e uma nova visão. Hans von Sponeck salienta que António Guterres, o novo secretário-geral da ONU a partir de 2017, tem boa reputação no seio da organização, sobretudo devido ao seu desempenho como Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

24.10.16 - 71anos da ONU - MP3-Mono

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